Rock na madrugada – Beatles, I Shall Be Released

Gravação rara de ensaio da maior banda de todos os tempos, arranhando nas guitarras um clássico de Bob Dylan. Lennon, guitarra e voz, em primeiro plano.  

Coluna: A profissão do momento

Faz algum tempo que a profissão de técnico de futebol é uma das mais requisitadas do Brasil. E, ao contrário do que ocorre em outras praias, o mercado está cada dia mais aquecido. Prova inequívoca disso é a situação constrangedora vivida pelo Fluminense, que ontem foi obrigado a ouvir um sonoro “não” de ninguém menos que Gilson Kleina, treinador de nível intermediário que já passou por vários clubes de médio porte – dirigiu (por poucos meses) o Paissandu no Brasileiro da Série A, em 2005. Que se saiba, foi um dos maiores micos dos últimos anos envolvendo um campeão brasileiro desesperado por treinador.
Kleina é desconhecido do grande público, tem poucos títulos no currículo, mas construiu carreira sólida no importante (e rico) interior paulista. Seu trabalho na Ponte Preta tem chamado atenção de vários clubes, cada vez mais forçados a buscarem técnicos iniciantes ou pouco badalados. Carrega um perfil de organização que cativa os novos gestores do futebol, aliado ao fato de que custa relativamente pouco. 
Os orientais costumam dizer que crise é sinônimo de oportunidade. Para os técnicos emergentes, a crise que ronda o topo da profissão significa a abertura de campo de trabalho para profissionais que militam nos clubes periféricos, que não têm acesso à Série A. Abre brecha também para toda uma geração de auxiliares técnicos e ex-jogadores. Pode não configurar ainda uma onda, mas estabelece uma tendência.
Noutros tempos, o rodízio de técnicos nos clubes de ponta ocorria praticamente sem traumas. Nada parecido com as sérias dificuldades de reposição existentes hoje. Até meados de 2000, quando um clube dispensava treinador já tinha várias opções de escolha, do mesmo nível, para preencher a função.
O Fluminense, que perdeu Muricy Ramalho na semana passada, junta-se ao Santos entre os clubes de ponta sem técnicos. O Peixe sobrevive há quase dois meses sob o comando de um interino. Os dois times estão cheios de craques, estão na moda e têm dinheiro para gastar. Mesmo assim, não encontram opções no mercado brasileiro.
Por isso, soa estranho quando alguém critica os dirigentes de Remo e Paissandu pelas escolhas de técnicos. Endividados até o pescoço, longe das principais divisões nacionais, a dupla Re-Pa pode-se considerar privilegiada por atrair profissionais como Paulo Comelli e Sérgio Cosme, que integram o chamado segundo escalão e ambos do mesmo nível de Kleina. 
 
 
Cosme, por sinal, calou seus críticos nas semifinais e na primeira partida da decisão do turno. Além de ter consertado as goteiras da defesa, ajustou um novo meio-de-campo, resistindo bem à ausência de Tiago Potiguar. Ao mesmo tempo, Mendes voltou a mostrar serviço. Falta apenas arranjar um jeito de fazer Alex Oliveira jogar. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 22) 

Tiago Alves, outro paraense na Seleção

O autor dessa façanha acima, quando ainda usava a camisa do Remo nos juniores, foi convocado nesta segunda-feira para a Seleção Brasileira sub-18. Tiago Alves saiu do Remo em 2007, de graça, e hoje é uma das esperanças do Santos.

Tribuna do torcedor

Por Denilson Tavares (dentav@ig.com.br)

Todo ano é a mesma coisa: a diretoria acéfala do Remo monta um time de pernas de pau em Janeiro (faltando 2 semanas pra começar o campeonato) quando todos nós sabemos que os bons jogadores já estão empregados desde Dezembro. Aí só sobram as “rebarbas” (se o Adriano Pardal fosse bom viria de graça?) pra enganar a torcida e fazer turismo no nosso estado as custas do clube! Quando chega o fim do primeiro turno (faz tempo que não sabemos o que é ganhar turno), temos que assistir o time da FPF (o coronel Nunes é o nosso Ricardo Teixeira tupiniquim, se perpetuando no poder) ganhar do time pequeno que nos eliminou e levar a taça. Aí então, vamos atrás de novos “reforços” (a “rebarba da rebarba”) para passar novo vexame no segundo turno. Vocês acham sinceramente que a sábia diretoria conseguirá algum jogador bom de bola desempregado a baixo custo, querendo vir pro Remo (sem calendário garantido no segundo semestre) a esta altura do campeonato? É muito querer duvidar da inteligência da torcida, não? Aliás, a imensa nação azulina não merece este castigo tamanho.
Aí, quando o Remo fracassar no segundo turno também e passar a humilhação de ficar sem divisão mais uma vez, aparece um bando de diretores incompetentes dizendo que o clube não tem dinheiro pra honrar os compromissos até o fim do ano, que a renda dos patrocinadores está sendo usada pra pagar jogadores e funcionários na justiça, que ano que vem o planejamento será diferente (vão continuar contratando os pernas-de-pau só em janeiro) e que a torcida pode esperar que o Remo voltará a ser grande. Tudo balela!
Também, o que podemos esperar de um clube sem a mínima estrutura exigida para um time de futebol decente (sem academia, sem centro de treinamento, sem departamento médico, etc.) e que o antigo presidente (aquele da venda do Baenão) fez questão de depredá-lo moralmente e emocionalmente?
Enquanto isso, vemos bons valores como Robinho e Leandro Cearense já negociando com o maior rival para o segundo semestre dando perspectivas de retorno financeiro futuro (assim como foi com o Thiago Potiguar e será com o Rafael Oliveira), já que eles tem calendário e nós não. Além do mais, ano que vem já terão uma renda extra na copa do Brasil e nós não.
Caros amigos, ou a nobre e inteligentíssima diretoria abre o olho e procura se reciclar, profissionalizando sua administração amadora, ou veremos o glorioso centenário Clube do Remo virar um museu com histórias de conquistas do passado apenas, para contar pros nossos netos.

Pimba na gorduchinha…

Obama bate bola com a molecada, no Rio. (Por Pablo M. Monsivais/AP)

Quirino na mira do Remo para o returno

Autor de três gols no jogo contra o Centenário no último domingo, o veterano atacante Quirino, do Santa Cruz (RN), volta a entrar nas cogitações da diretoria do Remo. Em alta no futebol nordestino e com 10 gols no campeonato potiguar, o artilheiro já demonstrou interesse em jogar no Pará, animado com o sucesso de seu amigo e ex-companheiro de time, Tiago Potiguar. Do lado azulino, o interesse pelo jogador aumentou depois que fracassaram as tentativas para contratar Nunes, do Red Bull, que é cobiçado por vários outros clubes, inclusive do exterior. Um dos problemas, segundo um dirigente, é convencer o técnico Paulo Comelli, que não conhece o goleador. Importante: o prazo para inscrição de novos jogadores se encerra a 1º de abril.

Coluna: A vitória do artilheiro

Um atacante de ofício, hábil o suficiente para se posicionar bem e capaz de variar seu repertório de truques, representa um bem precioso para qualquer time de futebol. Aqui ou na Transilvânia. Mendes, que chegou por aqui se destacando mais pelas entrevistas e presença espirituosa no Twitter, começa a justificar sua utilidade para o Paissandu.
Estava há três partidas sem balançar as redes e, ontem, aproveitou logo para carimbar duas vezes a defesa do Cametá. Pode-se dizer, sem exagero, que a tarde foi de Mendes. No primeiro lance, decisivo para a vitória, mostrou capacidade de antevisão do lance: recebeu cruzamento rasteiro de Billy e, diante da marcação do zagueiro Rubran, desviou com um toque sutil de bico de chuteira. A bola pegou o efeito desejado e enganou o goleiro André Luís.
Quando o embate ficava perigosamente penso em favor do Cametá, que atacava com até seis homens e iniciava um sufoco em busca do empate, Mendes recorreu ao fundamento do chute de longa distância, nem sempre muito exercitado no futebol paraense.
Recebeu a bola passada por Rafael Oliveira e confundiu o marcador. Ao invés de partir para invadir a área, usou o pé esquerdo para mandar um chute no ângulo direito da trave de André Luís. Tiro indefensável. Golaço.
Aproveitamento excelente para quem só recebeu três boas bolas no jogo. Foram três passes e dois gols. Sem mistérios, o artilheiro construiu a vantagem que o Paissandu precisava para suportar quase três quartos do jogo sob pressão constante do Cametá. Quem tem bons jogadores de área sabe a importância que eles têm. Costumam marcar presença justamente em ocasiões enrascadas, quando as oportunidades rareiam.
Experiente, Mendes sabe proteger bem a bola, passa com correção e é quase sempre certeiro nos arremates. Tanto que surpreendeu ao desperdiçar uma chance preciosa, no segundo tempo, depois de levar a melhor sobre a defesa cametaense. A surpresa veio do fato de que é um goleador que raramente perde os chamados gols fáceis. 
Depois que foi trocado por Zé Augusto, o Paissandu teve apenas outro bom momento, mas Billy desperdiçou. Rafael Oliveira, principal artilheiro do time, não estava em dia de grande inspiração, apesar de esforço e participação na partida. Mas, graças à produtiva atuação de Mendes, o Paissandu não precisou dele.
 
De espantar na partida foi a apatia inicial e a ausência de recursos do Cametá para mudar um cenário flagrantemente desfavorável. Tinha a posse de bola e tomava conta do campo inimigo, mas não encontrava brechas para chutar. Seu domínio era ilusório, mas o time insistiu nessas tentativas do começo ao fim. Com Leandro Cearense anulado, só chegou ao gol quando Robinho foi à linha de fundo e cruzou para Jailson. Pena que tenha buscado esse caminho apenas uma vez.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 21)