He-Man na marca do pênalti

Internacional-Rafael-Moura-Palmeiras-640x480-FotoArena

O clima é tenso dentro do vestiário do Internacional, e não se trata apenas de uma figura de linguagem. Neste domingo, jogadores colorados brigaram no vestiário do Serra Dourada após a derrota por 3 x 1 para o Goiás. Segundo informações da Rádio Bandeirantes, funcionários do estádio confirmaram o desentendimento entre os atletas. Uma porta ficou danificada. O diretor de futebol colorado Marcelo Medeiros negou que os atletas tenham se agredido. “As pessoas dizem ter ouvido, mas não estavam dentro do vestiário. Não houve nada fora do normal, nem briga, mas uma cobrança normal. Nosso momento é tenso e complicado. Ninguém brigou a socos, isso é loucura”, explicou. A origem da discussão, segundo a emissora, foi a expulsão de Rafael Moura. Alguns jogadores tiraram satisfação do centroavante pelo cartão vermelho, enquanto outros o defenderam, iniciando o racha.

Depois de ser fortemente cobrado por seus torcedores na chegada a Porto Alegre após a derrota para o Atlético-PR, há duas semanas, o elenco do Internacional evitou o contato com a torcida e não passou pelo saguão do Aeroporto Salgado Filho nesta segunda-feira. Os jogadores receberão folga nesta segunda e voltam a se reapresentar na terça-feira. A derrota para o Goiás deixou o Inter ainda mais próximo da zona de rebaixamento. A distância, agora, é de apenas quatro pontos, e pode cair para um se a equipe perder para o Coritiba no domingo que vem. No entanto, com mais uma vitória nos três jogos que faltam, a equipe gaúcha se livra matematicamente do risco de queda. (da revista Placar) 

O primeiro estádio-vagina do mundo

102_1858-alt-blog-Al-Wakrah

A Copa de 2022 será realizada, pela primeira vez, em um país islâmico. Coube ao Qatar a proeza de convencer a Fifa de que tem todas as condições de cumprir as severas exigências da entidade máxima do futebol e construir excelentes estádios no deserto do Oriente Médio onde o país está localizado. Um deles é o Al-Wakrah, cujo projeto se tornou viral na web por causa de uma peculiaridade das suas formas arquitetônicas: para muitos, trata-se de um estádio-vagina, com capacidade para 45 mil pessoas e situado a cerca de 20 quilômetros de Doha, a capital do país. A semelhança se tornou bastante comentada no Twitter e em sites de notícia.

“A semelhança com a parte íntima da mulher pode não ter sido intencional, mas eu a aplaudo(…) Por que não termos 45 mil pessoas lotando um órgão reprodutivo feminino?”, escreveu Holly Baxter, blogueira do jornal inglês “The Guardian”. Oficialmente, a forma é uma homenagem a um barco tradicional no país. (do blog Page Not Found) 

Supremo Tapetão Federal

Por Ricardo Melo

Derrotada nas eleições, a classe dominante brasileira usou o estratagema habitual: foi remexer nos compêndios do “Direito” até encontrar casuísmos capazes de preencher as ideias que lhe faltam nos palanques. Como se diz no esporte, recorreu ao tapetão. O casuísmo da moda, o domínio do fato, caiu como uma luva. A critério de juízes, por intermédio dele é possível provar tudo, ou provar nada. O recurso é também o abrigo dos covardes. No caso do mensalão, serviu para condenar José Dirceu, embora não houvesse uma única evidência material quanto à sua participação cabal em delitos. A base da acusação: como um chefe da Casa Civil desconhecia o que estava acontecendo?

A pergunta seguinte atesta a covardia do processo: por que então não incluir Lula no rol dos acusados? Qualquer pessoa letrada percebe ser impossível um presidente da República ignorar um esquema como teria sido o mensalão.

Mas mexer com Lula, pera aí! Vai que o presidente decide mobilizar o povo. Pior ainda quando todos sabem que um outro presidente, o tucano Fernando Henrique Cardoso, assistiu à compra de votos a céu aberto para garantir a reeleição e nada lhe aconteceu. Por mais não fosse, que se mantivessem as aparências. Estabeleceu-se então que o domínio do fato vale para todos, à exceção, por exemplo, de chefes de governo e tucanos encrencados com licitações trapaceadas.

A saída foi tentar abater os petistas pelas bordas. E aí foi o espetáculo que se viu. Políticos são acusados de comprar votos que já estavam garantidos. Ora o processo tinha que ser fatiado, ora tinha que ser examinado em conjunto; situações iguais resultaram em punições diferentes, e vice-versa.

Os debates? Quantos momentos edificantes. Joaquim Barbosa, estrela da companhia, exibiu desenvoltura midiática inversamente proporcional à capacidade de lembrar datas, fixar penas coerentes e respeitar o contraditório. Paladino da Justiça, não pensou duas vezes para mandar um jornalista chafurdar no lixo e tentar desempregar a mulher do mesmo desafeto. Belo exemplo.

O que virá pela frente é uma incógnita. Para o PT, ficam algumas lições. Faça o que quiser, apareça em foto com quem quer que seja, elogie algozes do passado, do presente ou do futuro – o fato é que o partido nunca será assimilado pelo status quo enquanto tiver suas raízes identificadas com o povo. Perto dos valores dos escândalos que pululam por aí, o mensalão não passa de gorjeta e mal daria para comprar um vagão superfaturado de metrô. Mas como foi obra do PT, cadeia neles.

É a velha história: se uma empregada pega escondida uma peça de lingerie da patroa para ir a uma festa pobre, certamente será demitida, quando não encarcerada – mesmo que a tenha devolvido. Agora, se a amiga da mesma madame levar “por engano” um colar milionário após um regabofe nos Jardins, certamente será perdoada pelo esquecimento e presenteada com o mimo.

Nunca morri de admiração por militantes como José Dirceu, José Genoíno e outros tantos. Ao contrário: invariavelmente tivemos posições diferentes em debates sobre os rumos da luta por transformações sociais. Penso até que muitas das dificuldades do PT resultam de decisões equivocadas por eles defendidas. Mas num país onde Paulo Maluf e Brilhante Ustra estão soltos, enquanto Dirceu e Genoíno dormem na cadeia, até um cego percebe que as coisas estão fora de lugar.

Ricardo Melo, 58, é jornalista. Na Folha, foi editor de “Opinião”, editor da “Primeira Página”, editor-adjunto de “Mundo”, secretário-assistente de Redação e produtor-executivo do “TV Folha”, entre outras funções. Atualmente é chefe de Redação do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Também foi editor-chefe do “Diário de S. Paulo”, do “Jornal da Band” e do “Jornal da Globo”. 

Fé cega, faca amolada

Por Gerson Nogueira

Não adianta fugir do assunto. Por onde se anda surge inevitavelmente inclui a indagação: será que o Paissandu ainda consegue se salvar? Pelos caminhos tortuosos que o futebol segue, a salvação é plenamente possível ainda. Acreditar é o primeiro mandamento em meio a uma situação difícil como a atual. Foi justamente o que um grupo de 20 a 30 torcedores cantou, sábado à noite, no aeroporto de Val-de-Cans na volta da delegação a Belém.

O mais importante a essa altura é que o limite mínimo para escapar da degola caiu de 45 ou 46 pontos para 43. Brigam contra a queda, a prevalecer essa projeção, Guaratinguetá, Paissandu e Atlético-GO, já que São Caetano e ASA já estão eliminados. Dos três que estão nessa disputa na parte de baixo da tabela, dois cairão.

As atenções se voltam para o cambaleante Guaratinguetá, que não vence há seis rodadas. Nas próximas rodadas, terá pela frente o Paraná, já sem ambições maiores, e o Atlético-GO em Goiânia. É provável que se atrapalhe nesse percurso.

GERSON_18-11-2013Mas, por outro lado, é prudente ficar atento à movimentação do Atlético-GO, que está atrás do Papão na classificação. O Dragão sai para enfrentar o Oeste e decide sua sorte diante do concorrente Guará.

O melhor dos cenários para o Papão é conquistar a vitória sobre o Bragantino e torcer pelas derrotas de Atlético e Guaratinguetá. Nesse caso, ambos seriam obrigados a um jogo suicida na rodada final, o que seria extremamente favorável ao representante paraense. Cabe observar que o primeiro critério de desempate é o número de vitórias, item que beneficia o Guaratinguetá, que tem 11 contra as 10 de Paissandu e Atlético.

Todas essas tentativas de projetar o futuro próximo devem levar em conta, porém, que não adiantará ao Papão ver seus adversários sucumbindo se o próprio time não mostrar gana e comprometimento. A maneira como o time se deixou abater diante do Icasa, quando tinha chances reais de um resultado melhor, deixa dúvidas quanto ao alinhamento geral do elenco com os anseios da torcida.

———————————————————– 

A encruzilhada de Lecheva

Lecheva é dono de uma trajetória interessante no futebol paraense. Foi um dos coadjuvantes daquele timaço que o Paissandu montou entre 2001 e 2003, com ativa participação na campanha da Taça Libertadores e lugar garantido no panteão dos principais meio-campistas da história do clube. Nunca foi craque, mas fazia da regularidade uma arma.

Como técnico, quebrou galhos no comando do Papão. Foi campeão paraense e no ano passado foi o grande condutor do time no acesso à Série B. Com três tropeços no começo da competição, acabou sacado do comando. Saiu por cima, em paz com a torcida.

Meses depois reapareceu como treinador da Tuna, um projeto sabidamente de alto risco pelas precárias condições financeiras do clube. Diante das dificuldades, assumiu encargos de gerente, ajudando a trazer jogadores e  cuidando de problemas prosaicos, como a falta de material para treinamento.

Quando a primeira fase do Parazão começou, todas as expectativas naturalmente se concentraram no trabalho de Lecheva. Como milagres não acontecem a todo instante, a Tuna logo sentiu na pele as agruras de uma competição acirrada. Em quatro jogos, perdeu dois e empatou dois, marcando apenas um gol.

Depois de ser visto como quase um herói alviceleste, Lecheva corre o risco de sair chamuscado de uma missão impossível. E é o menos culpado por isso.

———————————————————- 

Homenagem a um grande craque

Vejo na ESPN documentário sobre Falcão García, um dos maiores atacantes do mundo e maior esperança colombiana para a Copa do Mundo do ano que vem, e é curioso descobrir que o artilheiro ganhou esse nome em homenagem a um craque brasileiro.

Seu pai, ex-boleiro e técnico de futebol, se encantou com o estilo clássico e elegante de Paulo Roberto Falcão na Copa de 1982. Conta no filme que, ao ver o brasileiro em ação, jurou que se tivesse um filho daria a ele o nome do Rei de Roma. E assim aconteceu.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 18)