Hora da verdade para Kaká e PH Ganso

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Por Juca Kfouri

Se Kaká e Ganso querem jogar na Copa do Mundo do Brasil a hora é esta.

Um está mais para o fim do que para o começo da carreira.

O outro, ao contrário.

Mas se Kaká, com a vida feita, acha que falta uma chave de ouro, será útil abrir mão de mais dinheiro ainda e tratar de voltar a jogar no Brasil.

Porque ficou claro que Felipão não apostará nele como Mano Menezes, corretamente, fez.

gansoE se Ganso, com a vida por fazer, sonha em voltar a atuar ao lado de Neymar, deverá redobrar seus esforços para ficar 100% fisicamente.

Porque é estranho que depois de tanto tempo, e com as férias pelo meio para que se aprimorasse, ele vá para o banco num jogo tão importante como o de amanhã pela pré-Libertadores.

Aqui de longe, fora do país, ainda em férias, fico me perguntando por que Felipão não deu sequência ao que Kaká vinha fazendo tão bem na Seleção e por que Paulo Henrique Ganso não deu mais de si para já estar tinindo no começo da temporada.

Felipão reabilita Julio César e Ronaldinho Gaúcho

13022383O meia-atacante Ronaldinho Gaúcho e o goleiro Julio César foram as principais novidades da convocação da seleção brasileira para o amistoso contra a Inglaterra, dia 6 de fevereiro, em Wembley, em Londres (às 17h30, de Brasília). Esta foi a primeira convocação do técnico Luiz Felipe Scolari em seu retorno ao comando do time principal da CBF. O retorno do Julio César foi o mais surpreendente. O jogador defende o QPR, lanterna do Campeonato Inglês. Já Ronaldinho Gaúcho havia ficado de fora das últimas listas de Mano Menezes, contrariando a vontade do presidente da CBF, José Maria Marin. Outras novidades foram o meio-campista Hernanes, da Lazio (ex-São Paulo), o lateral Filipe Luís, do Atlético de Madri, o zagueiro Leandro Castán, da Roma, e o zagueiro Dante, do Bayern de Munique. O zagueiro Thiago Silva, capitão de Mano, que defende o Paris Saint-Germain, não entrou na lista por estar machucado.

Goleiros
Julio César (QPR-Inglaterra)
Diego Alves (Valencia-Espanha)

Laterais
Adriano (Barcelona)
Daniel Alves (Barcelona)
Filipe Luís (Atlético de Madri)

Zagueiros
Dante (Bayern de Munique)
David Luiz (Chelsea)
Leandro Castán (Roma)
Miranda (Atlético de Madri)

Meio-campistas
Paulinho (Corinthians)
Arouca (Santos)
Hernanes (Lazio)
Oscar (Chelsea)
Ramires (Chelsea)
Ronaldinho Gaúcho (Atlético-MG)
Lucas (Paris Saint-Germain)

Atacantes
Fred (Fluminense)
Hulk (Zenit)
Luis Fabiano (São Paulo)
Neymar (Santos)

Parazão 2013 – Classificação do turno

TIMES PG J V E D GP GC SG AP
Remo 9 3 3 0 0 5 1 4 100.0
Paissandu 7 3 2 1 0 10 5 5 77.8
Paragominas 6 3 2 0 1 5 4 1 66.7
São Francisco 4 3 1 1 1 6 6 0 44.4
Santa Cruz 3 3 1 0 2 2 3 -1 33.3
Águia 2 3 0 2 1 2 6 -4 22.2
Cametá 1 3 0 1 2 1 3 -2 11.1
Tuna 1 3 0 1 2 0 3 -3 11.1

Rock na madrugada – Stealers Wheel, Stuck In The Middle With You

Vitória não esconde problemas

CametaXRemo Parazao 2013-Mario Quadros (30)

Por Gerson Nogueira

Apesar da liderança 100%, o Remo fez um jogo desconcertante ontem em Cametá, mostrando o pior e o melhor de seu repertório nos dois tempos. Na fase inicial, apesar de marcar um gol logo aos 6 minutos (Val Barreto, de cabeça), acomodou-se e permitiu que o Cametá dominasse as ações. De tanto se apequenar na defesa e abrir o meio, acabou cedendo o empate aos 42 minutos (Leandro Mineiro, também de cabeça) e por pouco não sofreu a virada.

Mais espantoso ainda foi o comportamento do meio-de-campo nesse período. Chutões para todo lado, nenhuma articulação com os demais setores e incapacidade de antecipação para marcar. Tantos problemas deixaram o time travado e presa fácil da empolgação e da velocidade do Cametá, cujos armadores Adelson e Leandro Mineiro manobravam com liberdade.

Na segunda metade da partida, usando a mesmíssima escalação, o Remo voltou transfigurado e apresentou sua melhor atuação no campeonato. O time escapou da pressão a partir do novo posicionamento do volante Endy, deslocado para o lado direito da marcação, e da aproximação entre Fábio Paulista e Tiago Galhardo.

CametaXRemo Parazao 2013-Mario Quadros (42)

Como por encanto, a bola passou a rolar de pé em pé, o jogo fluiu e o time começou a fazer triangulações para envolver a defesa cametaense. Aos 8 minutos, nasceu o segundo gol em escanteio cobrado por Galhardo para o cabeceio de Henrique. Ao contrário do começo do jogo, quando fez o gol e se encolheu, o Remo continuou a atacar e criar chances.

Desfrutou de três boas oportunidades antes dos 20 minutos, com Galhardo e Paulista obrigando Labilá a defesas difíceis. Val Barreto cansou e foi substituído por Leandro Cearense e a equipe passou a tocar a bola com mais lucidez e precisão. Até o ala Berg, que errava passes a todo instante, evoluiu e passou a funcionar como opção ofensiva.

Fábio Paulista e Leandro quase ampliaram o marcador em chutes da entrada da área, que Labilá espalmou para escanteio. Pouco acionado na etapa inicial, o goleiro cametaense se configurou na grande figura do segundo tempo pelas defesas. Um sinal claro da transformação ocorrida com o Remo.

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O Cametá até atacava, principalmente depois que Cacaio lançou Landu e Marçal, mas a defesa remista aparecia bem postada pelo alto e não dando espaço para arremates de dentro da área. Até a frágil marcação dos volantes passou a funcionar melhor.

Flávio Araújo elogiou o comportamento do time nos últimos 45 minutos, mas é evidente que deve se preocupar em arrumar o meio-de-campo, onde a fragilidade maior está no baixo rendimento dos volantes e na solidão do meia Galhardo.

Enquanto tiver apenas com Endy e Nata ao seu lado, o camisa 10 pouco vai produzir. Seu crescimento e consequente utilidade para o time dependem de um parceiro qualificado para dialogar. Leandro Cearense talvez seja esse jogador. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

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A armadilha dos três zagueiros

bol_ter_220113_11.psNo futebol paraense, o 3-5-2 tem uma história de insucessos. A rigor, jamais funcionou bem no Brasil, talvez porque aqui os técnicos acabaram com o líbero e usam o esquema para retrancar ainda mais os times. Com três zagueiros, os times precisam ter alas de verdade e volantes com bom passe. Essa combinação, por ser rara, é também cada vez mais cara.

Sob o comando de Flávio Araújo, por força das circunstâncias, o Remo vem adotando o sistema, mostrando claros sinais de instabilidade. Nos três jogos disputados no Parazão, o time cedeu espaços em demasia, principalmente no começo das partidas. Custou a ajustar a marcação e teve problemas para reter a posse de bola. No entanto, venceu sempre e lidera o turno.

Há a convicção de que os alas não funcionam e que o meio-de-campo padece de marcadores em excesso e criadores de menos. A expectativa é para os próximos passos a serem dados pelo treinador. Caso tenha laterais em condições de jogo, manterá o 3-5-2 ou adotará o 4-4-2?

Com jogadores ainda à espera de uma chance, como Ramon e Jerônimo, e alguns lesionados, Valber e Jonathan, é provável que Araújo vislumbre outras formas de montar o time.

Por ora, tem prevalecido a versão mais conservadora do 3-5-2 à brasileira, que muitas vezes se transforma em 5-3-2. As vitórias acontecem, mas o jogo é desenvolvido meio aos trancos e barrancos.

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Direto do blog:

“Continuo com a mesma convicção. O PSC é favorito para o sábado. Tem mais elenco. O time do Remo mostrou limitações extremas. O futebol, porém, trabalha com a imponderabilidade da possibilidade. A probabilidade é toda do Papão”.

De Cássio de Andrade, azulino desconfiado.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 22)

Cametá x Remo (comentários on-line)

Campeonato Paraense – 3ª rodada do Parazão 2013.

Cametá x Clube do Remo – estádio Parque do Bacurau, segunda (21), 20h30.

Na Rádio Clube, Jones Tavares narra e Gerson Nogueira comenta. Reportagens: Paulo Caxiado e Giuseppe Tommaso.

TV Cultura transmite o jogo.

Papão lidera artilharia do campeonato

PSCXAGUIA Parazao 2013-Mario Quadros (32)

Rafael Oliveira e João Neto (Paissandu) lideram a artilharia do Parazão, cada um com 4 gols. Na segunda colocação, com 2 gols cada, aparecem três jogadores: Aleilson (PFC Paragominas), Pikachu (PSC) e Val Barreto (Remo). O Paissandu é também a equipe de melhor ataque, com 10 gols marcados. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)

Olé nasceu no México (viva Garrincha!)

Por João Saldanha

O Estádio Universitário ficou à cunha. Cem mil pessoas comprimidas para assistir ao jogo. É muito alegre um jogo no México. É o país em que a torcida mais se parece com a do Rio de Janeiro. Barulhenta, participa de todos os lances da partida. Vários grupos de “mariaches” comparecem. Estes grupos, que formam o que há de mais típico da música mexicana, são constituídos de um ou dois “pistões” e clarins, dois ou três violões, harpa (parecida com a das guaranias), violinos e marimbas. As marimbas são completamente de madeira, mas não vão ao campo de futebol, sendo substituídas por instrumentos pequenos. O ponto alto dos “mariaches” é a turma do pistão, do clarim e o coro, naturalmente. No campo de futebol, os grupos amadores de “mariaches” que comparecem ficam mais ativos em dois momentos distintos: ou quando o jogo está muito bom e eles se entusiasmam, ou, inversamente, quando o jogo está chato e eles “atacam” músicas em tom gozador. No jogo em que vencemos ao Toluca, que estava no segundo caso, os “mariaches” salvaram o espetáculo.
O time do River era, realmente, uma máquina. Futebol bonito e um entendimento que só um time que joga junto há três anos pode ter. Modestamente, jogamos trancados. A prudência mandava que isto fosse feito. De fato, se “abríssemos”, tomaríamos um baile.
Foi um jogo de rara beleza. E não foi por acaso. De um lado estavam Rossi, Labruña, Vairo, Menéndez, Zarate, Carrizo. De outro, estavam Didi, Nilton Santos, Garrincha etc. Jogo duro e jogo limpo. Não se tratava de camaradagem adquirida em quase um mês no mesmo hotel, mas sim da presença de grandes craques no gramado. A torcida exultava e os “mariaches” atacavam entusiasmados.
Estava muito difícil fazer gol. Poucas vezes vi um jogo disputado com tanta seriedade e respeito mútuos. Mas houve um espetáculo à parte. Mané Garrincha foi o comandante. Dirigiu os cem mil espectadores. Fazendo reagirem à medida de suas jogadas. Foi ali, naquele dia, que surgiu a gíria do “Olé”, tão comumente utilizada posteriormente em nossos campos. Não porque o Botafogo tivesse dado “Olé” no River. Não. Foi um “Olé” pessoal. De Garrincha em Vairo.
Nunca assisti a coisa igual. Só a torcida mexicana com seu traquejo de touradas poderia, de forma tão sincronizada e perfeita, dar um “Olé” daquele tamanho. Toda vez que Mané parava na frente de Vairo, os espectadores mantinham-se no mais profundo silêncio. Quando Mané dava aquele seu famoso drible e deixava Vairo no chão, um coro de cem mil pessoas exclamava: “Ôôôôô”! O som do “olé” mexicano é diferente do nosso. O deles é o típico das touradas. Começa com um ô prolongado, em tom bem grave, parecendo um vento forte, em crescendo, e termina com a sílaba “lé” dita de forma rápida. Aqui é ao contrário: acentua-se mais o final “lé”: “Olééé!” – sem separar, com nitidez, as sílabas em tom aberto.
Verdadeira festa. Num dos momentos em que Vairo estava parado em frente a Garrincha, um dos clarins dos “mariaches” atacou aquele trecho da Carmem que é tocado na abertura das touradas. Quase veio abaixo o Estádio Universitário.
Numa jogada de Garrincha, Quarentinha completou com o gol vazio e fez nosso gol. O River reagiu e também fez o dele. Didi ainda fez outro, de fora da área, numa jogada que viera de um córner, mas o juiz anulou porque Paulo Valentim estava junto à baliza. Embora a bola tivesse entrado do outro lado, o árbitro considerou a posição de Paulinho ilegal. De fato, Paulinho estava “off-side”. Havia um bolo de jogadores na área, mas o árbitro estava bem ali. E Paulinho poderia estar distraindo a atenção de Carrizo.
O jogo terminou empatado. Vairo não foi até o fim. Minella tirou-o do campo, bem perto de nós no banco vizinho. Vairo saiu rindo e exclamando: “No hay nada que hacer. Imposible” – e dirigindo-se ao suplente que entrava, gozou:
– Buena suerte, muchacho. Pero antes, te aconsejo que escribas algo a tu mamá.
O jogo terminou empatado e uma multidão invadiu o campo. O “Jarrito de Oro”, que só seria entregue ao “melhor do campo” no dia seguinte, depois de uma votação no café Tupinambá, foi entregue ali mesmo a Garrincha. Os torcedores agarraram-no e deram uma volta olímpica carregando Mané nos ombros. Sob ensurdecedora ovação da torcida. No dia seguinte, os jornais acharam que tínhamos vencido o jogo, considerando o tal gol como válido. Mas só dedicaram a isto poucas linhas. O resto das reportagens e crônicas foi sobre Garrincha.
As agências telegráficas enviaram longas mensagens sobre o acontecimento e deram grande destaque ao “Olé”. As notícias repercutiram bastante no Rio e a torcida carioca consagrou o “Olé”. Foi assim que surgiu este tipo de gozação popular, tão discutido, mas que representa um sentimento da multidão.
Já tentaram acabar com o “Olé”. Os árbitros de futebol, com sua inequívoca vocação para levar vaias, discutiram o assunto em congresso e resolveram adotar sanções. Mas como aplicá-las? Expulsando a torcida do estádio? Verificando o ridículo a que estavam expostos, deixam cada dia mais o assunto de lado. É melhor assim. É mais fácil derrubar um governo do que acabar com o “Olé”.
Não poderia ter havido maior justiça a um jogador que a que foi feita pelos mexicanos a Mané Garrincha. Garrincha é o próprio “Olé”.
Dentro e fora de campo, jamais vi alguém tão desconcertante, tão driblador. É impossível adivinhar-se o lado por onde Mané vai “sair” da enrascada. Foi a coisa mais justa do mundo que Garrincha tivesse sido o inspirador do “Olé”.

(Extraído do livro “Subterrâneos do Futebol”, ed. Tempo Brasileiro, 1963)