
Por Gerson Nogueira
O Paissandu está diante de um dos maiores desafios de sua história recente: marcar seis pontos contra dois oponentes difíceis e tecnicamente superiores. O primeiro obstáculo será o Bragantino, hoje à tarde, no Mangueirão. Um jogo que normalmente já seria complicado tem seu grau de dificuldade ampliado em função das necessidades do Papão. Não há meio-termo, é vencer ou vencer.
Situações-limite exigem ações drásticas, pregam todos os manuais de guerra. Na reta final do Brasileiro da Série B, com um concorrente distanciado dois pontos e outro nos seus calcanhares, o Paissandu não pode mais se dar ao luxo de administrar a caminhada, terá que adotar uma postura radical, sem rodeios, para passar pelo Bragantino.
A principal arma nessa empreitada é o conhecimento que o técnico Vagner Benazzi detém a respeito do adversário. Comandou o Bragantino ao longo de todo o primeiro turno do campeonato. Saiu de lá e veio para o Papão. Com a autoridade de quem montou o grupo, Benazzi deve ter lá seus trunfos para anular os recursos e explorar os pontos falhos do time.
Pela campanha do time na Série B, a força do Braga se concentra nas jogadas aéreas. Nos lances de ataque, destaca-se o centroavante Lincoln. Quando acontece uma falta ou escanteio, junta-se ao atacante o zagueiro Rafael Andrade, outro exímio cabeceador, que defendeu o Remo no ano passado.
Para uma defesa que costumeiramente se atrapalha em bolas aéreas, enfrentar um ataque especialista nesse tipo de jogo pode ser uma tremenda dor-de-cabeça. Sem o titular Fábio Sanches, o Papão terá como dupla de beques Raul e Leonardo D’Agostini.
Raul já mostrou qualidades neste segundo turno, comportando-se muitíssimo bem diante do Palmeiras no Mangueirão. Já não foi tão bem em Juazeiro, mas, a rigor, ninguém foi bem naquela noite. Dependerá dele, principalmente, a segurança da zaga. Leonardo falhou muito contra o Oeste, comprometendo os planos do time naquela partida.
No meio-campo, somente a presença de Eduardo Ramos garante um jogo mais organizado e fluência no ritmo da equipe. O camisa 10 será, outra vez, peça-chave para a construção da vitória. Tanto pelos lançamentos para Pikachu, que terá certamente marcação individual, como pela própria facilidade para finalizações de fora da área. Djalma, que o auxilia e se movimenta mais pelos lados, cresce muito quando Ramos está em dia inspirado.
A contusão de Marcelo Nicácio desfalca o Papão de seu melhor homem de área, embora nem sempre eficiente pela dificuldade de se antecipar a zagueiros mais rápidos. A questão é saber se, depois do incidente no jogo com o Palmeiras, Nicácio iria jogar em paz. Penso que não. Qualquer erro seu seria cobrado com rigor pela torcida. Sua ausência, portanto, pode deixar o time mais leve para buscar a vitória.
Careca, seu substituto, é mais ágil e precisa de alguém sempre ao lado, puxando as jogadas. Héliton pode funcionar bem como o homem da escolta. Ambos são rápidos e o Paissandu vai precisar jogar em velocidade para fugir à marcação do Bragantino.
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Guará e Dragão não podem vencer
Os outros dois jogos que interessam diretamente ao Papão são Guaratinguetá x Paraná e Oeste x Atlético-GO. O pior dos resultados seriaa vitória do Guará, que iria a 44 pontos, praticamente escapando do rebaixamento. Na outra partida, até um empate entre Oeste e Dragão já é razoável para o Papão.
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Direto do blog
“Aquele time do Flamengo campeão da Taça S. Paulo de juniores tinha um monte de promessas, todas mal lançadas no time principal. Hoje restam na reserva o Frauches, o Adryan e o Rafinha. Por isso, estou de pleno acordo que a raça e o talento dos meninos da Curuzu seriam de grande valia, desde que aproveitados em momento anterior, não na hora da decisão. Em 1979, vi Paulo Guilherme substituir o limitado Lineu e ser responsabilizado pelo gol do Bira, que deu a vitória e o tri ao Remo. Pra que tivesse seu futebol reconhecido, PG foi brilhar na Tuna, onde sagrou-se campeão brasileiro da Série B, ao lado de Queiroz, Jorginho, Ondino, Thiago, Luís Carlos e outros. Por isso, por mais angustiados que estejamos todos com a apatia de alguns ‘figurões’ desse time não se deve transferir para os garotos a responsabilidade que é de outros.”
De Jorge Paz Amorim, preocupado com as cobranças exageradas às pratas-da-casa.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste sábado, 23)