Papão perde primeira na Série B

Com um gol de Mota, aos 22 minutos do segundo tempo, o Ceará derrotou o Paissandu por 1 a 0 na segunda rodada da Série B 2013, na noite desta terça-feira no estádio Presidente Vargas, em Fortaleza. O time cearense teve amplo domínio no primeiro tempo, levando perigo em vários momentos, mas errando muito nas finalizações. O Paissandu aceitou a pressão, saía lentamente para o ataque e ameaçou somente no final, em jogada de Gaibu.

Na etapa final, logo no primeiro minuto, o estreante Careca cabeceou e fez o gol, mas o árbitro anulou erradamente, alegando toque de mão que não aconteceu. Depois disso, o Ceará foi ao ataque e pressionou muito, chegando a fazer um gol com Macena, mas o árbitro também desmarcou. Aos 19 minutos, outro lance polêmico na área do Ceará, com desvio de Raul para as redes, mas jogada invalidada devido a um empurrão no lance.

O gol da vitória aconteceu aos 22 minutos. De longa distância, o meia Ricardinho disparou um chute forte que o goleiro Paulo Rafael (que havia substituído Zé Carlos) rebateu nos pés do atacante Mota, que desviou para as redes. Apesar de uma tentativa de reação no final, depois da entrada de Héliton em substituição a Vânderson, o Papão não conseguiu chegar ao empate.

O passado desnecessário

Por Janio de Freitas

Os médicos brasileiros contrários à vinda de médicos estrangeiros para atuar no interior desassistido, assim como os policiais que se opõem à participação de procuradores e promotores em investigações, ainda não perceberam que desejam modelar o futuro com pedaços do passado de má memória até para eles.

Quando a crise social e econômica bateu aqui de verdade, muitos médicos se foram em busca de alguma oportunidade nos Estados Unidos. Os dentistas brasileiros descobriram Portugal. A propagação do conceito de serem mais atualizados tecnicamente, à época, lotou seus consultórios com a clientela portuguesa. E levou mais dentistas daqui.

Dos anos 1980 para os 1990, a batalha foi intensa e incessante, com envolvimento diplomático, dos governos, médicos e dentistas, meios de comunicação, entidades científicas de um lado e do outro. As relações entre os dois países ficaram difíceis.

Os portugueses cobravam que os dentistas brasileiros se submetessem, para validação dos seus diplomas, a exame baseado no currículo local. Os brasileiros respondiam que o currículo português incluía, em detrimento do maior domínio técnico, matérias médicas não adotadas no Brasil. Atritos e impasse por mais de dez anos.

A recusa à vinda de médicos reproduz exatamente a posição dos portugueses, à qual nenhum núcleo médico, odontológico, intelectual ou outro deu apoio no Brasil. A diferença entre os fatos de lá e os de cá está só nos motivos. Já foi dito que os médicos brasileiros defendem o seu mercado, a tal reserva de mercado. Só os portugueses fizeram isso.

Os médicos daqui não querem saber do interior atrasado, não importa que mercado haja aí e que condições sejam oferecidas. Mesmo as periferias das cidades são incapazes de atraí-los no número necessário, como prova a procura para os hospitais e postos públicos. A mera recusa à contratação de espanhóis, cubanos e portugueses despreza ainda outra realidade inegável: a dos milhões deixados a sofrimentos que até conhecimentos médicos elementares podem evitar ou atenuar.

Responder à proposta do governo com grosserias, como tem feito o Conselho Federal de Medicina, não disfarça outra realidade. Médicos de alta reputação e entidades científicas e de classe têm insistido na adoção, para os recém-diplomados, de exame à maneira do que faz a OAB para dar status de advogado aos bacharéis em direito. O pedido do exame é o reconhecimento de que a proliferação de faculdades tem diplomado levas de médicos com despreparo alarmante.

Já em defesa da exclusividade do poder investigativo pelas polícias, negando ao Ministério Público o direito de compartilhá-lo (é o que propõe a emenda constitucional 37), o delegado Roberto Troncon Filho, da Polícia Federal, expõe assim um dos principais argumentos dos policiais: “Meu medo é de concentração de poder no Ministério Público. Tenho medo de que esse avanço do Ministério Público nos leve a uma instituição, no futuro, assemelhada a uma polícia do passado, muito poderosa (…), que cometeu muitos abusos”.

Por isso quer a concentração do poder na polícia? A propósito dessa concentração, nem precisamos voltar muito no passado. Vimos os espetáculos de arbitrariedade e autoritarismo que a Polícia Federal cometeu há poucos anos, para isso bastando que lhe fosse recomendado investigar não só pés-de-chinelo, mas também notáveis do empresariado.

Em palestra no Superior Tribunal Militar, na quarta-feira, a propósito da PEC 37, o senador Pedro Taques observou que as Comissões Parlamentares de Inquérito e, de acordo com a Lei Orgânica da Magistratura, também o Judiciário têm poder de investigar. O mesmo se dá com a Receita Federal e com as secretárias de Fazenda. Logo, a Constituição não deu à polícia exclusividade do poder investigatório e a emenda 37 não poderia dá-la.

Além do mais, por que e para que deseja a PF tal exclusividade? A realidade sugere o oposto: a corrupção e a criminalidade em geral estão em nível de calamidade, e a ação conjunta polícia/Ministério Público é uma necessidade nacional.

Torcida impõe eleição direta

Por Gerson Nogueira

Não houve dor, nem enfrentamento. O Conselho Deliberativo do Remo, que já havia confirmado a aprovação da proposta de eleições diretas no clube para 2014, aprovou ontem à noite a realização de assembleia geral no próximo dia 27 de julho para aprovação do novo estatuto. Significa que, a exemplo do que ocorreu na última eleição do Paissandu, o Remo finalmente adere à democratização do processo eleitoral.

bol_ter_280513_11.psÉ claro que a mudança tem a ver diretamente com a pressão nascida entre os torcedores, insatisfeitos com os rumos que o clube tomou e a ausência de transparência administrativa. Isso, porém, não invalida o posicionamento maduro dos conselheiros, que antes rejeitavam por completo a ideia de eleições diretas.

Contribuiu muito para agilizaR o processo, que estava emperrado há pelo menos quatro anos, o atual estado de coisas no clube. O futebol profissional, carro-chefe da instituição, vai de mal a pior. Há cinco anos sem título estadual ou qualquer outra conquista, o Remo está de novo sem divisão, em face de campanha infeliz no recente Parazão.

Sem sucesso nos gramados, a diretoria do clube padece de intenso desgaste desde o primeiro mandato. O movimento de oposição, surgido nas arquibancadas, prosperou principalmente porque o futebol vai mal e impulsiona o desejo de mudanças por parte da massa torcedora.

Cabe, porém, não perder de vista alguns aspectos decorrentes da mudança de estatuto para a próxima eleição. É importante que os associados, que passam a ter direito a voz e voto no clube, tenham consciência de sua responsabilidade na escolha de candidatos.

Dominado por antigas correntes políticas, algumas com um pé na velha guarda, o Remo de um momento para outro terá oportunidade de romper com o arcaico e abraçar a modernidade. Seria maravilhoso se o discurso tivesse o poder mágico de transformar a realidade. Infelizmente, as coisas não funcionam assim.

O clube precisará ter – talvez seja necessário formar – um corpo de eleitores qualificados, aptos a entender os anseios de transformação visíveis na massa torcedora. Ao eleger Vandick Lima, um ídolo da torcida, o Paissandu uniu tendências e premiou um candidato com razoável experiência em gestão. Mais que isso: sua eleição permitiu que se criasse uma administração compartilhada, com diálogo entre os diretores e espaço para cobrança e participação dos torcedores.

De certa forma, a própria escolha de Vandick estimulou a reação dos azulinos insatisfeitos com a situação do clube. Caberá aos remistas encontrar um meio de encaminhar a renovação, buscando nomes de fato preocupados com o futuro da agremiação.

Os sócios que irão ampliar a representatividade eleitoral no Remo precisam, acima de tudo, compreender que a eleição direta não representa um fim, nem é uma solução mágica para resolver os complexos problemas do clube. O voto direto é um caminho, dos mais fortes, para permitir que as mudanças se consolidem. Não é tudo, mas é muito.

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Papão encara desafio no Ceará

O Paissandu tem um jogo importante hoje à noite, contra o Ceará em Fortaleza. Depois do tropeço em Paragominas, empatando com o ASA logo na estreia, espera-se uma resposta fora de casa, capaz de dissipar os temores do torcedor e de dar ao time um posicionamento mais tranquilo na classificação.

Com a aposta na base que conquistou o título estadual, o técnico Lecheva viu-se confrontado com a dura realidade de uma competição equilibrada e cansativa. A partida contra os alvinegros alagoanos deixou claro que a Série B exigirá uma rápida evolução do time, para que se adapte à forma veloz e competitiva da disputa.

Por enquanto, o time campeão permanece prestigiado. A exceção é o lateral-esquerdo Janílson, que estreou mal na sexta-feira. Há, ainda, a possibilidade de utilização do centroavante Careca, recém-contratado. O resultado, porém, pode ensejar mudanças drásticas na atual escalação.

No clube, há consenso de que as primeiras rodadas servirão como laboratório para a formatação de um novo time, que deverá ganhar o reforço dos zagueiros Fábio Sanches e Jean, do volante Zé Antonio, do meia Diego Barbosa e do próprio Careca.

Uma vitória ou empate hoje dará tempo a Lecheva para burilar o esquema e montar a equipe, mas um insucesso apressará tudo, com consequências imprevisíveis. A conferir.

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Maestro bicolor na mira do Leão

Pode causar espanto, pela audácia, mas soa absolutamente natural para os padrões de imprevisibilidade dos dirigentes do Remo. Eduardo Ramos, craque do campeonato estadual, maestro e ídolo do Paissandu, foi alvo de uma proposta tentadora por parte do maior rival.

Um dos principais cartolas do Remo procurou há poucos dias o jogador e formulou bases salariais extremamente vantajosas para o nível do futebol paraense. Pessoa próxima ao atleta não revelou o valor oferecido, mas garante que é salário digno de Série A.

A investida, por outro lado, dá bem a medida do grau de confiança dos azulinos na conquista da vaga à Série D. O Remo só terá calendário pelos próximos sete meses caso alguma federação nortista anuncie desistência nas próximas 48 horas.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 28)

Campeonato da Série B – Classificação

Clube PG J V E D GP GC SD
Chapecoense-SC 3 1 1 0 0 4 1 3 100.0
Joinville-SC 3 1 1 0 0 3 0 3 100.0
Paraná-PR 3 1 1 0 0 2 0 2 100.0
Figueirense-SC 3 1 1 0 0 3 2 1 100.0
Icasa-CE 3 1 1 0 0 2 1 1 100.0
Guaratinguetá-SP 3 1 1 0 0 1 0 1 100.0
Palmeiras-SP 3 1 1 0 0 1 0 1 100.0
ASA-AL 1 1 0 1 0 1 1 0 33.3
Avaí-SC 1 1 0 1 0 1 1 0 33.3
10º Oeste-SP 1 1 0 1 0 1 1 0 33.3
11º Paissandu 1 1 0 1 0 1 1 0 33.3
12º Ceará-CE 1 1 0 1 0 0 0 0 33.3
13º São Caetano-SP 1 1 0 1 0 0 0 0 33.3
14º América-RN 0 1 0 0 1 2 3 -1 0.0
15º Sport-PE 0 1 0 0 1 1 2 -1 0.0
16º América-MG 0 1 0 0 1 0 1 -1 0.0
17º Atlético-GO 0 1 0 0 1 0 1 -1 0.0
18º ABC-RN 0 1 0 0 1 0 2 -2 0.0
19º Boa Esporte-MG 0 1 0 0 1 1 4 -3 0.0
20º Bragantino-SP 0 1 0 0 1 0 3 -3 0.0