Um triunfo sem discussão

PSCXPFC final Parazao-Mario Quadros (49)

Por Gerson Nogueira

Foi praticamente um amistoso, como todo mundo já esperava, mas de qualquer forma valeu uma conquista importante. É o 45º título estadual da história do Paissandu. Ironicamente, pelos méritos do próprio time o triunfo acabou sofrendo um esvaziamento. A categórica goleada imposta no primeiro jogo fez com que a superioridade técnica bicolor se ampliasse ainda mais em relação ao adversário e tirou um pouco da graça da vitória final.

No jogo, nem o surpreendente gol de abertura logo aos 3 minutos tirou a tranquilidade da equipe da capital. O Paissandu rapidamente se recompôs e passou a atacar seguidamente, com boas participações dos homens de meio-de-campo, com destaque para Ricardo Capanema, Djalma e Eduardo Ramos.

Distribuindo passes para as laterais, Ramos voltou a ser o organizador que tanta falta fez no confronto da quarta-feira diante do Naviraiense. Lançou, conduziu a bola quando encontrou corredores abertos e também apareceu para finalizar. Logo aos 10 minutos veio o empate em cabeceio de Raul, sozinho entre os zagueiros, desviando escanteio da direita.

PSCXPFC final Parazao-Mario Quadros (40)

O desempate só não veio de imediato porque João Neto, Rafael Oliveira e os laterais Rodrigo Alvim (principalmente este) e Pikachu estavam com espírito de jogo festivo. A torcida, vibrante nas arquibancadas, empurrava a equipe, mas às vezes seu entusiasmo entrava em descompasso com o que transcorria em campo.

Aos 30, em novo escanteio, a bola passou pelos zagueiros do Paragominas e chegou até Rafael, que desviou para as redes. Antes do término da primeira etapa, João Neto encaçapou o terceiro quando o PFC já estava inteiramente dominado, confuso e errando passes a todo instante.

Uma nova goleada só não se consumou no segundo tempo porque o Paissandu tirou o pé, talvez pensando já na estreia na Série B na próxima sexta-feira (contra o ASA, lá em Paragominas). O time passou a tocar a bola com certa displicência, satisfeito com o placar folgado e o título confirmado.

PSCXPFC final Parazao-Mario Quadros (21)

Lecheva ainda trocou Eduardo Ramos por Alex Gaibu e João Neto por Iarley, mas a ideia era mais homenagear os veteranos do que propriamente dar novo rumo à partida. O PFC esboçou uma tentativa de reação com a entrada de Jaime, que em poucos minutos fez mais do que Aleilson no jogo todo. Ocorre que o cansaço e o desânimo conspiravam contra os interioranos. A festa da torcida tomou conta do Mangueirão, justificadamente, pois o Papão não vencia um campeonato desde 2010.

Conquista meritória sob todos os pontos de vista (7 a 1 no placar agregado da decisão) e bastante valorizada pelo aproveitamento de vários jogadores oriundos das divisões de base. O comando firme e sereno de Lecheva encarregou-se de dar ao time a liga necessária para conservar o mesmo ritmo desde o primeiro turno.

PSCXPFC final Parazao-Mario Quadros (37)

Os grandes destaques da conquista

Presenças obrigatórias em qualquer seleção do campeonato, os meio-campistas Ricardo Capanema, Djalma e Eduardo Ramos foram fundamentais e decisivos na campanha bicolor. Sem eles provavelmente o título poderia ter tomado outros rumos.

Capanema foi o volante implacável, pulmão do time e protetor da defesa. Sua participação ajudou a disfarçar os problemas da zaga e as deficiências do goleiro Zé Carlos.

Djalma foi o motor da equipe, disponibilizando-se a ajudar nas tentativas pelas pontas e permitindo a Eduardo Ramos espaço e tranquilidade para criar.

Ramos, por seu turno, foi o destaque individual da competição. Sua clarividência nas jogadas de meio e a presença sempre forte no ataque deram ao Paissandu o que nenhum outro time do Parazão tinha: vida inteligente na meia cancha. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

PSCXPFC final Parazao-Mario Quadros (32)

———————————————————–

Artilheiro em dívida nas finais

O campeonato acabou, Aleilson ficou como o artilheiro (13 gols), mas não conseguiu balançar as redes alvicelestes. Aliás, sua atuação em todos os jogos contra o Paissandu foi abaixo da crítica, apesar de chances que desfrutou, como o pênalti no jogo do segundo turno.

Nas partidas finais, simplesmente não viu a cor da bola. Tão pífio rendimento pode até afetar o interesse que sua produção ao longo da competição despertou em diversos clubes, incluindo o próprio Papão.

———————————————————-

Remo amplia coleção de micos

Mais perdido que cãozinho em dia de mudança, a direção do Remo não cansa de contribuir para o anedotário futebolístico paraense. Depois de importar um meia convalescendo e fora de ritmo, como Ramon, a peso de ouro, e ceder dois jogadores (Jaime e Eduardo) para reforçar um dos concorrentes diretos à vaga na Série D, a última presepada é ainda mais hilária.

O genro de Vanderlei Luxemburgo, Leandro, conversa com a cartolagem remista para assumir o projeto de reconstrução do time. A piada está no fato de levarem a sério esse tipo de contratação. Se o Luxa original já está em fase descendente na carreira, imagine o genérico…

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 20)