Coluna: A hegemonia sulista

A contratação de Luiz Carlos Barbieri, anunciada anteontem pelo Paissandu, confirma a curiosa preferência dos dirigentes locais por técnicos da chamada escola sulista – se é que se pode definir assim um jeito de trabalhar que, a rigor, teve em Luiz Felipe Scolari seu representante melhor sucedido.
Essa tendência não vem de agora. Começou lá no final dos anos 80. O primeiro a buscar nomes da parte inferior do mapa foi o Remo, com o gaúcho Cláudio Duarte, ex-beque do Internacional, que passou não mais que um chuvisco em Antonio Baena. Desistiu diante da falta de estrutura e do time capenga que lhe foi oferecido.
Em seguida, o Remo trouxe – primeiro como jogador – o paranaense Cuca, que também não sentou praça, apesar de deixar boa impressão quanto ao caráter e à condução do elenco. Depois, seria a vez de Paulo Bonamigo, ex-volante do Grêmio e treinador iniciante, que aportou aqui no começo da década e esteve a um passo de levar o Remo à Primeira Divisão, após excelente campanha, com Balão no melhor momento da carreira.
Não demorou muito e o Paissandu também se engraçou pelo estilo enérgico da gauchada. Sob a gestão de Artur Tourinho, em plena disputa do Brasileiro da Série A, Ivo Wortmann desembarcou na Curuzu. Teve começo auspicioso, mas terminou vitimado pelos maus resultados e a indisfarçável má vontade da arbitragem contra o emergente do Norte. Lembrado depois da saída de Nazareno Silva, foi vetado em função do salário proibitivo, acima da realidade local, e pela avaliação ruim que alguns dirigentes fazem de sua passagem pelo clube.
Recentemente, o Paissandu importaria outro representante da escola dos pampas: Edson Gaúcho, discípulo assumido de Scolari, que chegou no começo deste ano e conquistou o título estadual. Percalços enfrentados num grupo teoricamente fácil da Série C e encrencas generalizadas – com a diretoria, com a imprensa esportiva e parte da torcida – selaram o destino do irascível treinador.
Chega a vez de Barbieri, de currículo mediano (Paraná, Guarani, Sertãozinho e Fortaleza) e estilo pouco conhecido, mas que tem a vantagem de não custar caro num mercado inflacionado. Que ninguém se engane, porém: pesou mesmo na decisão dos dirigentes sua procedência geográfica. Não há nenhum estudo científico que confirme a vantagem dos treinadores gaúchos, mas há quem acredite piamente na lenda de que são mais disciplinadores e eficientes que os demais. Tenho cá minhas dúvidas.
 
 
Barbieri ainda nem chegou, mas o Paissandu já descartou cinco peças que tinham sido avalizadas pelo técnico Nazareno Silva. Saem Carlos Eduardo, Tobias, Vagner, Jonathan e Dudu. Só não entendi porque foram mantidos Adônis e Bruno Lança, de atuação igualmente pífia no Re-Pa de domingo.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 16)

17 comentários em “Coluna: A hegemonia sulista

  1. Dois Gaúcho

    Diz que o gauchão estava montado em seu cavalo, conduzindo a tropa de gado pelo pampa, de uma estância para outra.
    Passando próximo à curva de um rio, qual não foi sua surpresa ao ver dois gaúchos, ambos de bombachas arreada, um
    comendo o outro. Diante daquela cena o gauchão perdeu a paciência:

    – Mas que diabo, tchê!! – dando dois tiros pra cima – como se não bastasse a fama que tem este estado, os próprios gaúchos
    agora contribuem?! Pois vou passar fogo nos dois!!!

    O “gaúcho ativo”, sem parar de fazer o que estava fazendo, responde:
    – Tu não ta vendo que estou salvando a vida deste vivente aqui? – dando umas palmadinhas no traseiro do “gaúcho passivo”.
    – Mas como assim salvando a vida? – pergunta intrigado o gauchão, trinta e oito ainda em punho.
    – O vivente aqui tava se afogando – explica o gaúcho ativo, ainda fazendo o que estava fazendo.
    O gauchão ficou meio ressabiado, cofiou a barba e finalmente argumentou:
    – Mas se o infeliz tava se afogando, tu tinha que tirar ele da água, fazer uma massagem no peito, uma respiração boca a
    boca…
    – E como é que tu acha que tudo começou, tchê?

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  2. Haroldo, não importa o tipo de humor,mas que valeu, valeu. E na esteira vou eu : ” Deputado gaúcho discursando no Congresso afirmou: la no Rio Grande somos todos homens, HOMENS. O interlocutor respondeu: No meu Estado temos homens e mulheres e nos damos muito bem.

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  3. Gerson, hoje tô em todas. O nome do novo técnico do Papao fez-me lembrar do filme o ULTIMO TANGO EM PARIS cuja trilha sonora foi composta por Gato BARBIERI, saxofonista argentino.

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  4. Gérson se realmente a questão é de disciplina, no 2° BIS tem muito gaúcho e disciplinador. Basta deixar o Charles Guerreiro cuidar da parte técnica, não achas? Pelo menos economizaria nas passagens e hospedagem, pois o EB fornece a moradia.

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  5. Piadas em referência a naturalidade do cidadão brasileiro é o que há de pior!

    Quem diz isso sou em mesmo, já que estou morando em Manaus (por pouco tempo) e convivo com piadinhas disfarçadas de intolerância!

    Triste! Muito triste!!

    Mas….???

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  6. Esqueceram do governador deles. Agora a respeito de botar banca e ser disciplinador, isso e relativo, basta ver Paulo Amaral, Iustric, Antonio Lopes, Murici e outros. A verdade e que ha gauchos que sao bons treinadores – nao sei se esse e o caso do Barbieri. Se der certo, sera sorte, porque e uma aposta, ja que ele nao conhece o futebol local. Se nao der, estara sendo trilhado o celere caminho rumo a quarta divisao.

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    1. Acácio , já estou até encabulado de te perguntar:

      Mas uma vez:

      Aonde assino???…heheh!

      Jorge, político não vale como referência!! ..hehehe!

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  7. O Ivo Wortmann não sofreu pelos maus resultados, sofreu pelos oito pontos que tiraram do Paysandu na época, aqueles que o Tourinho disse que estava na poupança (de quem eu não sei). Mesmo assim, Ivo conseguiu livrar o time do rebaixamento.

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  8. se n fosse de gaucho seria..de Polones,Espanhol..ou Portugues, dessas eu escutei a vida toda em meu tempo de escola e estou vivinho, sem cicatrizes alguma.
    De intolerancia(a verdadeira) eu sou PH..vivo ha mais de 20 anos fora do Brasil.

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