Por Marcelo Gomes
O São Raimundo foi campeão da série D e todos nós paraenses devemos nos orgulhar,espero sinceramente que o título dê forças para o futebol Santareno e que futebol paraense ganhe uma nova força para rivalizar com remo e paisandu,apesar disso acho que ainda é muito cedo para fazer alguma avaliação à respeito do futuro do São Raimundo,ano que vem a temporada será completa para o time mocorongo, mas só o futuro vai dizer se os santarenos vão conseguir manter o ritmo e realmente transformar o São Raimundo na terceira força do futebol paraense. O interessante é que o SR disputou a série D com praticamente a mesma base do paraense e algumas contratações locais, abrindo a discussão se o paraense é realmente parâmetro para o brasileiro. Na minha opinião, o que serviu para o SR não quer dizer que daria certo em Remo e Paissandu.
Esse ano o paisandu foi campeão paraense e não foi bem na Série C (Campeonato com nivel técnico um pouco melhor do que a série D)exatamente por ter mantido o mesmo time do paraense e, no momento em que deveria, não investiu em pelo menos três contratações acima da média. As mazelas de Remo e Paissandu estão exatamente no fato de não terem investido em contratações de qualidade, em reforços de verdade.
Lembro que na década de 90 o Remo contratou o Alberto, Romeu e outros do interior de S. Paulo. Na ocasião esses atletas estavam no auge. Hoje é quase impossivel um time do Pará contratar um jogador que tenha se destacado na primeira divisão paulista. Esses atletas antes de negociar com os clubes daqui, esperam propostas primeiro de times grandes paulistas,depois de outros clubes do Sul e Sudeste e depois de clubes bem estruturados do Nordeste. Por outro lado, acho que o jogador local deve mostrar sua qualidade. É verdade que o torcedor não costuma ter paciência com o atleta local, mas percebo que quando o jogador local vai bem no time, quando esse jogador é regular, o seu talento é reconhecido pela torcida.
Li uma matéria na Folha de São Paulo sobre o Paulo Henrique Ganso. O apelido Ganso é porque logo que ele chegou no Santos um roupeiro disse que ele era mais um ganso que chegava. Ganso é o apelido dado aquele garoto perna-de-pau que chega para tentar uma chance no time. O Paulo Henrique com o passar do tempo mostrou futebol e para brincar com o roupeiro, manteve o apelido Ganso no nome, mas a matéria conta uma coisa curiosa: ele teve algumas chances no profissional, mas não foi bem. Quando o Serginho Chulapa assumiu interinamente o Santos ele levou o Paulo Henrique no banco de reservas em um jogo do Paulista. Em determinado momento, virou para o Ganso e disse: “Garoto, tu vai entrar, te liga, o que tu quer da vida? Essa é tua chance”. O garoto entrou fez um gol e a partir daÍ se firmou no time.
É verdade que a realidade do Santos é diferente da do Remo, mas penso que essa frase deveria ser dita para alguns garotos da base. É preciso se espertar, aproveitar a chance, senão o torcedor que já não tem paciência perde a confiança no atleta. Aqui em Belém se discute muito que se deve valorizar o atleta local. Na minha opinião a discussão não deve ser se o jogador é regional ou não; mas se o atleta tem condições técnicas para ser titular e estar no grupo. Penso que aqui no Pará é o único lugar onde se discute a questão do jogador regional. Daqui a pouco vão exigir cotas para o jogador local.
Outra discussão é sobre o fato de nossos times estarem endividados e portanto não deveriam investir em contratações caras. Não quero comparar, mas o Flamengo é um dos times mais endividados do Brasil e mesmo assim ele não poupou esforços para contratar o Adriano. O resultado está se vendo em campo. Já imaginou se os dirigentes do Flamengo resolvessem formar um time modesto, com intenção de equilibrar as contas, um time sem chances de conquistar títulos?
Um exemplo de que existe um hora em que é preciso ousadia dos dirigentes de um clube de massa é o que acontece atualmente com o time do Ceará. O Ceará tambem é um time endividado, mas contratou o atacante Mota, recém-chegado do exterior. O salário desse jogador é de 70 mil reais, mas é um investimento que tem trazido resultado, pois o time está em terceiro na Série B e tem todas as chances de subir para a primeira divisão. O que eu penso é que é preciso sim valorizar o atleta regional de qualidade, o atleta de base, mas não se pode abrir mão de contratar jogadores de qualidade em outos Estados.