Confirmado torneio interestadual com Leão e Papão

Flamengo, Vasco, Paissandu e Remo disputam, nos dias 13 e 15 de junho, torneio interestadual em duas rodadas duplas. Na abertura, dia 13, jogam Vasco x Flamengo e Remo x Paissandu, no estádio Jornalista Edgar Proença. No sábado, 15, jogam os times perdedores na preliminar e os vencedores na partida principal, decidindo o torneio. Remo e Paissandu receberão cachês de R$ 300 mil, cada, pela participação. A arrecadação do torneio irá para a emissora promotora, Sportv.

Os dados já estão rolando

Por Gerson Nogueira

bol_qua_150513_15.psFelipão é cabra teimoso, turrão, mas de burro não tem nada. Sua opção por uma seleção mais “nacionalista” do que todas as últimas que disputaram competições oficiais é a prova de que está buscando a plena identificação do time com a torcida. Fez isso com sucesso em Portugal em 2005 e 2006, fazendo o país abraçar a seleção como nunca havia ocorrido antes.

O problema do retorno de Felipão à Seleção são as dificuldades naturais de uma época particularmente pobre em talentos, talvez a pior desde a Copa de 1978. Vai arcar com as vaias e críticas pelos jogos ruins (como em Belo Horizonte, recentemente), mas qualquer outro técnico enfrentaria os mesmos problemas para armar hoje um bom time nacional. Desconfio apenas que Felipão está tornando tudo mais difícil ainda.

Apesar da grande repercussão, sua lista para a Copa das Confederações chamou atenção muito mais pelas ausências do que pelos nomes lembrados. Deixar de fora nomes como Ronaldinho Gaúcho e Kaká, apesar do currículo de ambos, não chega a ser pecado tão terrível assim. Duro mesmo foi ver a barração de Ramires, um dos grandes volantes do futebol mundial, que certamente iria somar muito ao lado de Paulinho, Hernanes e Oscar.

Gaúcho, que teria sido excluído por suposto atraso na apresentação em BH, rendeu pouco no amistoso com o Chile e este tenha sido o fator determinante para a decisão do treinador. Aliás, na Seleção, o meia atleticano poucas vezes arrebentou de fato. Quanto a Kaká, vem mal das pernas desde 2010 e jamais conseguiu se impor como titular no Real Madri. A experiência de ambos talvez seja útil ao escrete, mas tecnicamente não há grande perda com suas ausências.

Quanto ao meio-de-campo, setor que é hoje o calcanhar-de-aquiles do time, soa esquisita a opção por Fernando, que é bom jogador, mas está muito abaixo do nível de Ramires. Com o volante do Chelsea ao lado do corintiano Paulinho, Felipão teria uma dupla em condições de abastecer o ataque e ajudar na armação. Rápida e eficiente, bem ao estilo dos grandes clubes europeus.

Em entrevista recente, o técnico debochou dessa preocupação, afirmando que só jornalistas gostam de volantes ofensivos. Dias depois, o mundo viu, assombrado, os confrontos entre alemães e espanhóis pela Liga dos Campeões. Alguns dos craques de Bayern, Borussia, Barcelona e Real estarão no Brasil no ano que vem jogando o Mundial e – coincidência ou não – atuam justamente como volantes modernos, capazes de lançar e fazer gols.

Já há algum tempo Felipão mostra-se antiquado em relação ao futebol praticado hoje no mundo. Seus próprios insucessos recentes no exterior confirmam esse descompasso. Continua refém da ideia de um time com posicionamentos marcados, quase estanques, dividido entre defesa e ataque. Cultiva o gosto por bolas aéreas, o que não seria nenhum problema se o time tivesse mais alternativas de chegada à área adversária.

A incrível presença de Hulk na seleção, desde a era Mano Menezes, é algo que só encontra explicação nesse pendor dos técnicos gaúchos por avantes forçudos, que levam a bola na marra e às vezes encontram o rumo do gol. Não satisfeito em levar apenas Hulk, Felipão chamou também Leandro Damião, que é apenas um pouco menos trombador.

Um de meus pesadelos recorrentes sobre a Copa no Brasil é ver na final uma Seleção desesperada por empatar e Felipão ao lado do campo mandando Hulk, Damião, Felipe Luís e todos os brucutus possíveis para o jogo do abafa. Rezo para que a realidade seja menos cruel.

———————————————————–

Tempos modernos na Curuzu

A torcida se agita, inquieta e ávida por notícias. Quer saber das contratações, como nos velhos tempos. A diferença é que hoje o Paissandu é dirigido por gente que pensa profissionalmente.

Não há aquela preocupação demagógica com o oba-oba, a superexposição, os exageros midiáticos, tão ao gosto de gestões recentes. Os reforços chegam e são anunciados discretamente, sem a presença de dirigentes para capitalizar holofotes.

Depois de muito tempo, jogadores chegam sem a pompa que o provincianismo costuma dar a esses eventos rotineiros. Imagine se uma empresa interrompe seu funcionamento normal para estender tapetes para um novo funcionário?

No futebol moderno, com a exceção reservada aos jogadores de fato excepcionais, o procedimento deve ser o mais simples possível. O Paissandu está implantando esta nova cultura, superando problemas que hábitos enraizados deixaram pelo caminho.

Ainda se ouve, aqui e ali, gente – inclusive da própria imprensa – reclamando da “falta de novidades” sobre reforços. Quando você ouvir um comentário desse tipo, acredite: é sinal evidente de que as mudanças estão funcionando. Ainda bem.

———————————————————-

Direto do Twitter:

“Fica tranquilo, Bruno, a poesia do futebol está no frango, como dizia tio Nelson Rodrigues”.

De Xico Sá, consolando o goleiro palmeirense, que engoliu galináceo monumental do Tijuana.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 15)