Quem ganha com a derrota?

Por Gerson Nogueira

bol_ter_070513_11.psA pergunta não é minha. Parte de um apaixonado torcedor azulino, Rodrigo Pampolha, indignado com mais um vexame do clube no Campeonato Paraense. Para ele, os dirigentes aprenderam a iludir os torcedores nos últimos cinco anos e seguem lucrando em cima da expectativa e da paixão desenfreada que a torcida nutre pelo Remo.

“Estão sempre iludindo a gente e nós sempre lotando os estádios. Ou seja, a cada decepção fica fácil dizer que o outro ano vai ser diferente e com isso cria-se expectativa e a torcida acredita. Não é à toa que nós somos o terceiro clube em média de público do Brasil”, diz Rodrigo.

A tese tem lá seu fundo de razão, no sentido de que os dirigentes parecem acomodados com o fato de que o clube, mesmo sem divisão, continua a arrastar multidões aos seus jogos. Há também a hipótese (não confirmada) de que o lucro com a derrota venha das negociações com as legiões de jogadores contratados a cada início de temporada.

Sem esperanças quanto à mudança de mentalidade dos dirigentes atuais, Rodrigo defende a “expulsão sumária dos diretores” e adoção imediata de eleições diretas. Aconselha o presidente Sérgio Cabeça a dar uma alegria aos torcedores, renunciando ao cargo.

Já o Luís Antonio Mariano lamenta que os torcedores só se revoltem contra jogadores e comissão técnica, “e nunca contra os dirigentes, os verdadeiros culpados”. Acredita que Cabeça e Pirão irão passar o resto do ano tranquilos, “planejando o novo fiasco versão 2014”.

“Às vezes, depois de mais um vexame de meu clube do coração, fico a me perguntar: será que as pessoas que hoje administram o Clube do Remo (diretoria e membros do Conselho Deliberativo) não sintam vergonha, não ficam tristes, não sintam lá no fundo do coração uma frustração a cada derrota do clube nesses cinco anos de sofrimento. Outros conselheiros do clube que poderiam ajudar e não ajudam, estão afastados, preferem ver o clube sofrer cada vez mais e ser destruído aos poucos e não fazem nada para impedir isso. Por que?”, indaga Ranilson Moraes, igualmente aborrecido com mais um desfecho melancólico de campanha remista no Parazão.

Para Saulo Lobo, o Remo perdeu o título em dois lances capitais. “No momento que o Gerônimo não chutou quando estava de cara pro gol, no primeiro jogo em Belém, e quando o Capela não tocou a bola naquele lance no segundo tempo quando ainda estava 0 a 0, na Arena Verde. É muito triste a situação, agora o jeito é esperar e ver o que o destino tem pra nós”, analisa.

Adriano Zell mostra-se revoltado e defende soluções drásticas. “Essa velha guarda de ideias arcaicas tem que deixar o Remo. Por causa da jogatina de baralho e dominó que existe na sede é que eles querem manter esse padrão mão-de-ferro. A Assoremo está certa. Torcedores e sócios devem entrar na Justiça para tirar esses caras do poder, com urgência, ou não teremos mais o Clube do Remo”.

Oséas Alexandre Silva avalia que o problema maior do Remo hoje se localiza na ausência de poder de fogo nas estruturas do futebol paraense. “O Remo perde nos bastidores, é derrotado nos tribunais e é frequentemente passado pra trás pela cúpula dirigente da FPF, toda ela composta por bicolores. Todo mundo sabe. Onde já se viu um clube da grandeza do Remo aceitar jogar, por três anos seguidos, finais de turno no interior do Estado? Em S. Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Rio isso não existe, os grandes clubes não permitem que a federação imponha seus interesses”.

E acrescenta: “Não é discriminação, mas no interior os árbitros são pressionados e dificilmente apitam com isenção. Domingo, o Dewson, o melhor árbitro paraense, amarelou na hora de expulsar o Beá, que deu um carrinho criminoso no Val Barreto. Beá já tinha amarelo e o árbitro fez que nem viu a falta. O Remo deveria usar sua força para não aceitar esses abusos, mas os dirigentes são incompetentes e amadores”, conclui Oséas.

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À procura do genial estrategista

Conselheiro remista de extensa folha de serviços prestados ao clube garante que vai interpelar a Diretoria a fim de descobrir quem foi o genial estrategista responsável pelo empréstimo dos jogadores Jaime e Eduardo (de graça) para o Paragominas, que desde o final do primeiro turno já despontava como o principal concorrente do Remo na luta pela vaga à Série D. “O autor desse gesto de generosidade com um time rival agiu quase do mesmo jeito que o ex-presidente Amaro Klautau, que resolveu dar (gratuitamente também) o atacante Héliton para o maior rival”, compara.

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Dois jacarés na rota do Papão

Depois de três chineladas, a última delas válida pela final do campeonato sul-matogrossense, muito do prestígio granjeado pelo Naviraiense na Copa do Brasil começou a se desmanchar no ar. Daquele time tinhoso e guerreiro que eliminou a Portuguesa dentro do Canindé resta uma pálida lembrança.

Ao Paissandu, que vai empreender uma maratona para chegar a Naviraí, resta despachar logo o também autodenominado Jacaré do Pantanal e ganhar mais tempo para encarar outro jacaré, o de Paragominas, na decisão do Campeonato Paraense.

Por mais que Lecheva e os jogadores adotem o discurso da humildade e do respeito ao adversário, o fato é que o Paissandu entra como favorito destacado no confronto contra a equipe sul-matogrossense.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 07)