Cabeça e jogadores negam ameaça de greve

O presidente Sérgio Cabeça, do Remo, teve uma conversa de quase uma hora na manhã desta quarta-feira no estádio Baenão com os jogadores do time eliminado nas semifinais do primeiro turno do campeonato. Depois do encontro, tanto Cabeça quanto os atletas negaram os boatos de que o elenco cobrava o atraso de 13 dias no pagamento dos salários de fevereiro e teria ameaçado fazer uma greve. Ao que parece, o presidente fez ver aos jogadores que os problemas financeiros têm a ver com o vexame do time na fase decisiva do torneio.

Paissandu cheio de dúvidas para a decisão

Alexandre Fávaro; Claudio Allax (Sidny ou Allisson), Hebert, Ari (Nei Baiano) e Elton Lira; Billy, Alexandre Carioca, Allisson (Vanderson) e Alex Oliveira; Mendes e Rafael Oliveira (Zé Augusto). Este é o provável time do Paissandu para decidir o título do primeiro turno, nesta quinta-feira, às 20h30, na Curuzu. As muitas dúvidas na escalação se devem a problemas de contusão na equipe. Sidny, Ari e Rafael Oliveira estão sob tratamento, mas devem entrar jogando, apesar das preocupações manifestadas pelo técnico Sérgio Cosme.

Tribuna do torcedor

Por João Lopes (englopesjr@gmail.com)

Afinal de contas, para que servem as categorias de base no Remo? Com certeza não é para fechar bons negócios com promessas de craques e nem para lançar bons jogadores no profissional. Um problema. Os técnicos importados não fazem a menor ideia da qualidade dos jogadores locais, e nós fazemos ideia do quanto os garotos daqui estão em desvantagem em relação àqueles que têm melhor estrutura no sul e sudeste. O resultado é que um estrangeiro chega aqui pensando que todo boleiro disponível por lá, pelo sul e sudeste, é melhor que o nosso porque o de lá está em melhores condições físicas, porque recebeu mais investimento.
Esquecem que a técnica é tácita, que a habilidade é individual, e se rendem ao fantástico discurso de que os esquemas táticos resolvem a carência da habilidade, a ausência do craque que desequilibra. Isto pode ser verdade na europa, que penou pra ter um Platini, um Cruyff e um Beckenbauer, que passa o tempo buscando estratégia e esquemas para enfrentar a imprevisibilidade do talento sulamericano que eles sonham em ter e pagam caro por isso. Ora, se o futebol é um grande negócio com a negociação de craques e o Remo não produz um único para exemplo, então as categorias de base azulinas são um grande gasto desnecessário. Sugeriria que ou se fechasse a base ou se investisse nela muito mais que hoje porque, caso contrário, se trataria de uma despendiosa ignorância manter funcionando uma atividade com um custo que não traz retorno. Ou as categorias de base se transformam em negócio lucrativo e, portanto, se tornem um investimento, ou que deixem de ser um custo sem razão e o clube assuma de vez que irá “terceirizar” a produção de jogadores, se limitando a ser um mero expositor de jogadores e não ganhe nada com isso, nem dinheiro, nem títulos. Não faz sentido importar tantos jogadores e nem tantos técnicos que nada sabem sobre o futebol paraense. Que tal investir nos técnicos locais, bancando reciclagens, intercâmbios e palestras? Que tal bancar a formação do profissional que pode gerar um grande retorno para o clube no futuro? Que tal deixarmos de lado a hipocrisia de que o jogador de fora é melhor que o nosso. O atleta paraense não é prestigiado e não desenvolve plenamente as aptidões que os profissionais que importamos, que receberam tal investimento. Conclusão, os técnicos têm razão de importar, mas nunca pela qualidade técnica superior, mas pelo investimento que estes importados até chegarem aqui. É uma lógica de mercado que mostra o quanto o dirigente paraense está atrasado no tempo, vive no passado. Tanto que o Remo não tem ganho nada e continua com a mesma torcida apaixonada, aquela que lembra os tempos de glórias, mas não os tem vivido.

Caio Jr. substitui Joel no Botafogo

Um dia depois que Joel Santana anunciou sua saída do clube, o Botafogo anunciou na tarde desta quarta-feira Caio Jr., 46, como novo técnico da equipe. Ele deve começar a trabalhar no clube carioca no próximo sábado. Caio Jr. estava no Qatar, onde treinava o Al Gharafa desde 2009. Ele se desligou da equipe há duas semanas. Os principais trabalhos do treinador foram no Paraná, no Palmeiras e no Flamengo.

Pode até dar certo, mas não chega aos pés de Joel.

Coluna: Entre a cruz e a espada

A esta altura do campeonato, não restam alternativas ao Remo. É vencer ou vencer – ou, numa variação mais desesperada, matar ou morrer. Caso não se recupere na competição garantindo vaga na Série D, o clube terá sérios problemas para permanecer em atividade no segundo semestre. Compartimento mais sensível de toda a estrutura, o futebol profissional fica exposto às pressões da torcida e funciona como termômetro da situação. No caso remista, mais do que nunca, do êxito em campo depende a própria sobrevivência da agremiação no restante da temporada. 
A maior ameaça ao projeto azulino no Parazão é a repetição dos grosseiros erros cometidos na primeira metade do torneio. Dirigentes avaliam que, mais do que a espantosa performance do Cametá na semifinal, o fracasso do Remo deve ser creditado às limitações do próprio time e aos equívocos do técnico Paulo Comelli, principalmente no primeiro confronto.
O treinador, que não quis Leandro Cearense e vetou Mendes, dedica-se agora a uma missão desesperada no interior paulista: arranjar reforços para o anêmico ataque, setor mais carente da equipe. A garimpagem tem sido infrutífera. Os jogadores estão lá, alguns até disponíveis, mas falta dinheiro para convencê-los a vir jogar num time cujo calendário só vai até junho.  
Dinheiro, aliás, é o grande drama do Remo desde a posse da nova diretoria. Além da natural impaciência de uma torcida machucada por seguidas decepções, os dirigentes enfrentam diariamente um inimigo bem mais poderoso: a insolvência financeira. Os contratos de patrocínio fechados desde janeiro ajudam, mas não cobrem todos os buracos contábeis existentes. Os quatro meses de salários em atraso, herdados da desastrosa gestão de Amaro Klautau, comprometem seriamente o dia-a-dia do clube.
O bom começo no Parazão animou a torcida, gerou boas arrecadações e ajudou a enfrentar os aperreios financeiros. Mas, com a queda brutal de rendimento nas partidas decisivas, velhos fantasmas voltam a assombrar o Evandro Almeida, com destaque para as pendências trabalhistas.
Não por acaso a diretoria pôs a boca no trombone contra a Federação Paraense de Futebol diante da falta de complementação (R$ 600 mil) do empréstimo da CBF. A situação é dramática: sem o dinheiro, acordos recém-firmados com a Justiça podem ser desfeitos e comprometer inclusive a bem-sucedida estratégia desenvolvida pela nova equipe jurídica, responsável por 22 acordos de conciliação até o momento.
 
O grande desafio dos remistas para o segundo turno é a crescente dificuldade que a disputa vai oferecer. Além dos finalistas Paissandu e Cametá, precisará superar Castanhal, S. Raimundo, Águia e Independente mais reforçados. Comelli tem menos de duas semanas para remontar o time, com prioridade absoluta para o ataque. O problema é que novos atacantes não passam de especulação (Luan, Fabiano, Quirino?). Por enquanto, a melhor escalação possível é: Lopes; Elsinho, Rafael Morisco, Diego Barros e Marlon; San, Mael, Tiaguinho (Betinho) e Fininho; Tiago Marabá e Ró. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 23)