Dia: 4 de novembro de 2013
O que seria do esporte sem as emoções verdadeiras?
Do Blog do Menon
Não sei se sou só eu, mas estou um pouco cansado dos rumos do esporte de hoje. É muita coisa que não me dá o menor prazer: torcedor discutindo com torcedor sobre qual time tem melhor departamento de marketing, quem vai conseguir mais com naming rights, Fifa dando direito a jogador escolher qual seleção vai lhe dar mais visibilidade, a Fiba vendendo vaga no Mundial de Basket etc e tal. Me sinto um dinossauro.
Para mim, esporte é emoção, é superação. Se pudesse, assistiria seguidamente por horas a filmes em que um time de desajustados se une sob a orientação de um treinador que tem um segredo na vida e consegue sair de uma situção dramática para ganhar o campeonato com um gol, cesta, ponto, tiro, arremesso, no último segundo da última partida.
Nos últimos dias, duas estórias do esporte me emocionaram.
O jogo não foi bom, eu até me admirei com o grande número de “andadas” dos jogadores de Franca e São José, que disputavam a quinta partida da série que definiria quem passaria às semifinais. Franca venceu por dois pontos e a comemoração veio com muito choro. Do treinador Lula Ferreira, muito experiente, do pivô Paulão, também com muitos anos de estrada, de todos os outros jogadores.
A vitória foi dedicada ao pivô Lucas Mariano, de 19 anos. Ele sempre teve o sonho de jogar profissionalmente com os irmãos Leonardo, de 14 anos, e Natan, de dez anos. Não será possível. Leonardo, jogador da base de Franca foi participar de uma partida em Limeira e morreu afogado na piscina do alojamento em que estavam alojados os garotos.
O choro de Lula foi emocionante. O velho comandante sofria a dor de seu mais promissor comandado. Sofria a dor dos pais, presentes em todos os jogos de Franca, de todas as categorias, sempre ao lado dos três filhos. É um choro de companheirismo, de união entre pessoas, que é o que importa no esporte.
No Recife, havia 60 mil pessoas em comunhão, comemorando o amor ao futebol. Eram torcedores do Santa Cruz, que chegava à Série B após uma vitória sobre o Betim, com gol de Flávio Caça Rato no final da partida. O Santa, time de massa, vivia em um perrengue danado há tempos. Em 2006, estava na A. Foi descendo, descendo até chegar na D. Ali, mofou por dois anos. Chegou na C, também não subiu de primeira e agora está lá, entre os 40 maiores do Brasil.
Foi bonito ver, uma vez mais, que o verdadeiro amor não tem divisão (ô frasesinha marqueteira). Mas é verdade. De um lado estava o Santa, que sempre foi ali de Recife. Do outro, o Betim, que foi Ipatinga. Uma dessas excrecências do futebol moderno.
E o legal foi ver que não sou tão dinossauro assim. Como eu, milhões engrossaram a torcida pelo Santa Cruz. Não tem vacilo na hora de escolher. O Santa representa o velho e bom futebol brasileiro, aquele que emociona, que faz rir, chorar, aquele que une as pessoas, apesar da ação contínua de tantos delinquentes por aí.
O passado é uma parada…
Rara fotografia do majestoso prédio do jornal “A Província do Pará”, ainda com o letreiro na fachada, na rua Gama Abreu esquina com avenida Serzedêlo Corrêa. Atualmente, o prédio é ocupado pelo colégio IEP. (http://nostalgiabelem.blogspot.com.br/)
Nos tempos sem silicone e pré-Photoshop
Série de fotos de Betty Brosmer, considerada a primeira super modelo e uma das pin-up’s mais bem pagas dos Estados Unidos na década de 50. Iniciou carreira ainda adolescente, fotografando para catálogos da Sears e Roebuck. Em seguida, caiu no gosto dos produtores e fotógrafos de moda.
Aí, então, Brosmer virou modelo solicitada para grandes campanhas e capas de revista da época. O físico exuberante e as medidas generosas da top model pioneira contrastam com o padrão que seria definido pelo mundo fashion a partir dos anos 70. (Via Facebook/Bina Jares)
Facebook e o dilema dos jornais
Por Carlos Castilho, no Observatório da Imprensa
A esmagadora maioria dos jornais, revistas e telejornais sempre encarou o Facebook como um lugar para fofocas, confidências e exibicionismo, mas pesquisas recentes mostraram que a maior rede social do planeta já é a fonte de notícias para 30% da população adulta dos Estados Unidos (cerca de 72 milhões de pessoas), o único país a ter estudos detalhados sobre o tema.
A pesquisa divulgada na penúltima semana de outubro pelo Pew Research Center, dos Estados Unidos, sinaliza duas questões ainda mais relevantes para a imprensa do que os dados numéricos. Em primeiro lugar indica uma mudança radical na forma como as pessoas chegam até a notícia, especialmente os jovens com menos de 25 anos. Em segundo lugar mostra o surgimento de uma dependência mútua entre jornais e a rede Facebook, algo impensável até pouco tempo atrás.
Com pouco mais de um bilhão de usuários e caminhando rapidamente para o bilhão e meio, a rede Facebook transformou-se numa espécie de grande aldeia virtual graças aos relacionamentos interpessoais e agora também aos negócios que estão se instalando na rede criada em 2004 num dormitório de estudantes na Universidade Harvard. Era inevitável que, atraindo tanta gente, ela acabaria servindo também para circular notícias, quebrando o monopólio da imprensa.
O papel das redes sociais na maneira como as pessoas se informam ainda é um assunto pouco estudado e quase um tabu entre os jornalistas. Mas os dados revelados pela pesquisa do Pew, embora relativos apenas à realidade norte-americana, servem como um indicador de tendências, inclusive para o Brasil, que está hoje entre os três países do mundo com maior numero de usuários do Facebook. As últimas estimativas nacionais apontam um total de 65 milhões de brasileiros vinculados à rede.
As pessoas já não saem mais à cata de notícias, mas esbarram nelas quando estão navegando na internet, especialmente quando circulam virtualmente em ambientes visitados por milhares de pessoais ao mesmo tempo, como é o caso do Facebook. Interesses específicos sobre algum tema, produto ou pessoa são o principal alvo dos usuários da internet. O acesso notícia jornalística passou a ficar condicionado a esses interesses, salvo nos casos de algum acontecimento extremamente importante para a coletividade.
Trata-se de uma mudança relevante no comportamento da média dos consumidores de notícias. Até agora estar bem informado era uma qualidade muito valorizada e um status adquirido pela leitura minuciosa de jornais, revistas e livros. Na era digital, estar bem informado já não é mais tão importante. Essencial mesmo é estar integrado em redes sociais porque é nelas que se sabe de tudo.
Nas redes sociais, a notícia é algo coletivo e colaborativo, graças à predominância das recomendações e referências, mas ao mesmo tempo individual, já que normalmente as sugestões são feitas de pessoa a pessoa. É uma situação diferente da mídia convencional, onde a notícia era produzida e publicada visando atingir o maior número possível de indivíduos – justo o oposto do que acontece no Facebook, por exemplo.
As redes sociais, como o Facebook, estão rapidamente se transformando em parceiras da imprensa. Redes e jornais tendem a uma dependência mútua porque elas são imbatíveis da disseminação de notícias, mas a imprensa ainda é, e provavelmente continuará tendo, um grande peso na seleção, checagem e contextualização de dados, fatos e eventos dotados de relevância social.
A gigantesca capilaridade e a interatividade interpessoal nas redes sociais virtuais viabilizam uma distribuição rápida e a custo quase nulo das notícias, condições que se tornaram inacessíveis para a imprensa convencional devido ao alto custo operacional. Além disso, as redes permitem que os jornalistas possam exercer uma função curadora ao filtrar e selecionar a enorme quantidade e variedade de dados dotados de noticiabilidade, ou seja, de ineditismo, relevância, pertinência e confiabilidade.
Redes como o Facebook tendem a ser, simultaneamente, fonte e ferramenta de disseminação de material jornalístico. Mas para que a parceria redes-imprensa funcione, o jornalismo terá que se adaptar à nova realidade, na qual ele não é mais a referência absoluta em matéria de noticia, mas uma parte do processo. A realidade do quotidiano está condenando os jornalistas a trabalhar com as redes e em rede. Já no andar de cima, o dos executivos da imprensa e das redes, a parceria pode demorar muito a acontecer porque estão em jogo egos e fortunas.
Rir é o melhor remédio…
Ingresso a R$ 20,00 para o jogo do Papão
A diretoria do Paissandu anunciou no começo da tarde o preço de ingressos para o jogo contra o Oeste: R$ 20,00 (arquibancada) e R$ 50,00 (cadeira). Falta agora definir o local e a data da partida.
E ainda duvidam da massa cruzmaltina…
Quarenta anos da morte de Carlos Marighella
Por Mário Magalhães
Hoje faz 44 anos que o guerrilheiro Carlos Marighella foi assassinado em uma emboscada, na noite de 4 de novembro de 1969, da qual participaram ao menos 29 agentes da ditadura. Na alameda Casa Branca, em São Paulo, eles mataram o revolucionário de 57 anos que estava sozinho e desarmado. A versão oficial da morte de Marighella foi uma das farsas mais longevas fabricadas pelo aparato repressivo de então. Mesmo partidários do veterano militante comunista referendaram falsificações, como o relato de que ele portaria um revólver – não carregava nem um canivete.
Ex-membro da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles inovou: antes de investigar o fuzilamento de Marighella, veiculou um relatório sobre o episódio. Vergonhosamente, reiterou cascatas plantadas há mais de quatro décadas pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, o comandante da tocaia. As únicas imagens em movimento nas quais Marighella (1911-69) aparece são as acima, feitas pela TV Tupi. Nelas, o inimigo público número 1 da ditadura é mostrado morto. É possível que haja filmes de outras épocas, com ele vivo, mas não são conhecidos.
Nos nove anos em que me dediquei à biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras), dei três vezes com a voz do protagonista do livro, em áudios de 1946, 1967 e 1969. As imagens da TV Tupi estão no site Banco de Conteúdos Culturais, um tesouro histórico. Na origem, elas foram classificadas como referentes à morte de Marighella“em combate com a polícia”. Mentira: ele estava desarmado e não contava com seguranças.
Outro filmete que sobreviveu é o da reportagem – difícil saber se foi ao ar – do local onde Marighella foi enterrado, o cemitério da Vila Formosa (em 1979, seus restos foram transferidos para o cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador). A vinheta fala em enterro como indigente, mas na verdade ele recebeu uma sepultura de quarta classe. Na prática, inexistia diferença. O recado era o mesmo: quem ousasse, de que modo fosse, desafiar a ditadura acabaria em um lugar assim.
Quarenta e quatro anos depois, minha impressão é que, mais do que descrever Carlos Marighella como um bandido sanguinário e inescrupuloso, certa historiografia oficial tentou eliminá-lo da história. Não conseguiu, como é fácil constatar, goste-se ou não de Marighella.
Lennon pede para nobreza chacoalhar as jóias
Por Jamari França
Há 50 anos, no dia 4 de novembro de 1963, os Beatles se apresentaram diante da rainha mãe, da princesa Margaret e demais realezas no Royal Command Performance ou Royal Variety Performance, um evento anual de caridade da família real. Naquela data eles já tinham a Grã-Bretanha a seus pés, mais venerados do que a rainha por uma multidão de súditas histéricas. O programa tinha 19 atrações, entre elas a bela atriz alemã Marlene Dietrich e o chansonnier francês Maurice Chevalier, com The Beatles em sétimo, mas, obviamente, foco de toda a atenção do Prince of Wales Theatre. Mesmo quem não gostava se interessou em ver a nova sensação britânica. Estavam nervosos e pouco conformados em se apresentar diante da caretice e pompa da nobreza.
Entraram com seus ternos, cabelos compridos penteados e atacaram com dois hits, From Me To You e She Loves You. A seguir a acústica Till There Was You, que Paul anunciou ser do musical Music Man e brincou que tinha sido gravada pelo grupo americano favorito deles, SophieTucker (nome de uma comediante americana). John Lennon então mandou: “Precisamos da ajuda de vocês no último número. Os que estão nos assentos mais baratos batam palmas. O restante basta chacoalhar as jóias. Esta canção se chama Twist and Shout.” Sentado em sua poltrona, o empresário da banda, Brian Epstein, respirou aliviado, porque John ameaçara pedir que “chacoalhassem a porra das jóias”. Encerrada a apresentação, se curvaram diante do público, depois na direção do camarote real e saíram.
“A gente recusou um monte de coisas que ninguém sabia. Fizemos o Royal Variety Show (sic) e nos pediram discretamente que voltássemos todo ano, mas sempre dissemos “enfia.” Então todo ano vinha aquela conversa nos jornais: “Por que os Beatles não se apresentam para a realeza?” Era engraçado, porque não sabiam que recusamos. Aquele show foi uma porcaria mesmo. Todo mundo nervoso e preocupado, ninguém se apresentou direito. Eu fiz aquela piada no palco, estava muito nervoso, mas quis dizer alguma coisa meio rebelde. Foi o melhor que consegui,” disse John Lennon em 1970, citado na Antologia Beatles.
George Harrison manifestou seu desagrado para a imprensa: “Não quero parecer ingrato, mas não sei o que os Beatles estão fazendo no meio de tantas estrelas do show business. Somos apenas quatro caras comuns que tiveram alguns sucessos. Numa ocasião dessa gostaríamos que nossos fãs estivessem presentes. São eles que tornaram tudo possível para nós,” disse ele, citado na biografia Here Comes The Sun, de Joshua Greene. Ringo fez questão de cumprimentar Marlene Dietrich e disse que mandou um olhar comprido para as pernas dela quando estava sentada e concordou que era tudo que falavam mesmo.
Àquela altura os Beatles já eram os verdadeiros monarcas britânicos, com três singles no número um das paradas – Please Please Me, From Me To You e She Loves You. Seu primeiro LP, lançado em 22 de março, ainda estava em primeiro lugar. No dia 22 de novembro lançariam With The Beatles, que desalojaria o antecessor.
1963 foi praticamente todo dedicado a turnês pela Grã-Bretanha, quatro no total, ascendendo de mais uma banda no programa para titular absoluta. No começo do ano ainda se apresentaram seis vezes em janeiro e três em fevereiro no seu reduto de Liverpool, o Cavern Club. Foi lá, em 19 de fevereiro, que receberam a notícia de que Please Please Me chegara ao primeiro lugar. A partir daí foi “adeus Liverpool”, mudança para Londres e um trabalho maciço de divulgação que os levou a programas de televisão e rádio, a dar muitas entrevistas e a tocar em clubes, cinemas e salões de baile até que a histeria chegou ao ponto de Brian Epstein só aceitar apresentações em teatros para a segurança dos quatro.
Era comum na Grã-Bretanha shows itinerantes com uma série de artistas e os Beatles participaram de muitos, com a cantora teen Helen Shapiro, com os americanos Roy Orbison, Chris Montez, Tommy Roe e outros, com os quatro no meio, mas subindo de posto à medida que o sucesso aumentava. Os shows próprios tinham uma duração que, hoje em dia parece absurda, 20 a 25 minutos e tudo numa histeria tão grande que não conseguiam se ouvir, iam no piloto automático. Ringo conta que se guiava pela batida dos pés dos três que estavam na sua frente e tentava manter o ritmo.
Para eles era tudo festa. Com idades entre 20 anos (George), 21 (Paul) e 23 (John e Ringo) o deslumbre era total. Garotas caíam em cima deles e transavam com todas que agüentassem. Ao final de cada show, os roadies Neil Aspinall e Mal Evans selecionavam as mais bonitas e as encaminhavam para o hotel, onde iam para os quartos dos Beatles. Mesmo com tudo isso, o mais quieto deles, George, já demonstrava desagrado com a pressão e o isolamento, daí a primeira canção que compôs se referir a isso, Don’t Bother Me – “So go away, leave me alone, don’t bother me”.
A única incursão no exterior foi uma turnê na Suécia em outubro, onde foram recebidos com entusiasmo. Na volta a Londres, no dia 31 de outubro, o famoso apresentador americano Ed Sullivan ficou retido no aeroporto pela recepção histérica dos fãs e achou que seria interessante levar ao seu programa aquela banda inglesa que mobilizava multidões. Brian Epstein seguiu para Nova York dia cinco de novembro com seu cantor contratado Bily J. Kramer numa viagem promocional. Lá se reuniu com Sullivan e fechou um contrato no valor de 10 mil dólares para três apresentações no Ed Sullivan Show, duas ao vivo nos dias nove de fevereiro de 1964 em Nova York e 16 em Miami, além de uma terceira, pré-gravada, para ser transmitida no dia 23.
Ganso reacende esperanças
Por Gerson Nogueira
A grande notícia do fim de semana do futebol, além da chegada do surpreendente Atlético-PR ao segundo lugar na Série A, diz respeito a um paraense. Paulo Henrique Ganso voltou a jogar em bom nível técnico. Não é exatamente novidade dizer isso, pois um craque não desaprende. Mas pode sumir. E o meia-armador do São Paulo parecia ter entrado em período de férias, desde o ano passado.
Contra a Portuguesa, sábado à noite, Ganso confirmou a fase evolutiva com grande atuação. Comandou a meia-cancha, com 40 passes e lançamentos, dois disparos a gol e pelo menos quatro bons dribles, daqueles que merecem assinatura.
Além de dar contribuição decisiva no ataque, Ganso mostrou uma face inteiramente nova. Com cinco desarmes, apareceu também na marcação. Esta última parte do repertório tem clara influência de Muricy Ramalho, um técnico que nutre especial carinho pela segurança defensiva.
Interessante mesmo foi observar que Ganso readquiriu a antiga confiança e parou de se esconder da bola, como vinha ocorrendo desde sua última aparição na Seleção Brasileira, durante a Copa América, ainda sob o comando de Mano Menezes.
A fase atual começa a desafiar os incrédulos e já estimula alguns pedidos (ainda discretos) de convocação para a Copa. O caminho de volta ao escrete ainda é longo e pedregoso, pois não bastará a Ganso jogar muita bola até o começo da próxima temporada.
Deve, acima de tudo, provar a Felipão que pode ser levado a sério como alternativa de qualidade para o quarteto de meio-de-campo. E Felipão, como se sabe, aprecia jogadores que se envolvem com o duplo ofício de atacar e defender.
Por sorte, a Seleção ainda não achou um criador para chamar de seu. Oscar não chega a assombrar com a 10 e o trono ainda está vago. Ganso pode brigar por ele. Com a vantagem de ser um estilista, um armador de perfil clássico, que cultiva gosto especial por lançamentos de 30 metros e passes desconcertantes de calcanhar. No Brasil atual, ninguém faz isso.
Em forma depois de longos períodos de recuperação física, Ganso demonstra estar voltando à superfície. Precisa de continuidade e rendimento estável. Terá mais ou menos três meses para convencer o país de que pode ser o maestro que a Seleção tanto busca. Com o excepcional trunfo de ser o mais acostumado a jogar com Neymar.
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Oito pecados capitais do Papão
Depois de um sábado generoso em resultados favoráveis, o Paissandu segue a alimentar dúvidas em seus torcedores quanto à possibilidade de salvação. Em meio a isso, surgem os lamentos. Como o do amigo Daniel Malcher, que lista os oito pecados capitais do Papão na competição: os tropeços diante de América-RN (1 a 1 em Paragominas), ASA (1 a 1 em Paragominas), São Caetano (2 a 2 na Curuzu), América-MG (0 a 2 na Curuzu), Icasa (1 a 2 na Curuzu), Atlético-GO (0 a 0 na Curuzu), Boa Esporte (0 a 0 na Curuzu) e Avaí (0 a 2 na Curuzu).
“Enquanto conquistamos apenas 6 pontos fora de nossos domínios, quando exercemos o mando cedemos 19 pontos aos adversários. Se tivéssemos cedido pelos menos a metade, ou seja, entre 9 e 10 pontos, hoje estaríamos possivelmente com 44 ou 45 pontos e praticamente garantidos no certame do próximo ano. Se sempre fomos tímidos e até risíveis fora de Belém, antes éramos um time caseiro, difícil de ser batido e que conquistava entre 85% e 90% dos pontos que disputávamos em casa. Continuamos tímidos fora de nossas fronteiras, mas agora também indolentes ante nossa torcida. Nosso aproveitamento de apenas 60% dos pontos disputados em Belém fala por si”, analisa, certeiro como sempre, Daniel.
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Outra lambança de um técnico bestial
O jogo entrava naquela fase decisiva, com possibilidades para os dois lados, quando o genial Oswaldinho da Cuíca teve a brilhante sacada: tirou o craque Seedorf e botou o uruguaio Lodeiro. É fato que o holandês não fazia um partidaço, mas de seus pés brotavam os passes mais precisos na zona de ataque. É verdade também que Lodeiro deveria entrar, mas no lugar do jovem e atrapalhado Gegê, que desperdiçou duas oportunidades claras de gol e errou uns 200 passes no meio.
Como o filósofo Muricy disse um dia, a bola pune. O da Cuíca esqueceu que craques são sempre insubstituíveis. Sem lucidez na criação, o Bota, que desfrutou de cinco grandes chances de matar o jogo (duas com o indolente Elias, uma com Rafael Marques e as duas de Gegê), acabou entregando a rapadura no final. Sina cruel deste e de outros campeonatos. E nem adianta reclamar do gol “mão de Deus” de Sasha. Afinal, quem procura, acha.