Quem estava no jantar (do Poder360) no qual D. Cármen arremeteu contra Lula

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Quando você quer saber como foi uma festa, comece olhando a lista de convidados. A principal notícia de hoje é afirmação da presidenta do STF, Cármen Lúcia, de que o órgão se apequenaria se debatesse agora a regra da prisão após segunda instância. Porque isso beneficiaria Lula. A ministra falou isso num regabofe organizado pelo site Poder 360, que não tem uma publicidade sequer (pausa pra gargalhadas, como diria o Paulo Nogueira). Mas taí a lista de convidados do jantar. E termino assim, sem fazer comentários. Deixo-os pra vocês leitores.

Estiveram presentes, além da presidente do STF, Cármen Lúcia, e da assessora Mariangela Hamu, os executivos André Araújo (presidente da Shell no Brasil), Flávio Ofugi Rodrigues (chefe de Relações Governamentais da Shell), Tiago de Moraes Vicente (Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios da Shell), André Clark (presidente da Siemens no Brasil), Camilla Tápias (vice-presidente de Assuntos Corporativos da Telefônica Vivo), Wagner Lotito (vice-presidente de Comunicação e Relações Institucionais da Siemens na América Latina), Victor Bicca (diretor de Relações Governamentais da Coca-Cola Brasil), Camila Amaral (diretora jurídica da Coca-Cola Femsa), Júlia Ivantes e Delcio Sandi (Relações Institucionais da Souza Cruz) e Marcello D’Angelo (representante da Q&A Associados).

Além dos jornalistas do Poder360, participaram Cláudia Safatle (Valor Econômico), Denise Rothenburg (Correio Braziliense), Leandro Colon (Folha de S.Paulo) e Valdo Cruz (GloboNews). (Por Renato Rovai)

Candidato a ídolo, Walter recebe o carinho da torcida bicolor

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Walter, o mais novo contratado do Papão, sentiu desde o desembarque em Belém o calor e o carinho da torcida alviceleste. Ainda no saguão do aeroporto de Belém, no final da manhã de segunda-feira, travou o primeiro contato com a Fiel, sendo recepcionado por um pequeno grupo de torcedores. Após a chegada, ele seguiu para a Curuzu, onde conversou rapidamente com o técnico Marquinhos Santos, que lhe desejou boas-vindas.

Em seguida, foi para o auditório Satoshi Sató, no hotel Antônio Couceiro, onde participou de um ensaio fotográfico organizado pela Comunicação do clube. Depois do registro, Walter foi apresentado oficialmente à imprensa.

Com otimismo, Walter avalia que o Paissandu é uma grande oportunidade de retomada da carreira. “Eu vi o jogo da estreia do PSC. Eu fiquei louco, e disse que era de um time desses que eu precisava para poder dar a volta por cima, vendo aquela torcida toda vibrando dentro do estádio. E é por isso que estou aqui, para dar a volta por cima e ser campeão, conquistando os títulos e subindo para a Série A”, disse.

Sem jogar desde o fim do ano passado, quando defendeu o Atlético-GO (rebaixado para a Série B), o atleta promete se dedicar aos treinos para estrear o quanto antes. “Estava treinando por contra própria, mas ainda não estou preparado fisicamente para jogar. Acho que em duas semanas estou pronto, e quero ajudar muito o Paissandu dentro de campo o mais rápido possível. O projeto é muito bom”, ressaltou Walter.

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À tarde, Walter esteve na central de atendimento do programa Sócio Bicolor e na loja Lobo, localizadas na sede social em Nazaré, participando de uma tarde de autógrafos. O atacante recebeu o carinho de dezenas de torcedores, que posaram para fotos e passaram mensagens de incentivo ao mais novo reforço bicolor. (Com informações da Ascom-PSC; fotos: Jorge Luiz)

Surpresa nos vestiários emociona e motiva atletas azulinos antes do clássico

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Um clássico pode ser vencido nos mínimos detalhes. A frase pode parecer clichê, mas uma ação realizada pelo Clube do Remo para atletas e comissão técnica azulina no Re-Pa do último domingo (28/01) mostrou que a máxima é verdadeira. O Departamento de Marketing, juntamente com o Departamento de Futebol azulino, fez uma homenagem aos atletas, afixando fotos das famílias de cada atleta e membros da comissão técnica no vestiário.

Ao entrar no vestiário, jogadores e integrantes da comissão técnica se emocionaram com as fotos de seus entes queridos. A iniciativa teve forte impacto sobre os atletas e muitos fizeram questão de registrar em seus perfis nas redes sociais. O técnico Ney da Mata, que não escondia a emoção pelo gesto, agradeceu o trabalho realizado pelo clube. “A gente não poderia deixar de parabenizar, depois dessa grande vitória, a surpresa muito grata que o pessoal do Marketing e Comunicação do Remo montaram para a gente, que foram as fotos dos nossos familiares, algo que realmente mexeu muito com a gente, fez lembrar de muita coisa que já passamos. Só temos que agradecer mais essa motivação que proporcionaram para a gente”, disse.

O volante Geandro postou fotos nas redes sociais. “Sabendo que era um clássico que já mexe com todo mundo, nada mais importante que você chegar no vestiário e ver foto dos seus familiares, filhos e esposas, que nos momentos mais difíceis estão juntos com a gente. Isso mexe com nosso emocional. A gente já luta no dia a dia por eles e por essa torcida maravilhosa que o Remo tem, mas quem sabe das nossas angústias diárias e vê nossas alegrias e tristezas é a família. Por isso, a iniciativa foi muito boa e só temos a agradecer”, escreveu. (Com informações do site oficial do Remo)

Xadrez de como o TRF4 desmoralizou a Justiça brasileira

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POR LUIS NASSIF

João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Luiz dos Santos Laus, os três desembargadores do TRF4 que julgaram Lula, provavelmente entrarão para a história do direito penal brasileiro.

A sentença proferida, as ginásticas processuais, expuseram de forma definitiva o poder de manipulação de juízes descomprometido com a seriedade da profissão. E, assim como receberam uma batata quente das mãos do colega Sérgio Moro, entregarão aos tribunais superiores – que irão analisar sua sentença – um frankestein legal, capaz de consumar a desmoralização final dos operadores de direito brasileiros perante a comunidade jurídica internacional.

Partiu do ex-juiz federal, e atual governador do Maranhão Flávio Dino, as análises mais objetivas sobre a pantomima de Porto Alegre. Diz ele que milhares de páginas de direito penal foram rasgadas.

Peça 1 – Os crimes indeterminados

a falta de provas, o juiz Sérgio Moro havia criado, para criminalizar Lula, a figura do ato de ofício indeterminado – isto é, algum ato que Lula tomou, não se sabe como, onde, mas que existiu, existiu, e não se fala mais nisso. Seus colegas do TRF4 ampliaram a criatividade e criaram a figura do “crime de corrupção complexo”, do qual ninguém sabe a data, o local, as circunstâncias, mas que existiu, existiu.

Peça 2 – A lavagem de dinheiro

A Lava Jato conseguiu uma criatividade inédita na caracterização do crime de lavagem de dinheiro, diz Flávio Dino: a OAS lava dinheiro dela mesma. Ou seja, para disfarçar a propriedade do tríplex, mantêm-no em seu próprio nome. Moro criou; o TRF bancou.

Peça 3 – O crime de solicitar

Como não se conseguiu provar que houve qualquer espécie de recebimento, mudou-se o núcleo do crime de “receber” para “solicitar”. Para “receber” teria que haver provas da transferência do bem. Para “solicitar”, bastou a palavra do delator Léo Pinheiro, cuja pena foi reduzida de 16 anos para 3 anos por conta da contribuição ao processo.

Peça 4 – A tal teoria do fato

De seus tempos de juiz, Flávio Dino se recorda de várias acusações contra magistrados, indicando que assessores negociavam sentenças em salas ao lado da sala do titular. Todos foram absolvidos sob o argumento de que não podiam adivinhar o que ocorria na sala ao lado com auxiliares corruptos. No entanto considerou-se que um presidente da República, de um país das dimensões do Brasil, tinha que saber o que ocorria com os contratos de uma das estatais.

Peça 5 – A competência da Lava Jato

Não havia suporte para a competência da Vara de Curitiba e do TRF4. Afinal, o apartamento em questão está em Guarujá e não havia correlação nítida com nenhum ato ligado à Petrobras. Para garantir o controle de Sérgio Moro, os procuradores ligaram o tríplex a três contratos da OAS com a Petrobras. Na sentença, Sérgio Moro diz explicitamente que não havia relação com os três contratos. Seus colegas do TRF4 colocam a Petrobras de volta no contrato, mostrando inconsistência generalizada das acusações.

Peça 6 – As sentenças ampliadas

Aqui se entra na parte mais bizarra da sentença, mostrando como um erro inicial, para ser mantido exige mais erros nas instâncias superiores. Confira a malha em que se enredaram os quatro juízes – Sérgio Moro e os três desembargadores, mais os procuradores da Lava Jato.

Passo 1 –  enquadraram Lula no crime de corrupção passiva.

Depois, se deram conta do engano. Corrupção passiva só se aplica a funcionário público, ou a quem estiver exercendo cargo público. Todas as acusações – tríplex, reforma no sítio de Atibaia etc – foram em cima de fatos ocorridos depois que Lula deixou a presidência.

Para corrigir o cochilo, os procuradores puxaram as denúncias para antes de 2010. E Sérgio Moro convalidou.

Passo 2 – as prescrições

Ocorre que o artigo 109 do Código Penal diz o seguinte, a respeito de prescrições de penas:

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

I – em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;

II – em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;

III – em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;

IV – em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;

V – em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;

Significa o seguinte: se a pena máxima é superior a oito anos e não excede a doze (como era a pena aplicada por Moro no item corrupção passiva há prescrição se o prazo entre o malfeito e a sentença final superar 16 anos.

Mas há uma cláusula que não foi considerada pela brilhantíssima equipe da Lava Jato. Para réus com mais de 70 anos, o prazo de prescrição cai pela metade, ou oito anos. Como a Lava Jato imputou a Lula fatos ocorridos em 2009, com mais oito anos dá 2017. E a pena estaria prescrita.

Foi por isso que os três desembargadores fecharam questão em torno da pena de 12 anos e um mês, comprovando definitivamente a marmelada. Com a variedade de itens a serem consideradas na dosimetria (o cálculo da pena) a probabilidade dos três fecharem questão em torno do mesmo valor seria mínima.

Passo 3 – das penas máximas

O crime de corrupção passiva é de 2 a 12 anos. Como réu primário e de bons antecedentes, não se poderia dar acima da pena mínima. O Código Penal tem requisitos e STF (Superior Tribunal de Justiça) e o STF (Supremo Tribunal Federal) já disseram várias vezes que, para se afastar o réu primário da pena mínima, tem que apresentar fatos específicos. No entanto, os três desembargadores se afastaram da mínima, quase chegando à máxima de 12 anos, para impedir a prescrição, sem apresentar nenhum fato específico.

Peça 7 – Os tribunais superiores

Para Flávio Dino, na força bruta empregada pelos três desembargadores reside a fraqueza maior da decisão. Diz Dino que na comunidade dos intérpretes das leis e constituições reina maioria avassaladora que considera que o julgamento foi “atípico”. A única exceção são aqueles que acham que foi “atípico” porque os colegas precisavam preservar Sérgio Moro. A intenção, para estes, não seria condenar Lula, mas absolver Moro das excentricidades de sua sentença. Dino considera que trata-se de leitura equivocada: o alvo era Lula, mesmo.

Segundo Dino, o julgamento significou um retrocesso de 300 anos no direito, porque assumindo feição inquisitorial, remetendo aos tempos da Inquisição, nos quais definia-se primeiro a culpa, para depois encontrar o crime.

Independentemente da linha política em jogo, Dino considera que os tribunais superiores terão que dizer se garantem ou não dois direitos fundamentais:

1.     Permitir a prisão de Lula enquanto tramitam recursos contra a decisão do TRF4. É preciso sublinhar diariamente, diz Dino: prisão antecipada tem que ser justificada com razões concretas.

2.     Buscar a aplicação da Lei da Ficha Limpa. Ela não definiu de modo absoluto que qualquer julgamento colegiado induz à inelegibilidade. Quando o direito de concorrer for plausível, com demonstrações de parcialidade das instâncias inferiores, os tribunais superiores deverão conceder liminar, por haver dano irreparável se a pessoa não concorrer.

Sejam quais forem as consequências, Gebran, Paulsen e Laus entram para a história política e do direito brasileiro, como três magistrados que sacrificaram os princípios do direito, o respeito às leis e à sua profissão, em favor de objetivos menores.

A informação do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, de que não será possível abrir o sistema Drousy, da Odebrecht, é o ponto final na pantomima da Lava Jato.

Bola na Torre – domingo, 28.01

https://www.youtube.com/watch?v=wlk0VWZoDE8

O apequenamento da Corte

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Tem destaque, em toda a imprensa, a declaração da ministra Cármen Lúcia – publicada originalmente no site Poder360 – de que não pautará a discussão sobre a prisão de acusados condenados em 2ª instância que ainda tenham recursos pendentes em tribunais superiores, pelo fato de que a discussão – recorrente dentro do STF, desde que se inverteu a jurisprudência histórica de recusá-la – agora envolver o ex-presidente Lula.

“Seria apequenar muito o Supremo”, disse, para acrescentar que  não conversou “sobre isso com ninguém”.

Engana-se a ministra. O que apequena um tribunal onde todos os juízes estão no mesmo patamar é que sua presidenta indique decisões sobre a pauta sem “conversar sobre isso com ninguém” durante um convescote jornalístico-empresarial – estavam no jantar a direção da Shell, da Coca Cola, da Siemens, da Vivo, da Souza Cruz (British American Tobacco).

Ainda mais quando – e  ela sabe perfeitamente disso – a questão já vem sendo objeto de polêmica interna há tempos, muito antes da ratificação da sentença de Sérgio Moro no TRF-4. Precisamente, desde 2015, muito antes que se falasse em julgar Lula.

Vários ministros já se manifestaram em contrário, seja por votos, seja por decisões. No primeiro caso, Rosa Weber e Marco Aurélio Mello. No segundo, Gilmar Mendes, Ricardo Levandowski, Celso de Mello e Dias Tóffoli. A menos que se conte como voto no Supremo a opinião de Sérgio Moro, seriam seis os ministros com objeções a isso; maioria, portanto.

Não se concebe, senão na paradoxal figura de Gilmar Mendes, magistrado tão pequeno e vaidoso capaz de discutir no restaurante Piantella uma questão de tamanha repercussão, não só nas liberdades individuais, mas na cena política do país. Talvez, para não ser injusto, Luiz Fux, do qual, como de Gilmar, ao menos se pode dizer que a vaidade, embora ocêanica, tenha mais dificuldade em afogar o saber jurídico.

Se a ministra o desejava, conseguiu. Em dois dias, começa o ano judiciário com um mal-estar – que, aposto, não será silencioso – instalado na Corte. Aliás, dois, porque a sessão inaugural do STF se dará com um magote de juízes e promotores à porta, defendendo seu auxílio-moradia, tema no qual Cármem Lúcia preferiu ser vaga, dizendo que o assunto “poderá” ser pautado, mas não o foi.

Além do mais, em matéria de apequenamento do Tribunal, a ministra chegou tarde. Já de há tempos a corte se deixou arrastar para a vala da politização e entregou-se ao jogo de fanatismos que a deixou cercada de uma matilha, que no passado atacou a casa de Teori Zavascki e, ainda sábado, “escrachou” Gilmar Mendes num voo comercial.

Retrato acabado de uma Justiça que passou a reger-se pela “cognição sumária” e pelos aspectos “morais” construídos fora dos tribunais, mas na mídia e nas redes sociais furiosas.

Esta noite, com o regabofe no Piantella, enquanto o país arde na crise político-institucional, Cármen Lúcia mostrou-se à altura de uma única coisa: ao nível do rebaixamento das instituições judiciais a simples jogadoras de um jogo político e, portanto, sujeitas ao clamor das torcidas. (Por Fernando Brito, no Tijolaço)

Galeria do rock

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Paul McCartney, com Dave Grohl e Bruce Springsteen.

Franceses criticam parcialidade do Judiciário na condenação de Lula

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Existe um denominador comum entre intelectuais franceses que analisam a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quatro especialistas em história e ciências políticas ouvidos pela RFI após a condenação do ex-presidente a 12 anos e um mês de prisão, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, apontam uma “politização” indesejável do sistema judiciário brasileiro.

A historiadora Juliette Dumont, professora do Instituto de Altos Estudos da América Latina (Iheal), em Paris, considerou a condenação do ex-presidente Lula como “uma afronta ao Estado de Direito no Brasil“. Na opinião da especialista, a falta de provas de corrupção contra o petista mostra que seus direitos não foram respeitados.

Dumont considera legítimo que o ex-presidente mantenha sua agenda política visando a presidencial de outubro. “Não existe outra liderança à esquerda a não ser o Lula. Por isso, ele tem razão de acreditar em sua candidatura“, avalia.

Há pelo menos dois anos, antes mesmo do impeachment de Dilma Rousseff, surgiu no Brasil um discurso midiático, político e jurídico que é uma condenação, sem provas, do Partido dos Trabalhadores e das políticas que foram aplicadas pela legenda. Vimos com a Dilma, que já foi inocentada depois de sua destituição das acusações que foram feitas contra ela, que existe um sistema judiciário com papel político“, conclui a professora.

Justiça disfuncional

Jean-Jacques Kourliandsky, especialista em questões ibéricas e da América Latina no Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas, um think tank francês sediado em Paris, disse não ter ficado surpreso com a sentença do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Ele aponta, no entanto, “ordem constitucional disfuncional” no tratamento do processo do ex-presidente Lula, assim como aconteceu na destituição da ex-presidente Dilma.

Apesar de os juízes terem dito que a decisão deles não foi política, temos o direito de questionar a rapidez com que o tribunal marcou o julgamento de Lula. O fato de o presidente do TRF-4 [Carlos Eduardo Thompson Flores] ter anunciado publicamente sua aprovação à sentença do juiz Sérgio Moro, em primeira instância, dizendo que ela era perfeita – o que vai contra todas as práticas do Judiciário –, nos permite questionar se a Justiça brasileira faz seu trabalho em conexão com o calendário eleitoral.”

Para Kourliandsky, não há dúvida de que o interesse do julgamento de ontem foi afastar o petista da eleição presidencial de 7 de outubro próximo. Ele acha provável que, “por coerência com as decisões em primeira e segunda instância“, o Supremo Tribunal Federal deverá confirmar a pena de prisão contra Lula, em agosto. “O PT é prisioneiro deste cenário. Se Lula é afastado da corrida presidencial, outros candidatos de esquerda menos carismáticos vão aparecer, criando uma fragmentação no eleitorado de esquerda que pode favorecer a direita, como aconteceu no Chile“, disse.

Pressão da mídia

Por outro lado, o pesquisador do Iris antevê outro cenário, mais sombrio. “A pressão da mídia brasileira, principalmente do grupo Globo e de grandes revistas semanais, sempre desqualificando o Partido dos Trabalhadores, apontando o ex-presidente como um corrupto, associando continuamente a política à corrupção, produz um fenômeno eleitoral inesperado. O PT e a esquerda ficam fora da disputa, mas nenhum candidato de direita consegue emergir com força nas pesquisas. Cria-se um enorme espaço para candidatos como o deputado Jair Bolsonaro [de extrema-direita], apoiado pelos evangélicos, ou eleitores inclinados a boicotar as urnas“, diz Kourliandsky.

Gaspard Estrada, diretor-executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe, da universidade SciencesPo, em Paris, considera que a eventual ausência de Lula nas eleições de 2018 “fará com que uma parcela expressiva da população não se sinta representada no pacto político e social que representa uma eleição presidencial“.

Para Estrada, o modo como o julgamento foi transmitido pela televisão e as palavras utilizadas pelos desembargadores em Porto Alegre não contribuem para apaziguar o processo eleitoral no Brasil.

“Atores do sistema autoritário estão presentes”

Na avaliação de Maud Chirio, professora de história contemporânea na Université Paris-Est Marne la Vallée, o Brasil atravessa um contexto de instabilidade com “uma grande bipolarização política que pode assumir formas mais violentas“. Atualmente, o campo que é hostil a Lula está extremamente mobilizado e se expressa oralmente de maneira violenta, estima a professora. Segundo Chirio, “a imprensa também manifesta um ódio político, como já se viu com o anticomunismo, que dividiu famílias, separou casais e extrapolou a política“.

O que pode acontecer é que se Lula finalmente conseguir, por razões variadas, se apresentar como uma alternativa plausível, existe o risco de haver uma reação das Forças Armadas“, acredita a historiadora. “Em um recado ao Judiciário, os militares disseram que, se certas pessoas não fossem condenadas, eles iriam intervir para evitar que se instalasse o caos no Brasil. Isso quer dizer que os atores políticos das situações autoritárias estão presentes“, adverte Chirio. (Do site Pragmatismo Político)

A grande aposta do Papão

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POR GERSON NOGUEIRA

O mais caro reforço bicolor foi anunciado, de forma inesperada, com o campeonato já em andamento – embora o técnico Marquinhos Santos insista com a tese de que a pré-temporada se estendeu até anteontem – e tem boas chances de emplacar por aqui. Walter precisa apenas ser 50% do Walter goleador para encantar a torcida e se reabilitar junto ao mercado boleiro nacional.

Aos 28 anos, o atacante ainda é um jogador com metas a cumprir. Está longe de ter o perfil de veterano sem ambições, como tantos que andaram enganando por aqui até recentemente. E a necessidade de dar a volta por cima é um senhor fator de motivação.

Walter experimentou, ao final da temporada passada, a falta de perspectivas gerada pelas desconfianças em relação à sua disposição de continuar a ser um atleta profissional de futebol.

A passagem pálida pelo Atlético Goianiense, com cinco gols marcados em pouco mais de duas dezenas de jogos (nem sempre como titular), deixou um rastro negativo para o currículo do jogador, já bastante desgastado pela temporada ruim no Goiás, em 2016, quando fez apenas três gols.

É óbvio que o Papão fechou negócio consciente de que faz uma aposta de risco neste atacante polêmico pelo físico pouco compatível com a função em campo, além de algumas derrapadas fora das linhas.

Contribuiu muito para que o negócio fosse fechado a quase total ausência de concorrentes pela aquisição do jogador – o único que formalizou proposta foi o Vila Nova-GO. Além disso, Walter foi avalizado pelo técnico Marquinhos Santos e o executivo André Mazzuco.

Um aspecto pode ser determinante para que o jogador se enquadre nas exigências necessárias para que jogue em bom nível: o rigoroso processo de condução do futebol profissional vigente no Papão. Foi com base nesse critério, que destaca comprometimento e disciplina, que jogadores como Leandro Carvalho e Ricardo Capanema não tiveram mais chances na Curuzu.

Walter passa a ser estrela de um clube órfão de ídolos. Os mais recentes foram Robgol e Vandick, que penduraram as chuteiras em há mais de 10 anos. Se fizer os gols que prometeu na primeira entrevista e levar a cabo o projeto pessoal de “fechar a boca”, o atacante ingressa na seleta galeria de jogadores cultuados pela apaixonada torcida alviceleste.

Sabe, porém, que não terá muito tempo para se estabelecer. Ainda sem o condicionamento ideal, Walter deve estrear na fase semifinal do Parazão e precisa mostrar a que veio balançando as redes.

De toda sorte, a contratação tem o mérito de valorizar o Campeonato Estadual e de chamar a atenção da mídia nacional para o que se faz aqui, além de ser um motivo a mais para que o torcedor compareça aos estádios e prestigie o investimento maior do Papão para a temporada.

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Sonhando alto, Galo Elétrico importa centroavante

Não é só o Papão que investe alto em contratações. O Independente, único invicto no campeonato, fez à sua maneira uma aquisição tão cara quanto a de Walter para os bicolores. Trouxe de volta o centroavante Betinho, que esteve na Curuzu e não deixou muitas saudades.

Para os projetos do clube de Tucuruí, Betinho pode se encaixar bem, até porque a falta de referência no ataque era um dos problemas do time treinado por Júnior Amorim.

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Trivial variado do pós-clássico pelos baluartes da coluna

A cidade está ainda em clima de ressaca do Re-Pa. No blog campeão e na coluna, os baluartes se manifestam, opinando sobre atuações e apontando detalhes do primeiro clássico da temporada.

Mateus Miranda avalia que a festa remista passou do ponto e tem lá suas explicações para isso. “A carência da sofrida torcida remista é impressionante, a vitória de ontem pareceu conquista de título. Aqui no bairro onde moro a foguetaria não para desde ontem. É uma estória que se repete quase todos os anos, com os remistas começando o ano sorrindo e terminando chorando. Explica também o fato de o Remo ter mais vitórias e o Paysandu ter mais títulos, pois o bicolor perde quando pode perder e vence as partidas decisivas”.

Antonio Oliveira centra seu olhar crítico nas declarações do técnico Marquinhos Santos. “É verdade que o Remo mereceu a vitória, e que o técnico listrado reconheceu este merecimento. Mas, quando um técnico vem com a justificativa de que faltou brio e vontade de vencer aos seus próprios comandados, é muito provável que ele não esteja querendo assumir a própria parcela de responsabilidade no insucesso. No caso do jogo, parece que foi o que aconteceu com o técnico do rival. Deveras, ontem pode ter faltado tudo aos listrados, menos brio e falta de vontade de vencer. Ao revés, a vitória além de tudo, foi valorizada pela entrega do adversário que se empenhou ao máximo para ser ele próprio o vencedor”.

Já o Maurício Carneiro é direto e certeiro: “Sem alongar, o Remo mereceu vencer até por diferença maior. Não vi o dito lance de pênalti a favor do PSC – como entrei no intervalo, acho que foi antes disso e nem na mídia consigo achar. O pênalti marcado é interpretativo e aceitável. Perema caiu muito ultimamente, mas ontem estava bem até a falha fatal. Marcão merece voltar pro banco. O plantel do Papão é bem superior ao de 2017. Re x Pa é Re x Pa e é cedo pra detonar o PSC”.

Para George Carvalho, o importante é enaltecer os nativos. “Com o apenas esforçado Perema sendo o algoz, méritos para a dupla de caboclos paraenses Levy & Elielton, que mostraram aos emplumados jogadores importados que aqui chegam, usando sapatilhas, como se joga futebol na Amazônia, em tempo de inverno”.

(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 30)