Escuta, classe média ressentida

Por Gilson Caroni Filho, no Viomundo

Em poucos momentos da história, a justiça foi tão achincalhada como na tarde de sexta-feira. Negação do contraditório, fatiamento do transitado em julgado e ordens de prisão para satisfazer a sanha de uma classe média reacionária e patrimonialista. Tudo, desde o início, não passou de um espetáculo jurídico-midiático visando ao entretenimento do que há de mais retrógrado no país.

Mesmo os que, no campo da esquerda se opõem ao PT, não aprovaram o linchamento de lideranças que lutaram contra a ditadura. Passado tudo isso, veremos que a farsa se voltará contra quem a perpetrou: o STF, cada vez mais partidarizado, se desmoralizou como instância responsável pelo cumprimento da constituição. A credibilidade da imprensa, como mostra pesquisa da FGV, está no subsolo.

Joaquim Barbosa, longe de ser um magistrado, tornou-se uma figura folclórica da mídia. Em sua toga há um colarinho em arco, uma rosa que esguicha água, faltando providenciar o nariz vermelho. Talvez, como os jogadores que marcam três gols em uma partida, tenha até direito a pedir música no Fantástico e, quem sabe, um convite para participar de um reality show.

Mas numa Corte que já teve Nunes Leal, ele sabe que é um ponto fora da curva. Lamento, mas se você é um dos que festejam, saiba que ontem teve uma vitória de Pirro. Um partido que tem história e militância comete erros, mas não é destruído por circos macabros. E outra coisa: você não tem qualquer preocupação com o aperfeiçoamento das instituições.

Seu ódio é contra programas de transferência de renda que lhe retiraram a empregada barata, o caseiro faminto e ainda puseram no aeroporto, que você julgava seu espaço privativo, cidadãos que antes só pisavam lá para carregar sua bagagem de bijuterias baratas. Mas, daqui a pouco, você estará triste novamente.

E é do seu ressentimento que você recolhe forças para reproduzir os mantras que publicações como a revista Veja lhe proporcionam semanalmente.

Genoíno e a batalha final

Por Paulo Henrique Amorim

genoino1A filha de José Genoíno, Miruna, telefonou para denunciar:
– Genoíno não recebe na prisão a alimentação adequada a quem acaba de quase morrer com uma doença no coração: ele come o que todos comem e, como se sabe, Genoino não pediria qualquer tipo de privilégio; – família não tem nenhuma garantia de que ele esteja tomando os cinco remédios que precisa tomar, por dia; – vestiram um macacão de preso comum nele; – ele passou mal na viagem – desnecessária – de avião até Brasília; – foi a primeira viagem de avião depois da cirurgia;
– a pressão dele se alterou; – ele ainda tem um problema pendente de coagulação do sangue;
– um médico da família recebeu autorização para entrar no presídio, diz que ele está estável, e teme que a coagulação se altere de forma grave; – por causa do problema da coagulação, Genoino não pode ficar muito tempo de pé e tem sido obrigado a ficar; – Genoino não tem data para sair do regime fechado a que o submetem (ele foi condenado a semi-aberto, ou seja, só dormiria na prisão); – a prioridade da família, neste momento, é garantir a saúde dele.

Seedorf para presidente

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Por Paulo Vinícius Coelho

Na melhor parte do jantar, Seedorf falava sobre os problemas do início de carreira. Logo depois de deixar o Ajax, iria para a Juventus, da Itália. O negócio emperrou. “Na minha carreira, sempre tratei as crises como oportunidades.” Dois anos depois, ele vestia a camisa 10 do Real Madrid, campeão espanhol.

O holandês é um dos interessados em melhorar o futebol brasileiro. Não é líder, mas um dos apoiadores do movimento Bom Senso F.C. Acuados pelo crescimento das manifestações, os dirigentes da CBF fingem não enxergar uma crise. Muito menos uma oportunidade.

No Brasil do futebol, os problemas agravam-se pela absoluta falta de habilidade de Marin e Marco Polo Del Nero.

Todo mundo pensa nas fórmulas capazes de tornar o futebol brasileiro melhor. Seedorf também. “Os estaduais poderiam ser como a Copa da Liga Inglesa. Jogados no meio de semana, os clubes grandes usariam reservas, mas escalariam jogadores importantes várias vezes. Os suspensos, os que voltam de lesão.”

A pergunta não é se a teoria está certa ou errada. A questão é que Seedorf pensa. Paulo André pensa. Alex pensa. E quem tem a função de pensar foge do problema.

Empurra seus funcionários para situações constrangedoras, como a que viveu o árbitro Alício Pena Júnior nesta semana. Sem noção, decidiu cumprir ordens e avisar os jogadores que aplicaria cartão amarelo em quem se manifestasse durante São Paulo x Flamengo. Alício potencializou o constrangimento.

Seedorf está neste texto apenas por ter participado de um jantar com este colunista dez dias atrás e exposto toda a sua capacidade de refletir sobre questões que não são obrigatoriamente as dele.

De pensar no desenvolvimento do futebol em um país que não é o seu. Ele próprio, símbolo de um campeonato que se enche de craques na mesma medida em que se esvazia de público.

Durante anos, repetiu-se que o Brasil não tinha estádios lotados, porque não tinha ídolos. Nos últimos três anos, Neymar, Seedorf, Ronaldo, Rogério Ceni, Luís Fabiano e Ganso trocaram passes por aqui.

O Brasileirão tem jogadores importantes de seleções relevantes, como Vargas, do Chile, Lodeiro, do Uruguai, Montillo, da Argentina. E os estádios estão às moscas, exceto nas grandes decisões.

Thiago Silva recebeu telefonema convocando os jogadores da seleção da qual é capitão a ingressarem no movimento. Na maior parte, os craques de Felipão jogam fora do Brasil. Partiram em busca da organização que não temos.

Seedorf fez o caminho contrário. Chama o Brasil de Meca do futebol numa clara a referência ao potencial que aqui existe.

Por ora, a CBF faz da Meca um mico.

Existe uma crise. Que grande oportunidade!

Brasileiro da Série B: Classificação geral

PG J V E D GP GC SG
Palmeiras 76 36 23 7 6 67 26 41 70.4
Chapecoense 66 36 18 12 6 57 30 27 61.1
Sport 59 36 19 2 15 61 54 7 54.6
Icasa 59 36 18 5 13 49 50 -1 54.6
Ceará 59 36 16 11 9 59 43 16 54.6
Figueirense 56 36 17 5 14 60 51 9 51.9
América-MG 56 36 14 14 8 50 40 10 51.9
Joinville 53 36 15 8 13 53 43 10 49.1
Avaí 53 36 15 8 13 48 45 3 49.1
10º Paraná 51 36 14 9 13 49 36 13 47.2
11º Boa Esporte 50 36 13 11 12 31 42 -11 46.3
12º América 45 36 11 12 13 44 52 -8 41.7
13º Oeste 45 36 11 12 13 40 52 -12 41.7
14º Bragantino 43 36 12 7 17 35 42 -7 39.8
15º ABC 42 36 12 6 18 44 58 -14 38.9
16º Guaratinguetá 41 36 11 8 17 39 48 -9 38.0
17º Paissandu 39 36 10 9 17 40 55 -15 36.1
18º Atlético-GO 38 36 10 8 18 36 49 -13 35.2
19º São Caetano 35 36 9 8 19 43 56 -13 32.4
20º ASA 32 36 10 2 24 40 73 -33 29.6