Desculpas, contas e mágicas

Por Gerson Nogueira

Tudo soa fora de ordem quando o técnico assume um discurso derrotista, quase jogando a toalha e acentuando que veio para chegar até a rodada final, mas se eximindo de qualquer responsabilidade pelo desfecho da campanha. Não pode ser assim. O Paissandu fazia campanha irregular no campeonato e Vagner Benazzi veio, a peso de ouro, para dar um jeito na situação.

Depois da derrota em Juazeiro do Norte, na sexta-feira à noite, o técnico voltou a fazer um inventário dos problemas anteriores à sua contratação como se isso fosse relevante a essa altura do pagode. Benazzi ressalta que encontrou a casa desarrumada e que assumiu quando quase ninguém tinha esperanças de salvação. Conversa furada. O campeonato ainda estava na metade do returno e não havia esse clima desesperador.

É preciso encarar os fatos. Brigando pelo acesso, o bravo Icasa jogou dentro de seu tradicional esquema de bolas aéreas e chegadas rápidas com o arisco Neílson pela direita. Fez o gol logo a um minuto, sofreu o empate numa bola acidental de Eduardo Ramos que o goleiro espalmou nos pés de Pikachu. Nem assim o time cearense mudou sua maneira de atuar.

bol_dom_171113_23.psConfiante, foi à frente e chegou ao triunfo em lance de pura habilidade. Troca de passes curtos à entrada da área e bola limpa para o arremate bem colocado do meia Elanardo. No cômputo geral, um placar justo, pois o Icasa teve ao longo da partida pelo menos seis chances concretas para marcar e aproveitou duas.

O Paissandu, ao contrário, teve domínio de bola e espaço para criar, mas só chutou três bolas no gol defendido por João Ricardo. Eduardo Ramos deu os três disparos. Um tiro cruzado resultou no gol. Os outros dois caíram nas mãos do goleiro. Muito pouco para um time que precisava vencer para seguir vivo na competição.

Apesar do que se viu em campo, com flagrante superioridade tática do Icasa, Benazzi preferiu reclamar das advertências aplicadas pelo árbitro carioca. Pode até ter alguma razão, mas o fato é que tudo se decidiu na maneira determinada com que o time cearense se lançou ao jogo.

No Papão, salvaram-se Eduardo Ramos e Pikachu, mas Sanches, Pablo e Nicácio tiveram atuação pavorosa.

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Combinação mágica de resultados

A partir do revés em Juazeiro, o Paissandu terá uma semana inteira para se dedicar a cálculos e projeções, consciente de que sua situação ficou muito delicada. Um amigo alviceleste comentava na sexta-feira, depois do jogo, que uma “combinação mágica” de resultados pode assegurar a salvação mesmo que o Papão vença o jogo contra o Bragantino, em casa, e não pontue diante do Sport no Recife.

Para que isso seja possível, o Papão terá que secar o Guaratinguetá. Com 41 pontos, o time paulista terá adversários encardidos pela frente – Paraná, em casa, e Atlético-GO, em Goiânia. Não esquecendo que o Guará leva vantagem no critério de vitórias (11 a 10).

Mas há outro perigo no horizonte: o Atlético, que jogou ontem contra o América-MG, pode ultrapassar o Papão, caso faça 4 pontos diante de Oeste e Guaratinguetá. A mágica terá que se fazer real nas duas rodadas restantes.

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Quando a atração é a própria camisa

O tal mistério da camisa 33 do Remo está perto de ser elucidado. Vários nomes têm sido especulados (Herrera, Nilmar, Leandrão), mas os dirigentes desconversam, aparentemente preocupados em não atrapalhar negociações. Diante disso, o campo fica livre para chutes de toda ordem. Além do sempre citado Eduardo Ramos, já se falou até em Bruno Rangel, valorizadíssimo como artilheiro da Série B.

Como a diretoria vai lançar, em pré-venda, a camisa 33 nesta segunda-feira, é provável que no fim das contas todos descubram que a principal atração de fato é o próprio uniforme azulino, que para o seu torcedor vale mais do que qualquer usuário eventual.

Consultas informais indicam que o torcedor vai adquirir a camisa independentemente de quem seja o jogador contratado. Acima de tudo, há a consciência de que a promoção é uma tacada de marketing que pode bancar o primeiro semestre do futebol remista.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 17)