Praça do Relógio, começo dos anos 60. Jipes, Gordinis e algumas Rural Willys atestam a época da foto. Vale registro também a beleza da jardinagem em torno do velho relógio e o casario em ótimo estado. Tudo no capricho. Bem ao contrário de hoje.
Dia: 6 de maio de 2013
Venceu quem ousou mais
Por Gerson Nogueira
O Paragominas foi mais audacioso, atacou sempre e acabou recompensado. O futebol nem sempre premia a ousadia e o destemor, mas desta vez tudo deu certo para Charles Guerreiro e sua equipe. Nem mesmo a perda no final do primeiro tempo de um jogador fundamental como Ilaílson fragilizou o time ou alterou os planos iniciais do técnico, que manteve a formação ofensiva e buscando o gol.
Charles ainda teve a felicidade de fazer as mexidas certas, botando em campo dois atacantes com a firme disposição de vencer – único resultado que garantia o título. Weller abriu o placar e Beá deu passe para os três gols do PFC. Mais importante que as mudanças, foi a participação efetiva dos jogadores que entraram com a partida em andamento.
Motivação, comprometimento e determinação em torno de um objetivo foram as palavras mais usadas pelos dirigentes e atletas do PFC. Tirando as já tradicionais mensagens dirigidas ao adversário, supostamente “arrogante” e “soberbo”, até nas entrevistas o clube de Paragominas foi extremamente feliz.
Um de seus dirigentes comentou, em meio aos festejos, que só lamentava o fato de o Remo ter se apresentado como um time pequeno na Arena Verde, evitando se abrir e partir para o ataque. A observação resume bem o que foi o time de Flávio Araújo no jogo decisivo de ontem.
Com o regulamento debaixo do braço, apostando tudo no empate, o técnico armou um 3-6-1 de caráter marcadamente defensivo, ao contrário do que ocorreu nas semifinais contra o Paissandu. Diante de um oponente agressivo e impetuoso, principalmente no segundo tempo, o Remo fez o que todos os manuais desaconselham: recuou em excesso.
Recuou tanto que, em determinados momentos, os volantes Tony e Biro se confundiam com os zagueiros. Durou até os 19 minutos da etapa final a resistência defensiva azulina. Num cruzamento curto, no primeiro pau, Weller desviou de cabeça e abriu o placar.
Foi só então que Araújo resolveu mexer, substituindo Ramon por Galhardo. Ramon, a rigor, nem entrou em campo. Caminhava, lentamente, tentando jogadas de efeito sem qualquer objetividade. Com Galhardo, o Remo tentou organizar o caótico meio-campo, mas não houve tempo, pois em novo contra-ataque Beá botou Aleilson na cara do gol, para marcar o segundo.
Com 2 a 0 no marcador, o PFC se postou mais atrás, esperando chances para aproveitar o contra-ataque. O Remo, na base da valentia e da raça, descontou aos 45 minutos, com Branco. Mas, quando ia tentar o golpe de misericórdia em cobrança de falta, o goleiro Fabiano resolveu se arriscar no ataque e deixou a trave desguarnecida. A bola saiu rapidamente, em contragolpe puxado por Beá e Aleilson, indo morrer no fundo das redes. Um castigo duríssimo para o melhor goleiro da competição.
Nem o PFC esperava uma vitória tão folgada, mas justíssima, na medida em que o Remo nada fez para tentar impor seu jogo. Abrir mão de atacar é sempre um convite à derrota. E Flávio Araújo não pode nem alegar que foi surpreendido. Perdeu o primeiro turno exatamente assim, contra um adversário diferente – o Paissandu. Resolveu apostar na tática suicida e caiu de novo. Azar do Remo, que continua sem divisão e longe do título estadual. Méritos do ousado PFC. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
Velhas histórias, novas frustrações
Em meio às especulações sobre o desmanche do elenco, o presidente do Remo, Sérgio Cabeça, mostrava-se atordoado ao final do jogo em Paragominas. Parecia não acreditar no que havia acontecido em campo. Não tinha o direito de se mostrar tão surpreso.
Flávio Araújo, cuja contratação foi elogiada por todos, em face do bom currículo, mostrou-se um técnico inadequado para os projetos do Remo na temporada. Encarou o Campeonato Paraense como um torneio rápido e fácil. Improvisou o 3-5-2 e foi levando, satisfeito com vitórias ilusórias.
Depois que perdeu o turno, o lado emocional do time foi a pique. Com muito esforço, veio a recuperação no returno, evidenciada nas vitórias sobre o Paissandu nas semifinais. Quando parecia que o time havia achado a melhor formação, eis que Araújo mantém o desenho, mas muda a maneira de atuar.
Os seis homens escalados para jogar no meio-de-campo ficaram distantes do único atacante, Val Barreto, que passou o jogo levando pancada e tentando cair pelas extremas. Só quando Branco entrou, nos minutos finais, Barreto teve companhia na área do PFC. Já era muito tarde.
Cabeça, que admitiu não saber ainda o que vai fazer, deveria começar por uma mudança de atitude. Romper com os grilhões do passado, instituindo eleições diretas e um projeto de profissionalização da gestão, seriam passos decisivos para indicar que o clube vai mesmo tomar novos rumos.
Do jeito que está, centrado no futebol – e se frustrando sempre, há cinco temporadas –, fica difícil entrever luz no fim do túnel. Estagnada, a instituição definha aos poucos. Os dirigentes não mudam, os estatutos permanecem retrógrados, sócios e torcedores estão distanciados do clube. O bom senso indica o caminho, só falta os responsáveis aceitarem o fato como irreversível.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 6)
Rock na madrugada – White Stripes, Seven Nation Army
Capa do Bola, edição de segunda-feira, 06
Botafogo é campeão carioca por antecipação
Time teve um gol mal anulado no primeiro tempo e ainda desperdiçou um pênalti, batido na trave pelo maestro Seedorf.