Coluna: Uma dupla sem rumo

A 81 dias do começo do campeonato estadual de 2011, os dois principais clubes do Estado disputam corrida para ver quem desarma a barraca mais cedo e se apruma melhor para a nova temporada. Por enquanto, os passos são confusos e desnorteados.
O Remo, depois de eliminado da Série D, perdeu o bonde e praticamente já não tem time. Enquanto isso, no plano administrativo, tenta sobreviver ao vendaval provocado pela tumultuada gestão Amaro Klautau, ainda sem saber ao certo o real tamanho do prejuízo.
Do outro lado da Almirante Barroso, o Paissandu se prepara para recomeçar do zero, passando a guilhotina no elenco responsável por nova decepção na Série C. Até ontem, 13 jogadores já tinham sido liberados e a semana deve terminar com a conta chegando facilmente a 20 dispensados. Fabrício, titular absoluto do meio-campo durante todo o torneio, é a principal novidade. Aldivan também surpreende entre os descartados.
Segundo os dirigentes, a meta é buscar jogadores bons e baratos para remontar o time, evitando a importação maciça que prevaleceu nesta temporada. O exemplo de Tiago Potiguar, grande estrela da companhia e cuja contratação saiu quase de graça, é citado a todo instante e deve nortear a política de contratações para o certame estadual.    
Radical no ímpeto de renovar a equipe, a diretoria mostra-se conservadora em relação à comissão técnica. Charles Guerreiro, alvo de duras críticas pela não classificação à Série B, será mantido como funcionário do departamento de futebol e provavelmente fará sombra ao novo técnico – mais ou menos como Didi agiu em relação a ele. Parece estratégia para estimular competitividade interna, mas pode ser foco de futuros problemas.   
 
 
Bode expiatório da eliminação bicolor na Série C, o volante Sandro informou a amigos que voltará a Belém no domingo disposto a pôr a boca no trombone. O aviso tem um claro tom ameaçador.
 
 
Em mensagem à coluna, o professor Gil Mattos comunica o surgimento de um projeto para mobilizar, a partir de novembro, o torcedor do Remo através de eventos promocionais e reuniões para discutir alternativas para a situação do clube. “São atos que mostrarão a consciência e indignação de toda esta Nação Azul diante dos fatos recentes e de toda a atual situação lastimável em que nos encontramos”. É a primeira iniciativa concreta para reagir ao caos, unindo comunidades remistas no Orkut aos integrantes do grupo uniformizado Leões da Real. Gil adianta que uma partida de futsal envolvendo ex-craques azulinos (Dico, Aderson, Mesquita, Bira, Ageu e outros) é um dos primeiros eventos planejados para arrecadar fundos e mobilizar os torcedores. O objetivo declarado da campanha é tirar a massa torcedora da inércia e deixar “uma reflexão e um recado aos que hoje estão enterrando cada vez mais o Remo”. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 28)