Sob ataque tanto no Brasil quanto no resto do planeta, a arbitragem adquire peso cada vez mais decisivo no futebol. Ao invés de cumprir seu papel mediador, influi mesmo, interfere nos resultados e muda o destino das competições. Há poucos dias, escrevi sobre as arbitragens no Brasil e no mundo, chegando a admitir que a Europa mantém ligeira vantagem nesse departamento, com exceção da Espanha, onde a atuação dos juízes tem nível calamitoso.
Pois ontem, em Paris, a arbitragem internacional como instituição sofreu duro revés no quesito confiabilidade. Uma partida decisiva, valendo pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2010, acabou decidida numa falha terrível do árbitro sueco Martins Hansson.
Aos 13 minutos da prorrogação, em cobrança de falta na área irlandesa, o atacante Thierry Henry, que estava impedido, conduziu a bola com a mão antes de tocar para Gallas, que empurrou de cabeça para as redes. De nada adiantou o protesto dos irlandeses. Martin Hansson validou o lance. Três minutos antes, havia ignorado um pênalti cometido pelo goleiro Given no atacante francês Anelka.
Aos 38 anos, Hansson é um mediador acostumado à pressão dos embates internacionais. Em ascensão no quadro da Fifa, apitou (bem) a final da última Copa das Confederações, entre Brasil e Estados Unidos. O incidente de ontem pode ter sido um pecado isolado, apenas um dia infeliz na vida de um bom árbitro. Acontece que a importância do jogo não permitia falha tão primária. Caso não tenha visto o toque de mão, o sueco deveria ter sido alertado pelos auxiliares, mas estes também não registraram qualquer infração na jogada. O fato vem reforçar a posição dos que defendem o uso de câmeras como recurso à disposição dos árbitros para esclarecer dúvidas. Talvez a repercussão mundial do erro de Hansson encoraje a Fifa a finalmente sair de sua habitual resistência a mudanças no futebol.
A moda está pegando. Como na rodada anterior, quando dois jogadores (André Dias e Hugo) do S. Paulo trocaram tapas no jogo contra o Vitória, os palmeirenses Obina e Maurício repetiram as cenas de pugilato no fim do primeiro tempo da partida com o Grêmio. A diferença é que, desta vez, o árbitro Héber Roberto Lopes cumpriu a regra e expulsou os dois brigões.
A explosão emocional revela o estado de ânimo do Palmeiras, que há até duas semanas era favorito destacado ao título e aos poucos vai se afastando da briga direta pelo troféu. Os socos de Obina e Maurício refletem também a instabilidade administrativa, pois o próprio presidente do clube, Luiz Gonzaga Belluzzo, foi suspenso após insultar o árbitro Carlos Eugênio Simon, que prejudicou o time contra o Fluminense. Como se sabe, exemplo é fundamental.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 19)
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