A atual barafunda sobre direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro põe em campos opostos antigos aliados e aproxima velhos desafetos. Longe de uma solução, a refrega foi temporariamente adiada em face do feriado carnavalesco. As partes estão muito bem delineadas já, depois das escaramuças das últimas semanas.
De um lado do ringue, Globo-CBF (cada vez mais uma entidade só) e mais nove grandes clubes, incluindo os quatro do Rio, o Corinthians e mais quatro três fingindo indecisão (Cruzeiro, Grêmio, Inter e Palmeiras). Do outro, a Record, o apoio por ora quase solitário do São Paulo e a simpatia do que resta de Clube dos 13.
O presidente corintiano Andres Sanchez, dado a frases intempestivas e atitudes não menos caóticas, já avisou que está aberto à melhor oferta, leiloando a posição pública do clube mais popular do país. O Corinthians, por sinal, foi o único que se apressou em pedir desligamento formal do C-13, abrindo caminho para o esfarelamento da associação que já foi promessa de redenção econômica da elite do futebol brasileiro.
De uns tempos para cá, a única causa a motivar reuniões da entidade foi o bolo de dinheiro representado pelos direitos de transmissão dos jogos, em quantia considerada irrisória perto do volume monstruoso de dinheiro movimentado pelo primeiro mundo da bola – Inglaterra, Espanha e Itália. Por aqui, os clubes se contentam com algo em torno de R$ 500 milhões, valor que as redes de TV admitem alcançar.
Aos apressadinhos que costumam cerrar fileiras em torno deste ou daquele lado costumo aconselhar cautela e observação cuidadosa dos desdobramentos. O que move todos os 12 maiores clubes nacionais é a busca de remédio financeiro para suas imensas dívidas. A maioria já começa o ano comprometendo a verba do ano seguinte, pendurando-se em empréstimos junto à CBF, Globo e ao próprio C-13.
O único ponto que permitiria uma ruptura nas relações entre o capital e o lado produtivo do futebol não passou, até agora, de sonho de uma noite de verão. Foi a ideia, alimentada desde 2008, de criação de uma liga dos clubes da primeira divisão, nos moldes do que ocorre há décadas na Inglaterra e na Espanha. Como aqui não é a Europa e seus compromissos sólidos, chumbados no fio do bigode, o projeto foi apenas esboçado e usado como forma de pressionar o todo-poderoso presidente da CBF.
Ricardo Teixeira, célebre por retaliar sem piedade seus inimigos, tratou de lançar candidato à presidência do C-13 para sufocar qualquer plano de sublevação. Para seu desprazer, Kléber Leite foi massacrado nas urnas e humilhado pelo apoio público da presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, ao eterno líder da entidade, Fábio Koff.
Meses depois, a CBF apelou para uma manobra infalível. Decidiu reconhecer o hexacampeonato do Flamengo e cooptou o clube para a frente pró-Globo, afastando de vez as intenções “subversivas” do C-13. De quebra, fulminou a licitação do pacote de transmissão, fato sacramentado pela retirada da Globo da mesa de negociações.
Como não cabem anjos nessa história repleta de diabinhos, só resta uma certeza: a de que não saberemos nunca a real natureza dos acordos engendrados no submundo dos negócios do futebol no Brasil. Só quem não conhece toda a dimensão da coisa apresenta-se para falar – e confundir. Os que conhecem agarram-se ao silêncio obsequioso e dele não se afastam nem sob tortura.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 08)
Tudo por causa de um o$$o duro de roer.
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TUDO POR CONTA DO BRILHO DO OURO E DO PODER .Alguém crê que nomes como R.T ,executivos da globo,e outros menos votados estão preocupados como futuro do futebol brasileiro?ADVOGAM EM CAUSA PRÓPRIA…
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