Diretoria inicia reconstrução do Remo

Remo Baenao em Obras-Mario Quadros (8)

As obras de reforma do Evandro Almeida, as primeiras de verdade em 96 anos de existência, indicam que a diretoria do Remo finalmente deixou de lado questões acessórias e decidiu partir para providências de vulto. Uma praça de esportes localizada num dos perímetros mais valorizados de Belém, na principal avenida da capital paraense, não pode ser tratada com menosprezo pelos gestores. Deve, sim, servir de chamariz de recursos e motivo de orgulho para seus torcedores. Além de um gramado novo, o estádio terá instalações modernas e aumentará sua capacidade de 12 para 20 mil espectadores.

E lembrar que, há menos de 4 anos, o então presidente Amaro Klautau tentou desmanchar o patrimônio remista, negociando a preço de banana nanica o Baenão e a sede social, com a conivência (ou omissão) de grande parte da mídia esportiva. Chegou a destruir, a golpes de picareta, o escudo que encimava o pórtico do estádio. Aos que ainda preferem a desconfiança ao incentivo, seria bom rever as páginas recentes e observar que a simples reforma do velho estádio já é alvissareira, além de ser uma forma bonita de demonstrar carinho pela história do clube. Em tempo: o novo Baenão deve ser entregue ao público até final de fevereiro de 2014. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola) 

Tribuna do torcedor

Por Ival Rabêlo (ival@ivalrabelo.com)

Prezados,

Perdão pelo desabafo…. Mais lamentável do que a punição sofrida hoje é ver algumas pessoas exaltando tudo que causou essa punição, ou seja, a violência. É isso mesmo?!?!?
Violência que é um produto social que não nasce na Curuzu ou Mangueirão, mas que tem feito parte da rotina, também, dos estádios.
A história vai se repetir em 2014, grande parte da torcida bicolor vai ser privada de ir ao estádio, de curtir sua paixão e seu amor pelo Papão. A massa que se irrita com as derrotas, que chora, que xinga, mas que não é capaz de jogar um copo de plástico no gramado, porque sabe que não tem o direito de agredir o seu clube e sua própria torcida. Protestar é um direito de todos, mas tirar o direito do outro, não. Democracia não é isso. Tenho convicção que o sentimento dessa massa é de tristeza e até de revolta por ver o clube sendo punido mais uma vez. 
Sábado na Curuzu e terça no mangueirão. PAPÃO SEMPRE!
Saudações bicolores! 

Não mexe na puta!!

Por Paulo Silber

“Serra Pelada” é um filme bom de se ver. Bem feito, roteiro amarradinho, argumento instigante, atores safos, direção de arte precisa, fotografia caprichada… Eu gostei! Não é um “Pagador de Promessas”, “Central do Brasil”, “Tropa de Elite”, mas é bacana. E ainda tem: Wagner Moura, Juliano Cazarré, Matheus Nachtergaele e o surpreendente Júlio Andrade em ótima forma, encarnando um belo retrato da dissolução do homem e de seus valores.
Ah sim! Tem também a Sophie Charlote, em melhor forma ainda, fazendo papel de uma belíssima puta. Ulalá!
Faço questão de elogiar, com sinceridade, logo de cara, antes de dizer o que me causou desconforto no filme. Achei o fim tolinho e inverossímil. Destoou do realismo que pontua toda a trama e até sua estética. A trilha sonora é boa, ao resgatar o universo brega, mas poderia ser melhor, sem deixar de ser representativa da época e do ambiente (já pensou, se me permitem a viagem, a direção musical nas mãos de um Felipe Cordeiro?).
Outra coisa: o personagem do Adriano Barroso, pô, meu chapa, merecia mais espaço. É do caralho a gente ver um filme, ao lado daquela gata por quem se batalha há um tempão, e dizer cheio de orgulho:
– Égua! Olha só! O Adriano! Meu amigão! Jogava vôlei comigo lá na Passagem do Arame…
É batata: do cinema pro drive-in.
Mas isso é bobagem. O que mais me incomodou mesmo em “Serra Pelada” nem foi o filme, fui eu. Criei uma expectativa, que acabou fuén fuén fuén, frustrada. Não sei se isso aconteceu com todo mundo que conhece a história daquele garimpo e do seu entorno. Um enredo de ilusão, ambição, corrupção, tudo no superlativo. Uma fatia da memória brasileira em que milhares de pessoas foram trituradas feito carne moída pelo rotor dos seus próprios sonhos, numa terra sem lei, numa pátria sem oportunidades, enquanto uma pequena parcela, sem sujar as mãos de lama, degustava o filé.
Estive lá em 1987, já na fase decadente, e mesmo assim fiquei impressionado. De lá pra cá, por ossos do ofício e interesse próprio, acompanhei a distância a transformação da região e as consequências da destrambelada corrida do ouro.
Por isso, duas lacunas me beliscaram, quando assisti a “Serra Pelada”. Mesmo considerando que não é um documentário, mas uma obra de ficção baseada na realidade, suponho que ela ganharia muitos quilates se focalizasse, em algum momento, um personagem-chave e macabro desse enredo: Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió. Um criminoso com patente, que desliza no mapa do Pará, entre o Araguaia e Serra Pelada, com a mesma falta de escrúpulos.
Brilharia mais ainda caso dissesse, nem que fosse no finalzinho, naquelas letrinhas subindo na tela, o que é a Serra Pelada hoje: o pé de guerra entre sindicatos de garimpeiros, a gênese do poder de quem detém a concessão da lavra mecanizada e a ação milionária na Justiça acerca do “cuí” do ouro, que escorria das balanças de precisão para as gavetas já na fase da intervenção federal.
O filme não deixa de ser bom só porque não tem aquilo que eu esperava encontrar. Mas ouso dizer que poderia ser melhor, se arranhasse essas feridas que ainda estão aí, em carne viva, carentes de cicatrizes.
Meu novo amigo, o Gabriel GB, também gostou do filme e fez ressalvas parecidas. Mesmo com quase a metade da minha idade, ele conhece a história e, justamente por isso, percebeu hiatos onde de fato existem. Mas não deixou de sublinhar uma frase marcante do roteiro: “Esse lugar piora a gente”.
É isso ai, GB. Tem lugares que nos pioram e decisões que nos melhoram.
Quem fez o filme – bom filme – decidiu deixá-lo como está, sem Curió, sindicalistas e gavetas, mas não é a gente que vai brigar por isso. Agora, uma coisa é certa e dá briga. Se tivesse que abrir espaço para esses temas, pelo amor de Deus, só valeria a pena fazer isso se não se tocasse nem um tiquinho naquelas partes em que aparece a Sophie Charlote.
Isso não! Nao mexe na puta!
Se for necessário, pelo bem da obra, sei lá, corta o Adriano Barroso…

Vá escrever bem assim lá em Marapanim, sumano… éguaaa, tidizê..

Parabéns aos responsáveis!

Por Gerson Nogueira

bol_qui_071113_15.psComo já era esperado, o Paissandu foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva pelos incidentes violentos da partida contra o Avaí na Curuzu, pela 31ª rodada da Série B. A 3ª Comissão Disciplinar penalizou o clube com a perda de seis mandos e multa de R$ 80 mil. É uma das sentenças mais rigorosas aplicadas pelo tribunal neste ano.

Apesar de não ter efeito imediato, pois o Paissandu vai jogar contra Oeste e Palmeiras em Belém, o castigo terá que ser pago em algum momento e é provável que a última partida em casa pela Segundona – contra o Bragantino – seja realizada em Paragominas.

Mais que isso: o Paissandu terá perdas estendidas até a próxima temporada, sendo obrigado a cumprir cinco jogos fora de Belém, longe da torcida e com baixa expectativa de faturamento. É um preço extremamente caro e que deve levar, pela primeira vez, a uma medida judicial contra os torcedores responsáveis pelos tumultos.

Segundo o diretor jurídico do Papão, advogado Alberto Maia, há desta vez a firme disposição de mover uma ação judicial contra a facção denominada Torcida Bicolor (ex-Terror), identificada como pivô da confusão no estádio. O alto custo da perda de mandos é desde já uma das dores de cabeça da diretoria para a próxima temporada.

Como o mérito do caso ainda não julgado, o clube vai recorrer ao Pleno do STJD para diminuir a pena. O problema é que a procuradoria do tribunal também planeja pedir um endurecimento da punição, ampliar a multa e interditar a Curuzu.

O desfecho da história novamente é inteiramente desfavorável ao clube, que arca com despesas para manter elenco caro e estrutura compatível com a Série B. Não pode é ser sabotado por parte de sua torcida. Ou, pelo menos, um grupo que se intitula torcedor, embora tenha práticas de baderna explícita.

Que esta nova condenação sirva para estabelecer um novo marco na relação entre o Paissandu e as facções mais violentas de sua imensa torcida. Não é possível mais conviver com um problema que é bem localizado e só depende de ações firmes para ser resolvido.

Mais do que nunca, espera-se que o clube providencie o cadastramento dos torcedores das ditas “organizadas”, a fim de evitar que o clamor popular e o amor verdadeiro da parte saudável da massa bicolor acabem comprometidos pela banda podre. O Internacional (RS) tomou esse cuidado e hoje consegue conviver bem, lucrando inclusive, com sua apaixonada torcida.

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Brasileiro abre caminho para o topo

Neymar não é o dono do time, nem a estrela principal, mas caminha a largas passadas em direção a um lugar de destaque no Barcelona. Seu comportamento destemido diante do Milan, ontem, evidencia um crescimento pessoal dentro do elenco e perante a torcida.

Não abriu mão do estilo abusado, dos dribles e da capacidade de irritar os adversários. Cavou um penal no primeiro tempo, abrindo caminho para a vitória, e esteve a pique de marcar um gol antológico no segundo tempo. Driblou quatro marcadores e errou por pouco a gaveta milanesa.

Mostrou, acima de tudo, que continua o mesmo atacante de grandes recursos e técnica apurada. Messi ainda é o líder da companhia, concentra as jogadas dos companheiros, mas sabe que terá em Neymar uma grande sombra.

O duelo entre ambos talvez não se desenhe no ambiente do clube, mas daqui a alguns meses durante a disputa da Copa do Mundo, que definirá também o melhor jogador da temporada de 2014.

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Decisão entre times operários

O confronto entre rubro-negros delineado para a final da Copa do Brasil não poderia ser mais justo e representativo do atual momento do futebol brasileiro. Flamengo e Atlético-PR atravessam boa fase, com esquadrões sem astros e técnicos pouco badalados.

A diferença em relação a elencos mais estrelados está na aplicação dos jogadores e na simplicidade dos esquemas, centrados na velocidade e na marcação. Será uma autêntica decisão entre equipes operárias.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 07)