Trechos da curiosa e reveladora matéria assinada pela repórter Rita Soares, a partir de conversa com o ex-governador Almir Gabriel, que o DIÁRIO publica na edição desta quarta-feira, 30.
Artimanha
Evitando usar a palavra traição, Almir disse ter sido surpreendido com o acordo entre Jatene e Mário Couto. Disse que chegou a ouvir da direção nacional do partido e do próprio presidente do diretório estadual no Estado, senador Fernando Flexa Ribeiro, que não haveria a festa no sábado, 14, organizada pelos partidários de Jatene. Um dia antes, contudo, o acordo foi anunciado na imprensa e a festa acabou acontecendo no domingo dia, em que Almir redigiu um bilhete à mão e ditou por telefone para a reportagem do DIÁRIO. “O PSDB foi trouxa de escolher de jeito informal o candidato antes dos outros. Botarem as cartas na mesa”.
Eleições 2006
Revivendo os dias da campanha de 2006, quando Almir Gabriel foi derrotado para Ana Júlia Carepa, o ex-governador garantiu que só foi candidato porque Jatene não quis entrar na disputa, dividido que estava a entre a música, a vida intelectual e a política. “Não foi um favorzinho”, disse Almir.
Faltou “porrada”
Com os políticos e jornalistas com quem tem conversado Almir tem batido na tecla de que é preciso buscar uma nova forma de fazer política no Pará deixando de pensar na dicotomia entre bem e mal. “É preciso ler a política sob várias nuances. Não quero ficar nessa de Jatene versus Almir. Hoje, quem é PT acha que Ana Júlia é o bem. Quem é Jatene acha que ele sim é o bem e vice-versa”. Para Almir, essa é uma forma atrasada de fazer política. Pelos cálculos do ex-governador, o Pará poderia saltar da 23ª posição para a sexta entre as maiores economias do País. Isso em apenas duas décadas e meia. A renda per capta anual de R$ 4 mil poderia chegar a R$ 6 mil nesse período. E para isso, bastaria utilizar bem os recursos naturais do Estado – minério, madeira, água, sol e terra. Indagado sobre o porquê de não ter posto essa idéia em prática já que ficou no governo durante oito anos, Almir admitiu que faltou mais “porrada”.
Sobre Jader
Outro mito que segundo Almir era preciso desfazer é o de que tem diferenças irreconciliáveis com o presidente do PMDB no Pará, deputado federal Jader Barbalho. Para ele Jatene também teria dificuldade numa composição já que deixou de cumprir acordo com Jader e ainda trabalhou para encolher a bancada peemedebista na Assembléia Legislativa. (…) “A minha discordância (com Jader) foi na hora da fundação do PSDB”, explicou Almir já que os tucanos surgiram de uma dissidência do PMDB – partido que no período da abertura política abrigou todas as correntes que lutavam contra a ditadura militar. Na opinião de Almir o mito de que odiava Jader foi criado porque para o deputado era muito mais fácil negociar com Jatene. “O Jatene é primário em termos de fazer política. O Jader tem pós-graduação”.
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