Placar de 0 a 0 é resultado mais do que normal e corriqueiro, mas o de ontem, no estádio Edgar Proença, não pode ser encarado dessa forma. Foi um placar garantido pela excepcional forma do goleiro Alexandre Fávaro e a ineficiência dos atacantes baianos. Fávaro, com três sensacionais defesas, salvou o Paissandu da eliminação na Copa do Brasil. Foi, disparadamente, o melhor em campo.
Ter no goleiro seu principal destaque diz muito do que foi o Paissandu diante do Bahia. Sérgio Cosme adotou postura cautelosa, que em poucos lances se transformou em atitude amedrontada. Nos primeiros momentos, o tricolor baiano parecia em casa, apesar da presença da torcida alviceleste.
Para complicar o que já era difícil, Mendes se meteu em confusão desnecessária e foi expulso aos 20 minutos. A marcação era dura, as bolas disputadas palmo a palmo, evidenciando a crônica dificuldade do Paissandu em sair da defesa ao ataque.
Nervoso em excesso, o Paissandu errava passes curtos, não conseguia alongar jogadas para Rafael Oliveira, isolado na frente. O Bahia não é um time excepcional, mas tem qualidades que faltam ao bicampeão paraense, como o passe ajustado e as manobras em velocidade. E, para sorte de Sérgio Cosme, havia Sandro Meira Ricci e ele restituiu a igualdade numérica expulsando o melhor do Bahia, Ramon, num lance que merecia apenas cartão amarelo.
Sem Ramon para criar, o jogo ficou mais equilibrado. O Bahia passou pelo menos 15 minutos tentando se reencontrar em campo. Apesar disso, o Paissandu não tinha como aproveitar esse momento de instabilidade. Rafael, vigiado de perto, nada produzia.
Depois do intervalo, quando se esperava que Cosme mudasse o posicionamento do time, tirando Elton Lira e botando Sandro, passando Billy ou Alexandre para o lado esquerdo, o Paissandu voltou do mesmo jeito. Errando como antes. E, aos 11 minutos, o ala Marcos perdeu o gol mais feito da noite, depois de roubar bola de Billy e invadir livre. Fávaro saiu aos seus pés e operou verdadeiro milagre.
Benazzi facilitou as coisas para Cosme, tirando Robert e deixando o lento Souza no ataque. Ainda assim, o Bahia continuou sufocando, pecando apenas nas finalizações. Sem alternativas ofensivas, o Paissandu só disparou o primeiro tiro a gol aos 18 minutos, através de Billy, sem perigo.
Pressionado pelas vaias, Cosme tirou Alisson, Alex Oliveira e depois Rafael para lançar o trio de veteranos Vânderson, Zé Augusto e Sandro. Não podia dar certo, e não deu. O time ficou mais exposto, o Bahia seguiu perdendo gols com Marcos e Dodô, e Fávaro salvando todas. O apito final foi recebido com alívio.
Alguns detalhes aparentemente banais ajudam a acentuar o processo de decadência do futebol paraense. A TV que fez a transmissão para Belém escalou locutor e comentarista baianos, analisando o jogo com o olhar de visitantes e com aquele tom de superioridade típico de quem enfrenta um time qualquer da terceira divisão. Foi, no mínimo, deselegante. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 31)





