Por Gerson Nogueira
O Remo venceu, mas deixou a torcida com a pulga atrás da orelha para o segundo jogo, em Paragominas. Nem tanto pelo placar magro, que é característico do time neste campeonato, mas pela falta de inspiração para envolver um adversário retrancado e que cedeu muito espaço no meio-de-campo. A atuação de ontem ratificou o talento de Flávio Araújo para fechar defesas e sua absoluta falta de jeito quando é necessário atacar intensamente.
A presença de dois atacantes, Leandro Cearense e Val Barreto, não garantiu a agressividade esperada. Pelo contrário. Bem vigiados, pouco produziram no primeiro tempo e continuaram mal no segundo. Para complicar ainda mais, Araújo fez a substituição errada. Tirou Barreto quando a saída de Cearense era mais recomendável.
Branco, autor do gol e herói da tarde, deveria ter entrado já no intervalo. Pela movimentação e combatividade, era o jogador talhado para as condições do gramado. Certamente faria com Barreto uma dupla das mais perigosas. Aliás, sempre funcionaram bem nas raras vezes em que foram escalados juntos.
O domínio ilusório que o Remo teve no primeiro tempo tem origem no posicionamento dos meios. Capela e Ramon começaram na mesma faixa, pelo lado direito do ataque, mas Ramon se movimentava mais, enquanto Capela se perdia na marcação. Com os atacantes presos e os meias sem alternativas, restavam as jogadas pelos lados, mas Alex Ruan sempre tinha dois jogadores a obstruir passagem. Endy se mantinha recuado e, novamente, errando muitos passes.
Velocidade e aproximação, dois conceitos fundamentais no futebol de hoje e sempre, inexistiram no Remo. Nesse sentido, a ausência de um volante ofensivo como Jonathan comprometeu a ligação. O time até trocava muitos passes, mas sem arriscar infiltrações, tarefa que Jonathan cumpre com grande eficiência.
Aos poucos, o PFC armou-se de coragem e passou a ameaçar. Primeiro com um chute de Rondinelli que passou muito perto. Depois, Aleilson teve a grande oportunidade para abrir o placar, mas tocou rente ao poste esquerdo de Fabiano.
O Remo só entrou na frequência da torcida (mais de 32 mil pessoas presentes ao Mangueirão) a partir da entrada de Galhardo no lugar de Ramon. Alex Ruan postou-se no campo de ataque e esteve muito perto de abrir o marcador, com um disparo rasante, próximo à trave.
Mais ousado, Galhardo posicionou-se na intermediária do PFC, caindo pela direita, para cruzar ou entrar na área. Graças a isso, surgiu o gol. Foi de Galhardo o passe preciso para Branco finalizar, em chute cruzado, aos 28 minutos.
A vantagem empolgou a equipe, que avançou mais buscando ampliar, mas expondo-se a contra-ataques fulminantes do PFC. Em duas ocasiões, o empate esteve desenhado, sendo que Fabiano voltou a aparecer com destaque, fazendo defesas arrojadas. No fim das contas, pesando prós e contras e as chances de lado a lado, foi um jogo agradável de assistir e que evidenciou um grande equilíbrio entre os finalistas.
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Arbitragem na berlinda, de novo
A arbitragem de Joelson Nazareno Cardoso podia ter deixado o jogo fluir mais. Talvez preocupado com os lances mais ríspidos, travou muito a partida, marcando faltas desnecessárias. Economizou cartão amarelo no primeiro tempo, apesar de faltas muito duras de Rubran, Nata e Cristóvão. Na etapa final, saiu carimbando a esmo. Pior para o Remo, que perdeu dois volantes (Gerônimo e Nata) para a segunda partida.
No aspecto técnico, equivocou-se na concessão de vantagens. No primeiro tempo, em lance que envolveu Alex Ruan e Capela na entrada da área do PFC, resolveu assinalar falta quando a jogada estava prestes a ser finalizada.
Os dirigentes remistas saíram criticando os critérios de Joelson, atribuindo seu rigor a uma suposta represália pelas declarações do vice Zeca Pirão, ainda no primeiro turno. Bobagem. Os erros têm mais a ver com indecisão e insegurança. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
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Glória e decadência de um time
No apogeu do time treinado por Pep Guardiola, pairou sempre uma grande dúvida quanto ao poderio técnico do Barcelona. Conseguia tantas vitórias espetaculares pela força coletiva ou porque tem o melhor jogador do mundo? A pergunta, repetida insistentemente, parece estar sendo respondida agora.
É impressionante a falta que Lionel Messi faz. Sem ele, o Barça fica num beco sem saída. Troca centenas de passes, retém a bola, mas perde praticamente 50% de seu poder de fogo no ataque. Em resumo, vira um time comum.
A incontestável goleada de 7 a 0 (no placar combinado) para o Bayern nas semifinais da Liga dos Campeões atesta essa crônica dependência. Xavi, Iniesta, Villa e os demais jogadores são bons, mas não têm a faísca de genialidade que acompanha o argentino.
Como outra portentosa esquadra de futebol, o Santos de Pelé nos anos 60, o Barcelona atual não pode viver sem seu astro. O Peixe também tinha excelentes coadjuvantes – Pepe, Coutinho, Zito, Mengálvio –, mas só o Rei era capaz de fazer chover. O talento sempre vai fazer a diferença.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 02)










