Em caso de um resultado negativo contra o Bahia, Sérgio Cosme resistirá às pressões da torcida – apesar da campanha impecável até aqui?
Mês: março 2011
Capa do Bola, edição de quarta-feira, 30
Coluna: Um tremendo desafio
A Copa do Brasil é uma pedra nas chuteiras do Paissandu. A campanha do bicampeão paraense é inexpressiva, quase ridícula e indigna da história do clube em outras competições. Jamais foi além da segunda fase. Com 13 participações acumuladas no torneio, o desafio é novamente de alta complexidade. O adversário é o Bahia, que monta time para disputar a Primeira Divisão e é forte tanto dentro quanto fora das quatro linhas.
Sob o comando de Wagner Benazzi, célebre pela quantidade de acessos obtidos em S. Paulo, o Bahia já expressou a disposição de vencer por mais de dois gols de diferença, a fim de eliminar o jogo de volta. Tem bons jogadores, com destaque para Ramon, Robert, Souza e Boquita.
Ao Paissandu, importa vencer. Qualquer que seja o placar e, de preferência, sem sofrer gol. Com isso, abriria importante vantagem no confronto. Sérgio Cosme surpreendeu ontem com a inclusão do argentino Martín Cortez, que treinava desde a semana passada e até agora não era sequer citado como opção.
Quem viu Cortez treinar, elogiou sua movimentação. Não entrará jogando, mas é provável que seja aproveitado, dependendo do andar da carruagem. Mais ou menos a mesma situação de Sandro e Vânderson, que só serão lançados no segundo tempo por não terem fôlego para os 90 minutos.
As grandes qualidades do Paissandu atual estão todas concentradas no ataque. Foram 32 gols marcados em 11 partidas do Parazão, com a impressionante média de quase 3 por partida. Rafael Oliveira, artilheiro do campeonato com 17 gols, vive grande momento e dificilmente passa um jogo em branco. Ao seu lado, o baiano Mendes cumpre uma escalada de gols decisivos e bonitos, como os três assinalados nas finais do turno.
Desgostos recentes, como as eliminações para o Icasa (2009) e Salgueiro (2010) na Série C, deixam o torcedor naturalmente cabreiro. Mas, por sorte, o título da primeira etapa do certame estadual devolveu a confiança perdida e fez com que até a antipatia pelo técnico Sérgio Cosme fosse superada. O que importa agora é a união de forças em torno do objetivo imediato: seguir em frente na Copa do Brasil, o que também garante uma boa receita.
O xis do problema, para o Paissandu, é o comportamento errático da defesa, que mantém a preocupante média de dois gols sofridos por jogo. Se essa estatística se mantiver hoje, pode-se considerar que a classificação à terceira fase estará seriamente comprometida. Cosme sabe que a vulnerabilidade do setor defensivo tem a ver com o trabalho dos cães de guarda Alexandre Carioca e Billy, que certamente ficarão de plantão o jogo todo à frente dos zagueiros de área. Sem dúvida, uma espinhosa missão.
Destaque do Cametá no primeiro turno, o meia Robinho firmou um pré-contrato com o Paissandu para a Série C. Leandro Cearense, alvo maior da cobiça dos bicolores, até ontem não tinha aceitado as bases salariais propostas. Segundo fontes do próprio clube, a negociação está empacada.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 30)
Rock na madrugada – Pearl Jam, Soldier of Love
Pearl Jam mandando ver nesse cover de uma velha canção dos Beatles.
Robinho firma pré-contrato para a Série C
O meia Robinho, um dos destaques do Cametá no primeiro turno, assinou na tarde desta terça-feira um pré-contrato com o Paissandu. O jogador será incorporado ao elenco depois do campeonato estadual, a fim de reforçar a equipe na disputa da Série C. No site oficial do clube, foi anunciada também a contratação do zagueiro Diguinho, 29 anos, que estava no São João de Araras (SP), disputando o Campeonato Paulista. Ele será inscrito para o Parazão e a Copa do Brasil. O novo beque do Paissandu já passou por Ituano (SP), Criciúma (SC), São Caetano (SP), Ceará (CE) e Mogi Mirim (SP). Embora ainda sem confirmação oficial, o também zagueiro André Turatto, atualmente no Linense (SP), seria outro reforço já agendado.
Meia argentino é a novidade de Cosme
O meio-campista argentino Martín Cortéz é a grande surpresa da lista de relacionados pelo técnico Sérgio Cosme para o jogo contra o Bahia, nesta quarta-feira (30), às 21h50, no estádio Edgard Proença, o Mangueirão, pela segunda fase da Copa do Brasil. No treino realizado no gramado do Mangueirão, nesta terça, o time titular teve Alexandre Fávaro; Cláudio Allax, Ney Baiano, Hebert e Elton Lira; Alexandre Carioca, Billy, Alisson e Alex Oliveira; Zé Augusto e Mendes. O zagueiro Ari se recupera de lesão, bem como Rafael Oliveira. Sidny também está no departamento médico. Todos, porém, irão atuar contra o tricolor baiano. Cortéz, que começou a treinar na semana passada, deixou boa impressão e pode ser aproveitado por Cosme no decorrer da partida.
Jogadores relacionados para o jogo com o Bahia:
Goleiros: Alexandre Fávaro e Ney. Zagueiros: Ari, Hebert e Nei Baiano. Laterais: Allax, Sidny, Elton Lira e Brayan. Volantes: Billy, Alexandre Carioca, Alisson, Sandro e Vanderson. Meias: Alex Oliveira, Martín Cortéz e Marquinhos. Atacantes: Rafael Oliveira, Mendes, Zé Augusto e Héliton.
Dorsa na Caras, Bolsonaro no CQC
Por Maurício Stycer
Pouco antes de morrer, ao cair pela janela do sétimo andar do prédio onde morava, a atriz Cibele Dorsa enviou à revista “Caras” um longo bilhete de despedida. No texto, ela pede perdão aos filhos pelo gesto, critica o ex-marido, Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, por ter levado as crianças para o exterior e fala da solidão que sentia desde que perdeu o noivo, Gilberto Scarpa, morto no final de janeiro de forma idêntica a ela.
Horas depois da morte da atriz, no sábado, 26, o site da revista “Caras” começou a publicar o bilhete de despedida que ela enviou. “EXCLUSIVO: Cibele Dorsa deixa carta antes de morrer”, estampou a revista. O texto foi dividido em vários trechos, como se fossem capítulos, publicados de tempos em tempos ao longo da tarde. Na segunda-feira, a Justiça determinou, atendendo a pedido de Doda, que todas as referências a ele fossem retiradas do site e da revista. A mídia brasileira, de um modo geral, noticia com muito comedimento suicídios. O temor de que o suicídio possa ocorrer por imitação, uma tese levantada ainda no século 19, orienta a discrição dos principais veículos de comunicação.
Suicídio só é notícia mesmo quando envolve figuras públicas. Ainda assim, creio, a revista “Caras” agiu de forma sensacionalista, sem nenhum cuidado ao publicar os principais trechos da carta de Cibele Dorsa. Faltou editar, contextualizar a noticia e ouvir as pessoas envolvidas, além de pesar os danos que esta publicação poderia causar aos filhos da atriz.
A entrevista do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) ao “CQC”, da Band, envolve problemas de outra natureza. Num quadro previamente gravado, como todos do programa, o político respondeu a provocações de diferentes espectadores. Foi uma oportunidade para repetir suas notórias posições conservadoras, com traços de homofobia e de nostalgia da ditadura militar que dirigiu o país entre 1964 e 1985.
No momento mais forte, foi questionado pela cantora Preta Gil sobre qual seria a sua reação se um filho seu namorasse uma mulher negra. “Ô Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu”, respondeu. Antes de exibir a entrevista, Marcelo Tas apresentou Bolsonaro como “o deputado mais polêmico do Brasil”. Ao final, disse: “Eu prefiro acreditar que o Bolsonaro não entendeu a pergunta da nossa querida Preta Gil”.
O “CQC” tem o direito de entrevistar quem quiser e o deputado pode falar o que bem entender. A Justiça está aí para avaliar se ele cometeu algum crime, ou não. O que me espanta é o programa ter levado ao ar uma resposta tão grosseira havendo dúvidas, como manifestou Tas, que Bolsonaro pode ter entendido errado a pergunta. Se é verdade isso, o trecho da entrevista não deveria ter sido exibido sem que o deputado fosse consultado antes. Também caracteriza sensacionalismo.
Pará tem 4 dos maiores artilheiros do país
O Pará está mais ofensivo do que nunca. Dos 10 principais goleadores do país até o momento, quatro são papachibés: Rafael Oliveira (17 gols), Leandro Cearense (15), e Cléo (Treze-PB) e Paulo Rangel (Lajeadense), ambos com 11 gols. (Com informações do repórter Michel Anderson/foto: MÁRIO QUADROS/Bola).
Águia bate Gavião e anuncia mais dois reforços
Depois de passar pelo Gavião Krikatejê, por 3 a 2, em amistoso realizado nesta terça-feira, o Águia anunciou as contratações de mais dois reforços para o segundo turno do Parazão: Danilo Goiano (volante, ex-Uberlândia) e Alan (atacante, ex-Vila Nova-MG). O atacante Wando, que chegou a ser cogitado para retornar a Marabá, firmou contrato com o Vila Nova goiano e se apresentou nesta terça. O amistoso com o Gavião serviu para movimentar a equipe antes da estreia no returno contra a Tuna, domingo, às 9h30, no estádio do Souza.
Barata ganha apoio de amigo distante
Por Sandro Galtran
O meia André Barata, que segue internado no Hospital Barros Barreto, com meningite bacteriana, ganhou homenagem especial de um amigo distante. Beto Belém (foto ao lado), atacante campeão em 2005 pelo Clube do Remo, atualmente no Persijap, da Indonésia, jogou com Barata no Leão e ficou preocupado com o estado de saúde do meio-campista tunante. Da Ásia, Beto acompanha pela internet a situação do amigo. No último domingo, o atacante paraense marcou dois gols na vitória do Persijap pela terceira rodada da ISL (Indonésia Super Liga). Aproveitou para homenagear o amigo na comemoração, mostrando a frase estampada na camisa: “André Barata: força, Deus está com você” . Por telefone, Beto mandou também uma mensagem ao amigo e seus familiares: “Tenha fé em Deus. Ele está sempre do nosso lado, e com o André não vai ser diferente, ele vai sair dessa porque é uma ótima pessoa e um grande amigo. Força aos familiares do André. O que eu posso fazer por aqui é orar pelo meu amigo”. Beto Belém ou Beto Gonçalves foi revelado pelo Sport Belém e defendeu o Vila Rica em 2001, a Tuna em 2003, Ananindeua em 2004 e foi campeão brasileiro da Série C pelo Clube do Remo em 2005. Está desde 2007 na Indonésia onde foi campeão da ISL (Indonésia Super Liga), jogando pelo Persipura.
Uncle Jimmy: o tempo não pára
A prova de que o rock também envelhece. James Patrick (Jimmy) Page, aos 67 anos, em foto tirada na semana passada. Guitarrista britânico do primeiríssimo time e um dos fundadores do Led Zeppelin, banda fundamental na história do pop-rock, Page foi eleito o sexto maior guitarrista pela revista Time, o segundo na Gibson e é o nono colocado na célebre lista da “Rolling Stone” sobre os 100 grandes guitarristas de todos os tempos. Page, que tocou nos Yardbirds, juntamente com Jeff Beck e Eric Clapton, foi um dos primeiros guitarristas a popularizar o uso da distorção e ‘feedback’ eletrônicos. Depois do fim do Led, Page se recolheu por um tempo, mas de vez em quando volta à superfície. Tem aparecido em filmes, faz parceria com amigos como Jeff Beck e aparições inesperadas em shows beneficentes. Discreto, mantém uma fundação beneficente no Rio de Janeiro e, de vez em quando, pode ser visto circulando pelas ruas da Maravilhosa.
Dona Globo e o país dos brothers
Por Brizola Neto, publicado no blog Tijolaço:
Mais cedo postei artigo (insuspeito, de um dirigente de bancomultinacional) falando do peso da educação no desenvolvimento chinês. Agora, antes de almoçar, leio uma matéria que seria irônica, se não fosse trágica. E, também, no insuspeitíssimo O Globo. É que o blog do Big Brother, certamente por distração de seus mentores, publica a seguinte informação:
“Na quarta-feira, 30 de março, existirão 169 ex-integrantes do “Big Brother Brasil”. Um número que chama atenção ao ser posto, lado a lado, ao de profissionais com carteira assinada em algumas atividades regulamentadas pelo Ministério do Trabalho: hoje, no Brasil, existem 18 geoquímicos, 34 oceanógrafos, 77 médicos homeopatas e 147 arqueólogos, entre outros ofícios. No entanto, na mesma quarta, alguém estará R$ 1,5 milhão mais rico (ou menos pobre, dependendo do ponto de vista), e não será um desses trabalhadores.”
Pois é. Mas o que o “brother” vai ganhar é nada, perto do que a Globo fatura. Ano passado foram R$ 300 milhões; em 2011, estima-se, R$ 400 milhões. E fatura porque as grandes empresas pagam para patrocinar. Não tenho notícia de uma grande empresa patrocinando uma universidade. Não tenho notícia de uma multinacional investindo na formação de oceanógrafos, ou de arqueólogos, ou de homeopatas, ou geoquímicos. Nem vejo os nossos gloriosos colunistas dizendo que as empresas devem ter uma função social, como prevê, desde 1946, a nossa Constituição.
Nada contra as moças e rapazes que estão ali tentando um lugar ao sol que, em nosso país, durante décadas, nos acostumamos a não merecer pelo estudo, pelo trabalho, pela austeridade. “Faz parte”, como dizia o bordão de um ex-”brother”. Mas tudo contra o império do interesse comercial moldando, a seu bel-prazer, um comportamento social marcado pela competição a qualquer preço, pelo exibicionismo, pelo vazio, para embolsar milhões. Sempre é bom repetir o que diz o artigo 221 de nossa Constituição:
A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
É por isso que quando a Globo fala em princípios, em educação, em trabalho honesto, em respeito ao ser humano, o cheiro da hipocrisia se espalha no ar.



