Diretoria do Remo confirmou, no final da tarde desta terça-feira, o nome de Charles Guerreiro como novo técnico. Ele deve ser apresentado oficialmente ao elenco azulino nesta quarta-feira, no estádio Evandro Almeida. As negociações para a volta de Charles ao clube começaram ainda durante a fase final do Campeonato Paraense. Para assumir o projeto de reconstrução do time azulino, Charles largou o Paragominas, pelo qual foi vice-campeão estadual. Deve trazer como auxiliar técnico Nildo Pereira e o preparador físico Nicolau Barros. Edson Cimento será o treinador de goleiros. Alguns jogadores que disputaram o Parazão estão cogitados para reforçar o Leão. Entre os mais citados estão Mael, Ratinho, Magno, Levy, Sinésio e Lucas. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)
Dia: 21 de maio de 2013
Tribuna do torcedor
Eu, como Sócio Proprietário do Paysandu, e mais importante: como torcedor, me senti no direito de enviar uma carta ao presidente expondo algumas críticas e sugestões. Fui diretamente à sede social e entreguei o documento ao secretário do clube, que me pediu para que esperasse enquanto faria uma cópia para um recebimento oficial.
Passados poucos minutos, ele retornou me entregando o documento ja recebido, quando perguntei se o presidente estava no clube e se eu podia dar-lhe um aperto de mão. Sem cerimônias, o secretário disse que sim e conduziu-me imediatamente à sala da presidência.
Chegando lá, qual nao foi minha suspresa quando encontrei não só o presidente, mas toda a diretoria reunida e, melhor ainda, todos estavam com uma cópia de minha carta nas mãos, fazendo uma leitura em conjunto do documento.
Claro, fiquei lisongeado, mas o mais importante que ficou evidenciado nas entrelinhas deste relato, é a importância e o respeito dispensados a nós, torcedores, por essa nova e vitoriosa gestão.
O outro lado da conquista
Por Gerson Nogueira
O Paissandu tem se portado bem nas competições esportivas – com a exceção do vexame frente ao Naviraiense pela Copa do Brasil –, e tem desempenho ainda melhor fora de campo. Depois do acesso à Série B, o clube adentrou 2013 com outra fabulosa conquista. Adotou o sistema de eleição direta, estendo aos associados o direito de escolher o presidente, obtendo resultados imediatos.
As incertezas que rondavam o clube se dissiparam. Não significa que os problemas deixaram de existir de um momento para outro, mas simplesmente passaram a ser enfrentados com transparência e clareza de propósitos.
A posse da diretoria encabeçada pelo ídolo Vandick garantiu, de cara, a mudança de imagem e reputação. De um clube endividado e mau pagador, o Paissandu passa a ser um parceiro que encara seus problemas de frente e procura não dever nada a ninguém.
Pela experiência acumulada ao longo da carreira como jogador, Vandick mais do que ninguém sabe que o mundo do futebol é implacável, cruel até, com os que desrespeitam contratos e acordos. E um dos efeitos mais visíveis disso é a dificuldade que clubes caloteiros têm na hora de fechar contratações.
Apesar dos embaraços normais de começo de gestão, procurando limpar os caminhos e sanear pendências, pode-se dizer que os cinco primeiros meses de trabalho foram mais do que satisfatórios, com direito a festejar o título estadual que o clube não conquistava desde 2010.
Mais do que vencer o campeonato, os novos gestores reposicionaram o Paissandu no mercado da bola. O clube voltou a ser visto com interesse por jogadores e empresários, saindo do limbo em que se encontrava. Os entraves para contratar não têm mais nada a ver com credibilidade, mas com situações normais de oferta e procura.
As declarações tranquilas de Vandick e de seu diretor, Roger Aguillera, em meio à festa do título, refletem o novo momento vivido pelo Paissandu. Não há mais a preocupação desesperada do culto à personalidade, das bravatas e das promessas irresponsáveis. Há preocupação em respeitar compromissos, em não decepcionar o torcedor e – acima de tudo – de manter os pés fincados na realidade.
Presente à vida do clube, o presidente não permite o vazio de poder, que tanto atravancava as coisas na gestão passada. Pelo que se observa, Vandick conversa diariamente com seus diretores e auxiliares, divide responsabilidades, faz consultas e não toma decisões solitárias. Democracia é isso.
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Com as mãos para o céu
Caso a quarta-feira traga as notícias que os dirigentes do Remo ansiosamente esperam, o clube deveria repensar urgentemente sua política de contratações e as prioridades em relação ao futebol. Por exemplo, o novo técnico deverá ter a consciência de que jogadores revelados no próprio Evandro Almeida não podem ser descartados, principalmente em favorecimento a atletas menos qualificados.
O recém-findo Parazão mostrou que o Remo cuidou muito mal de seu patrimônio, dando poderes exagerados ao técnico Flávio Araújo. Abriu mão de um bom atacante caseiro, Jaime, e subestimou o potencial de Alex Ruan (só utilizado quando o titular Berg se contundiu), Gabriel, Yan, Guilherme e Rodrigo.
A escolha do novo comandante é um dos desafios e a cúpula dirigente deve buscar evitar entregar os destinos do futebol a um treinador incapaz de entender a real grandeza do clube. Araújo perdeu-se diante das pressões e não conseguiu ganhar um campeonato que lhe era bem favorável. Mesmo com um time desentrosado e sem meio-campo, decidiu os dois turnos em vantagem – e perdeu por covardia.
Seu time conseguiu a proeza de ser atropelado por um adversário que, nas finais, foi massacrado por 7 a 1 pelo Paissandu. Evidências claras de que algo de muito caótico aconteceu com o elenco remista sob a batuta de Araújo.
Na possibilidade ainda remota de obter a vaga à Série D, com interferência inclusive do senador Jader Barbalho, os dirigentes precisam entender que a nova chance não pode ser vista (ou celebrada) como vitória. Muito pelo contrário. Sob todos os aspectos, é um recurso desesperado, revelador da incompetência generalizada nas disputas de campo.
É um bom momento, ainda, para repensar as estratégias gerenciais e até mesmo a maneira de agir nos bastidores. Com a vocação natural para a trapalhada, alguns cartolas não podem assumir funções espinhosas.
A classificação final (segundo lugar na pontuação) no Parazão escancara outro pecado imperdoável dos azulinos. Jamais tiveram o cuidado de defender um regulamento que privilegie o mérito e o bom rendimento técnico. Pelo segundo ano consecutivo, o time termina com uma pontuação expressiva, mas inútil. O problema aí não é de sorte, é de sonolência.
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Direto do Blog:
“Parabéns aos listrados. Mas o regulamento precisa mudar. Por vários anos o Remo faz campanha superior a todos e fica fora. Injusto, mas é fruto da própria falta de visão de uma diretoria capenga cujo dinheiro arrecadado não aparece nos lugares mais básicos como, por exemplo, pagar os funcionários etc. Eleições diretas e uma campanha para rechear o mais querido com milhares de sócios são fundamentais para mudar essa odiosa e falida realidade”.
De Rosivan Silva, azulino desiludido com os rumos do Leão.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 21)