O sucesso dos goleadores nativos é, seguramente, a mais auspiciosa notícia deste começo de Campeonato Paraense. Vem confirmar a tendência observada nos últimos anos. Ao contrário de outros tempos, quando a legião estrangeira constituía a esperança – nem sempre consumada – de gols, os torneios mais recentes têm mostrado a predominância dos atacantes regionais.
Desde 2007, quando Róbson foi o maior goleador, com 13 gols, os talentos paraenses prevaleceram na competição. Em 2008, Marclésio (Águia) foi o goleador máximo, com 13 gols. Em 2009, Hélcio, do S. Raimundo, liderou marcando 12 gols. No ano passado, Moisés (Paissandu) foi o principal anotador, com 13 gols.
Ró, Leandro Cearense, Rafael Oliveira e Felipe Mamão são os destaques na tábua de artilheiros do certame deste ano, sendo que os três últimos conseguiram uma façanha rara: marcaram três gols, cada, numa só rodada. Pode até ser nuvem passageira, como dizia aquele outro, mas é justificado o entusiasmo dos torcedores com os dianteiros nascidos por aqui.
O próprio Remo, que ainda não acertou a mão na busca por um centroavante, decidiu voltar suas vistas para o baionense Ró, que impressionou com os quatro gols assinalados pelo Independente Tucuruí nas três primeiras rodadas. A contratação contou com a plena aprovação do torcedor, diga-se. Sinal de que nas arquibancadas já reina a confiança nos milagres dos santos da casa.
A torcida do Corinthians protagonizou na sexta-feira passada cenas das mais selvagens de cerco a ônibus e propriedade de um clube no país. Ecos da vexatória eliminação na Taça Libertadores ante o modesto Tolima. Torcidas organizadas estão acostumadas a barbarizar impunemente nos estádios, mas poucas vezes se arriscam a emboscadas como a que ocorreu na concentração corintiana.
Como não há rigor nas punições – quando alguém lembra de aplicá-las –, os atos violentos se repetem e encorajam a mesma prática nas outras cidades do país. O que aquela turba armada fez, ameaçando fisicamente os jogadores, foi puro terrorismo, como bem definiu Ronaldo Fenômeno, um dos alvos da ira dos baderneiros.
Ocorre que, pelo menos quanto ao ídolo, não há a menor coerência em criticar o comportamento das torcidas organizadas. Não foi o próprio Ronaldo, com a demagogia típica dos craques do marketing, autor de uma apaixonada declaração de carinho pelo “bando de loucos”? Quem não pode com o pote não pega na rodilha, já ensinava meu saudoso pai-avô Juca.
A coluna parabeniza os companheiros Geo Araújo e Nildo Matos pela vitória na eleição para a presidência da Aclep, em pleito pacífico e concorrido, realizado ontem, no hotel Sagres. Desejo ao novo presidente todo sucesso na desafiadora empreitada.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 9)