Por Gerson Nogueira
Depois da derrota em Juazeiro do Norte, o Paissandu se reapresentou ontem e as declarações dos jogadores sinalizam para uma recuperação emocional do elenco. Dependendo de duas vitórias – e uma combinação de resultados – para se afastar da zona maldita e permanecer na Série B, o time tem agora como prioridade a partida com o Bragantino, no próximo sábado, às 16h20, no estádio Jornalista Edgar Proença.
Antes de pensar ou fazer qualquer plano em relação ao Sport, adversário da última rodada, cabe ao Paissandu concentrar esforços para superar o Bragantino. A equipe paulista tem 43 pontos e está praticamente a salvo, mas vem a Belém buscar pelo menos um ponto.
Vagner Benazzi treinou o Bragantino no primeiro turno do campeonato e tem certamente informações privilegiadas sobre a equipe. É fundamental a essa altura dar espaço e liberdade no time a jogadores que atravessam um bom momento.
É o caso de Pikachu e Eduardo Ramos. Artilheiro (com 9 gols) e dono do melhor desempenho individual do Papão ao longo do torneio, a excelente participação de Pikachu nas ações ofensivas há muito indicam que ele seria muito mais útil ao time e letal aos oponentes se dispusesse de liberdade plena para apoiar o ataque, sendo liberado de suas funções defensivas.
Parto do princípio de que Pikachu, na condição de lateral-direito, termina por se desgastar em excesso na marcação e vigilância a atacantes adversários. Deveria poupar fôlego e entusiasmo para se dedicar exclusivamente a tarefas ofensivas. Ao técnico cabe arranjar um formato que permita essa liberdade maior ao seu mais eficiente atacante.
Outro que voltou a atuar em alto nível foi Eduardo Ramos. Responsável pelas melhores situações criadas no jogo diante do Icasa, foi o autor inclusive do chute que resultou no gol bicolor. Desgastado junto ao torcedor pelas notícias de uma possível transferência para o Remo, Ramos parece ter se conscientizado de que o melhor a fazer é dedicar-se ao máximo para ajudar o Papão. Pensou bem.
Declarou ontem que jogou em Juazeiro com disposição de final de campeonato, como se fosse o último jogo de sua vida. O espírito deve ser exatamente esse, afinal o Paissandu terá nas próximas rodadas decisões quanto ao futuro. Mais do que a prometida gratificação aos jogadores para se empenharem mais, cabe à diretoria incutir no elenco a noção clara de que o rebaixamento é mau negócio para todos.
Não faz o menor sentido é tentar aplicar anabolizante financeiro para obter raça, categoria e disposição dos jogadores. Quem não exibiu isso até agora provavelmente é porque nunca teve esses atributos para mostrar. Simples.
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Futebol em ritmo de MMA
O final do primeiro tempo e os 15 minutos iniciais do amistoso Brasil x Honduras, sábado, em Miami, mostraram que o futebol está precisando de regulação mais rígida quanto aos árbitros. A Fifa adotou como princípio, preocupada em conquistar novos mercados (e votos), escalar livremente árbitros de países sem qualquer tradição no futebol.
Na partida contra os hondurenhos, por absoluta omissão do árbitro canadense, Neymar foi caçado em campo pelos zagueiros e volantes, chegando a levar um safanão em frente ao banco de reservas do Brasil. O agressor recebeu um cartão amarelo, quase um prêmio, depois de demonstrar que sua intenção na jogada era apenas agredir, em cena digna de lutas de MMA.
Dois minutos depois, após dividir a bola com um volante, voltou a ser agredido e o árbitro novamente recorreu ao amarelo como recurso punitivo. Além de Neymar, Oscar e Luiz Gustavo também passaram maus bocados junto aos hondurenhos, que pareciam dispostos a quebrar e tirar alguém de campo. Felizmente, não conseguiram.
Talvez tenha chegado o momento de a Fifa rever seus critérios e passar a avaliar amistosos internacionais com o cuidado que dedica a competições oficiais. Afinal, ela é a principal responsável pelo respeito às regras do jogo e deve se preocupar com a integridade física dos raros craques que ainda existem.
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Direto do Facebook
“Ei, caro amigo Gerson Nogueira, tem gente que se contaminou com as ideias do antigo presidente que dilapidou o histórico escudo do estádio Baenão. Agora querem sortear o sagrado Leão Azul que fica dentro do campo de jogo. Este símbolo não se dá, não se vende, não se rifa, não se faz sorteio ou qualquer outra maluquice.”
De Carlos Sidney, torcedor azulino, bradando contra a tosca ameaça de ataque à história do clube.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 19)