José Genoíno. José Dirceu

Por Renato Janine Ribeiro (via Facebook)

José Genoíno (impressões, só o encontrei pessoalmente duas vezes, no aeroporto).

Realizou uma espetacular conversão pessoal ao se eleger deputado. Antes disso, tinha lutado com armas na mão contra a ditadura. Mas, no Parlamento, foi talvez o deputado que mais se empenhou em construir pontes com seus oponentes, em fazer da política o que ela deve ser: lugar do conflito, sim, mas com educação e sobretudo com a construção de acordos, que permitam que o país avance em vez de patinar em mútuas rejeições.
Penso que seu visível sofrimento pessoal tem a ver com a destruição desse patrimônio que ele construiu e que o fez tornar-se amigo de adversários políticos. Deve sentir seu destino como extremamente injusto.
Suas duas prisões se contrapõem. Mesmo que considere a atual como uma prisão política, deve ser-lhe difícil aturar a campanha que prosperou contra ele. Parece padecer, muito, das ofensas contra sua honra. Provavelmente, é quem mais vive, no plano pessoal, o drama político.
O ataque maciço a seu nome e reputação simboliza a destruição desse espaço de interlocução que a democracia deve ser.
Qualquer história futura do nascimento da democracia brasileira, no período de 1985 a 2000, o colocará como um dos principais protagonistas.
PS – Pessoalmente, penso que, se teve culpa no caso, foi a de assinar um documento como presidente do partido. Isso acontece o tempo todo. Em qualquer cargo, você assina muito mais do que pode ler ou entender. Ele não merecia a pena que lhe deram, é inocente de qualquer acusação de corrupção, mas mesmo que merecesse, continua valendo tudo o que afirmei acima.
Ele é o personagem trágico dessa história.

José Dirceu (impressões, nunca nos falamos)
Dirceu é o contrário de Genoíno. Compreendeu a política como espaço de conflitos, por vezes implacáveis. Por isso mesmo, parece não sofrer tanto. Deve certamente sofrer, mas menos. Sua pele é mais curtida. Genoíno teve a pele dura, mas tornou-se cada vez mais sensível.
Comparando: nas eleições do ano passado, Genoíno foi hostilizado ao chegar à sua seção eleitoral, voltou para casa e somente mais tarde decidiu votar, a todo custo. Já Dirceu chegou à sua seção acompanhado de dezenas de militantes, que não deixaram lugar para nenhuma gracinha de desafetos.
Dirceu é, nessa história, o herói de um drama clássico: alguém que enfrenta as adversidades com seu esforço próprio, quase uma moral do trabalho. Para ele, as duas prisões que sofreu são ambas políticas, uma infligida pela ditadura, outra pelos inimigos de política. (Sim, seus desafetos são inimigos, não adversários. Genoíno sofre porque quem ele pensava que fosse adversário se revelou inimigo. Dirceu talvez sofra menos porque nunca acreditou que fossem outra coisa que não inimigos). No seu caso, não se tratará de uma conversão ou redenção, porque não se considera culpado. Agiu politicamente, como seus inimigos. Perdeu. Continuará lutando.

12 comentários em “José Genoíno. José Dirceu

  1. Situação hipotética: Um aluno de medicina prescreve um remédio antiarritmico para seu paciente. Estaria tudo certo, se não fosse por um detalhe: O fármaco está em dose letal.
    O médico preceptor, acreditando que está tudo certo, carimba e assina a receita sem nem olhar para o papel.
    Dias depois, vem á tona a seguinte notícia: O paciente morreu, intoxicado.
    Quem vocês acham que é o culpado? Quando se é designado a um cargo, seja ele qual for, você simplesmente tem que ler e entender TUDO que te passam. Do contrário, você nem deveria estar em tal posição.

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  2. Impressão que eu tenho dos dois:

    Dois caras que, porque lutaram contra a ditadura, mudaram de ideologia (assim como o seu partido) depois que chegaram ao poder, pensam que o seu passado o exime de qualquer crime ou culpabilidade e são dois fanfarrões que se consideram “presos politicos”.
    Como é que se é “preso politico” em seu próprio governo?

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  3. Na cadeia só tem inocente. Dirceu e Genoíno foram para o lugar certo.
    Eles são vítimas do sistema. Na cadeia só tem vítimas. Estão no lugar certo.

    Tanto Lula quanto Dilma sabiam muito bem que os juízes que eles estavam indicando para o STF poderiam sim condenar políticos petistas no caso do mensalão. Mesmo assim os dois fizeram as indicações.

    Muitos outros presidentes não tiveram a coragem de fazer isso que Lula e Dilma fizeram.
    Além disso, mensalão sempre existiu, muito antes do pt conseguir a presidência presidentes pagavam por apoio de deputados e senadores em votações no congresso.

    Mas antes esses crimes não eram divulgados, ficava tudo por debaixo do pano, o Brasil é tão corrupto hoje quanto sempre foi, desde antes do PT, a diferença é que hoje a corrupção está sendo mais divulgada.

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  4. Quem sai na chuva é para se molhar. Se eles se consideram injustiçados, procuraram a atividade errada ou entraram em um jogo (o do poder) achando que só existe a possibilidade de vitória?

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    1. Nem se amofine, corajoso cidadão. O comunista petralha (ou o que mais você queira) já esteve, sim, inúmeras vezes buscando atendimento público de saúde. Não é desonra pra ninguém, é realidade de cidadão brasileiro.

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  6. Governo da Venezuela cassa licença de jornalistas e agride outros cinquenta e cinco
    O presidente do Colégio Nacional de Jornalistas (CNP, associação dos profissionais de imprensa venezuelanos), Guia Tinedo, informou nesta sexta-feira que entre os dias 12 de fevereiro – data inicial dos protestos contra o governo de Nicolás Maduro – e 20, ao menos 55 jornalistas sofreram algum tipo de agressão na Venezuela. Em uma entrevista transmitida pelo canal Globovisión, Guia revelou que dos 71 casos registrados neste ano, a última semana responde por mais de 77%.
    Imagem: Reprodução
    Presidente da Venezuela Nicolás Maduro(Imagem:Reprodução)
    Presidente da Venezuela Nicolás Maduro

    Guia manifestou preocupação com a crescente onda de ataques contra jornalistas e o impedimento do trabalho da imprensa. Desde o início dos protestos, jornalistas já tiveram seus equipamentos ‘confiscados’ – eufemismo para roubados, pois os profissionais não conseguem recuperá-los – e também foram agredidos por policiais e milícias bolivarianas. Entre os casos de violência registrados, a CNP divulgou um vídeo mostrando policiais agredindo um jornalista do jornal Panorama, em Maracaibo, cidade ao norte do país. Ao lado de outros jornalistas, como o secretário-geral do Sindicato Nacional de Trabalhadores de Imprensa (SNTP, na sigla em espanhol), Carlos Correa, o presidente da ONG Espaço Público, Bernardino Herrera, e outros, Guia também mostrou preocupação com a situação de censura da mídia e criticou a postura do governo contra a CNN.

    Nesta sexta, em mais um ataque contra a liberdade de imprensa, o governo venezuelano, através do Ministério de Comunicação e Informação, cancelou os vistos de trabalho de quatro profissionais da rede americana CNN, a correspondente Osmary Hernández, a apresentadora Patricia Janiot e de sua produtora, e do repórter Rafael Romo. “Já basta de propaganda de guerra, eu não aceito propaganda de guerra contra a Venezuela! Se não se corrigirem, fora da Venezuela, CNN! Fora!”, bradou Maduro em um discurso televisionado.

    A CNN disse não ter sido notificada sobre o processo e, como se fosse necessário, rechaçou a afirmação de que a cobertura das manifestações tenha o intuito de servir como “propaganda de guerra” contra a administração. “Nós abordamos ambos os lados da tensa situação que vive a Venezuela, embora o acesso aos funcionários do governo seja muito limitado. Esperamos que o governo reconsidere sua decisão. Mas seguiremos informando sobre a Venezuela da forma justa, acertada e balanceada que nos caracteriza como uma empresa jornalística”, diz um comunicado da emissora.

    Ainda que a noite em Caracas pareça calma, novos protestos são esperados para este sábado na capital e nos estados de Táchira, Carabobo, Mérida e Bolívar, redutos onde o governo bolivariano sofre mais críticas. Maduro tenta sufocar as manifestações em várias frentes. Além da repressão policial, o ministro venezuelano do Petróleo, Rafael Ramírez, sinalizou que pode suspender o suprimento de combustível em “zonas de cerco fascistas”, mas sem mencionar os estados. Em Táchira, estado no extremo noroeste do país, os moradores sofreram com o corte de serviços essenciais, como eletricidade e telefonia, após grandes manifestações desta semana.

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