Do blog de José Cruz
Relatórios de entidades públicas e privadas mostram atrasos nas obras, como o revelou o Sindicato de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco). O Tribunal de Contas da União também já destacou deficiências em diversos pontos, inclusive na falta de projetos básicos de obras em andamento. Para a Copa, o tempo já urgiu. Mas sobre o atual quadro do futebol de cada sede, não há grandes preocupações. E aí vêm os “elefantes brancos”, termo proibido para os governantes dos 12 estados e cidades sedes. Para ele, é melhor dizer “arena multiuso”, em relação aos gigantes de concreto que nascem.
Cultura futebolística
Para ajudar a entender a cultura futebolística, analisei o público e o histórico de cada sede nas competições estaduais e nacionais. Quatro delas continuam sendo questionadas: Cuiabá, Manaus, Brasília e Natal. Os números são do banco de dados da CBF e se referem aos torcedores que foram aos estádios e quantos jogos foram disputados nos Campeonatos Basileiros das Séries A, B, C e D, esta última criada em 2009. Os números assustam, comparados com outras cidades, historicamente conhecidas pela força de suas torcidas:
Número de torcedores em jogos da Séries A, B, C e D (2006-2010)
– Mato Grosso: 84.816 torcedores – 62 jogos – média: 1.368
– Amazonas: 215.735 torcedores – 68 jogos – média: 3.173
– Distrito Federal: 443.148 torcedores – 188 jogos – média: 2.357
– R.Grande do Norte: 1.105.306 torcedores – 183 jogos – média: 6.040
Os “fora da Copa”:
– Pará: 1.004.215 torcedores – 152 jogos – média: 6.607
– Santa Catarina: 2.023.538 torcedores – 307 jogos – média: 6.591
– Goiás: 2.243.180 torcedores – 313 jogos – média: 7.167
Percebe-se que apenas o Rio Grande do Norte está mais próximo de Pará, Santa Catarina e Goiás, ignorados na escolha das cidades-sedes. Outro questionamento é quando a soma de todos os torcedores dos últimos cinco anos no Amazonas, Mato Grosso e Distrito Federal chega a 744 mil pessoas, enquanto apenas no Pará mais de 1 milhão de torcedores compareceram aos estádio. Se é necessária uma sede amazônica para o desenvolvimento do turismo, Manaus não demonstra, no futebol, ter sido a melhor escolha.
Que motivos deixaram de fora Goiás e Santa Catarina, quando mais de 2 milhões de pessoas foram aos seus estádios desde 2006, enquanto Cuiabá, que levou escassos 85 mil pessoas no mesmo período é escolhida. E o que dizer sobre as médias de público dos campeonatos estaduais desse ano? Continuam com médias superiores as cidades deixadas fora de 2014, ainda com a exceção de Natal.
Média de público (estaduais – 2011 / atualizado em 4 de março):
Manaus: 626
Cuiabá: 994
Brasília: 1.208
Natal: 3.089
Média dos campeonatos das capitais “fora da Copa”:
Goiânia: 4.139
Belém: 7.334
Florianópolis: 7.514
Reforço das cortesias
No atual campeonato Candango, 44% dos ingressos foram doados aos torcedores, na tentativa de turbinar o jogo. Em vão. Assim, se forem contados apenas os ingressos pagos, a média de público cairia de 1.208 para 674 torcedores. Mas aqui se constroi estádio para 70 mil pessoas… Fica evidente que o critério para a escolha das sedes não foi o da tradição futebolíticas, com repercussão no econômico. Mas o do interesse político regional de ocasião.
(Fontes de Pesquisa: Sites da CBF e Federações Estaduais, jornal A Crítica, de Manaus)