Organizar, planejar e pagar em dia. Palavrinhas usadas exaustivamente nos últimos tempos, mas de baixíssima aplicação nos grandes (ainda) clubes da capital. Essa receita, turbinada pelo esforço pessoal dos principais envolvidos, garantiu a surpreendente campanha do Independente Tucuruí, campeão paraense de 2011.
Esta é a explicação para o êxito do time interiorano nas palavras do técnico vitorioso, Sinomar Naves, em entrevista ontem ao “Bola na Torre” (TV RBA). Segundo ele, não houve milagre, nem fórmula mágica, apenas muito trabalho e atenção aos detalhes.
Obviamente, inúmeros problemas pipocaram pelo caminho, a começar pela falta de estrutura do Independente para encarar a competição estadual e ausência de recursos para contratações. Muitas vezes, porém, os obstáculos ensejam idéias criativas. Foi o que Sinomar procurou fazer, buscando jogadores desconhecidos e à altura das carências do time.
A vitória maior começou a se materializar com o triunfo na Segunda Divisão do Parazão. Ali também se iniciava o trabalho de montagem do time para o torneio principal. O técnico revelou, em conversa antes e depois do programa, que recorreu à amizade com outros treinadores para viabilizar a vinda de alguns jogadores, entre os quais Fábio Gaúcho, um dos destaques do campeonato.
Já a aposta nos veteranos Gian (36 anos), Peabiru (33), Silva (38) e Marçal (33) foi baseada em informações sobre os atletas e na pura intuição. Gian havia sido dirigido por Sinomar no Remo em 2010 e topou o desafio, contribuindo com sua experiência para consolidar a equipe.
Claro que parte da tal liga conseguida pelo Independente tem a ver com o fator sorte, fundamental em qualquer esporte ou atividade. Ocorre que é preciso também ajudar a sorte e Sinomar fez por onde, garimpando as peças certas para compor o grupo e chegou ao título apesar das visíveis limitações do elenco. São méritos incontestáveis.
E o mesmo Independente Tucuruí que usou receita tão certeira no Parazão começa a pisar perigosamente na bola às vésperas da estréia na Série D. Segue sem técnico (Sinomar ainda não renovou com o clube) e desfalcado de figuras importantes do time campeão. Em resumo: comporta-se como time pequeno.
A tão aguardada estréia de Paulo Henrique Ganso como titular da Seleção simplesmente não aconteceu. Pouco inspirado e fora de suas características mais louvadas, como o drible curto e a troca de passes em velocidade, o paraense frustrou expectativas. Nada de tão grave, apesar do tropeço. O problema é que cresce a pressão e surgem as primeiras desconfianças. De minha parte, continuo acreditando.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 4)