Além das óbvias dores de cabeça quanto ao futuro imediato, a perda do primeiro turno custará muito caro aos combalidos cofres do Remo. No bico do lápis, a fatura gira em torno de R$ 450 mil, incluídos nesse cálculo a premiação estabelecida no convênio com o governo do Estado e a partilha das rendas dos clássicos Re-Pa que decidiriam a Taça Cidade de Belém.
Muito além da zoação entre torcedores, o Remo vai conviver nas próximas três semanas com a necessidade premente de reformular sua estratégia para o restante do campeonato. O plano inicial de ganhar o turno, como passo decisivo para se aproximar da Série D (e voltar à Copa do Brasil), caiu por terra depois de 180 minutos de confronto com o modesto Cametá.
O saldo negativo de 7 bolas em dois jogos dá bem a dimensão dos equívocos de Paulo Comelli na montagem do time para as semifinais. Pior, na visão de credenciado dirigente, foi constatar que jogadores enjeitados pelo clube foram fundamentais na eliminação do Remo. Jailson, Leandrinho, Wilson, Romeu e até o próprio Leandro Cearense, que sequer teve oportunidade nas divisões mirins do clube.
Trata-se do quinto fracasso consecutivo na disputa de turnos, quase sempre vitimado por um emergente. Foi assim em 2009, quando o Remo foi suplantado pelo S. Raimundo de Valter Lima, com direito a uma surra inesquecível de 5 a 1 no Baenão. Em 2010, ficou pelo caminho atropelado pelo Águia. E o histórico é desanimador: início enganoso, como agora e no ano passado, resulta sempre em frustração ao término do torneio.
A diretoria bola novas mágicas para ajustar as contas, pois o esforço pela conquista do returno inclui a troca de peças do elenco por jogadores mais eficientes, badalados e caros. Sem descuidar de, em meio a isso, por via das dúvidas, torcer bastante pelo rival nas finais. Afinal, o Cametá é concorrente direto pela vaga à Série D.
O propalado assédio do Paissandu a Leandro Cearense e Robinho remete àqueles tempos românticos de travessia e “guerra de nervos” às vésperas de grandes decisões no futebol paraense. Bastava um clube cobiçar atleta do oponente para que pipocassem logo as desconfianças quanto ao rendimento dele em campo. Como o Cametá é emergente, sem rivalidade histórica com o Paissandu, o assunto não provocou maiores turbulências.
Depois de persistir no erro durante várias temporadas, a CBF dá a mão à palmatória e programa clássicos estaduais na última rodada do Brasileiro-2011. É santo remédio contra bandalheiras recentes. A providência é eficaz, pois é praticamente impossível o Inter amolecer jogo para o arqui-rival Grêmio ou o Flamengo abrir para o Vasco, e vice-versa.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 16)