Por Gerson Nogueira
Foi um triunfo suado, difícil e sofrido, como se previa, mas extremamente importante. Além de encostar de vez no ABC, o Paissandu afasta o baixo astral que começava a impregnar time e torcida – a ponto de muitos torcedores terem começado a tradicional caça às bruxas de fim de festa. Sobrou confiança e vontade, no Mangueirão, para deleite da imensa torcida presente (mais de 29 mil pagantes).
No time bicolor, a superação falou mais alto que a qualidade técnica. Apesar de desfigurado pelo excesso de reservas em campo, o Palmeiras encarou um oponente organizado e com eficiente transição de jogo entre defesa e ataque. A situação só não era pior para o Paissandu porque os atacantes alviverdes exageravam nos lances individuais, permitindo a chegada da marcação.
Bem distribuído em campo, com Vânderson e Zé Antonio atentos à frente da zaga e uma última linha mais firme que o habitual, com Raul e Fábio Sanches, o Paissandu segurou o ímpeto do Palmeiras nos primeiros minutos. Chegou a levar perigo num cabeceio de Raul, mas depois passou a ceder espaço pelas laterais e perdeu a briga no meio-de-campo.
Diego Barbosa destoava do resto da companhia. Lento, não dava andamento às jogadas, parecendo excessivamente preocupado em não errar. Djalma, ao contrário, mantinha o pique acelerado que garantiu o empate contra o Oeste.
A questão é que sem os lançamentos de Eduardo Ramos para explorar sua velocidade, Pikachu não aparecia, ficando preso ao trabalho de marcação. Sem contar com seu melhor atacante e principal artilheiro, o Paissandu só ameaçava em cruzamentos neutralizados pelos beques e num arremate fraco de Djalma, depois de uma falha horrorosa do volante uruguaio Eguren.
O Palmeiras, ao contrário, tinha bom aproveitamento, girava à vontade, mas não aprofundava jogadas. Alan Kardec, o grandalhão do ataque, ficava pelas extremas cruzando bolas para ninguém. O avante mais acionado era Juninho, que se destacou a partir dos 30 minutos por desferir três chutes que obrigaram o goleiro Mateus a grandes intervenções.
Para o segundo tempo, Benazzi não fez mudanças, mas o Paissandu voltou mudado. Mais ousado, tratou de infiltrar Djalma e Héliton na área, abrindo mão dos chuveirinhos. Ao mesmo tempo, Nicácio iniciou uma movimentação para abrir espaços para Pikachu. Deu certo.
Aos 13 minutos, em jogada de verticalização, Nicácio tocou para Héliton, que lançou Djalma entre os zagueiros e deste partiu o cruzamento curto e mortal para Pikachu estufar as redes. Combinação belíssima em sua simplicidade.
Benazzi ainda tiraria Diego Barbosa, botando Jailton em campo, mas o Paissandu curiosamente recuou outra vez. Por sorte, manteve a vitória na base da transpiração, dependendo da luta e do desassombro de algumas peças, mas caindo terrivelmente de produção nos últimos 20 minutos.
O sentido de marcação desapareceu, o cansaço veio e o time caiu tanto que o Palmeiras, mesmo sem inspiração, tomou conta do jogo, mandou duas bolas na trave e só não fez gol devido à perícia do goleiro Mateus, novamente impecável.
Poderia aqui ficar analisando atuações individuais, mas, pela entrega e comprometimento, eventuais falhas devem ser relevadas. Todos os jogadores do Papão merecem igual destaque. Uma vitória fundamental, talvez decisiva para evitar a queda.
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Fortes emoções em 270 minutos
Na próxima sexta, o Paissandu vai a Juazeiro enfrentar o Icasa. Em caso de vitória, o risco da degola praticamente será afastado. Um empate pode ajudar, pois na rodada seguinte o adversário será o Bragantino, em casa. É prudente que o Papão resolva sua vida antes da rodada final, no Recife, contra o Sport, adversário que usará de todas as forças possíveis e imagináveis para obter os três pontos.
Com 39 pontos, o time segue na zona, mas encostou no ABC (só perde em número de vitórias) e se mantém à frente do Atlético-GO, com 38. Os resultados da rodada não ajudaram, mas também não atrapalharam. O Oeste praticamente se garantiu com 44 pontos. O América-RN e Bragantino estão bem perto disso, com 42. Mas o Guaratinguetá, com 41, volta a correr perigo e entra na briga direta com ABC, Papão e Atlético.
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Chapecoense já é da elite
Para inveja branca de todos nós, a modestíssima Chapecoense está na Série A. Derrotou o Paraná em Curitiba e agora terá tranquilidade para iniciar seu planejamento para a disputa da Primeira Divisão. Se mantiver a seriedade gerencial, tem boas chances de se estabilizar entre os grandes.
Paga salários medianos, não tem tradição e nem chega perto das torcidas de Remo e Paissandu. Apesar disso, obtém resultados que nossos clubes buscam há uma década.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 13)