Esqueça-se tudo o que foi dito ao longo da semana sobre as vantagens do Remo – mais entrosamento, time mais ofensivo, meio-campo arrumado – sobre o Paissandu. Foi a bola rolar na ensolarada tarde deste domingo, no estádio Mangueirão, para toda essa falsa superioridade ruir como um castelo de areia. Na verdade, a casa começou a cair aos 17 minutos, quando Didi mandou para as redes um cruzamento de Tiago Potiguar, precedido por um drible de entortar espinha aplicado no zagueiro Márcio Nunes.
Antes, o Remo teve suas chances. Logo a 1 minuto, Vélber (aproveitando falha de Tiago), perdeu chance de ouro: invadiu livre e bateu rasteiro, mas Fávaro defendeu milagrosamente. Em seguida, Marciano chutou cruzado e o goleiro novamente salvou o Paissandu.
Mas, da parte remista, foi só. A partir daí, o Paissandu começou a se assentar em campo, distribuir bem seus jogadores e avançou um pouco mais, passando a marcar a saída de bola do Remo com Moisés e Fabrício. O zagueiro Márcio Nunes, que estreava, acertou um carrinho em Fabrício e podia ter sido expulso – acabou recebendo o amarelo. Danilo começou a errar bolas fáceis e se transformou no autor intelectual do primeiro gol do Paissandu, ao perder bola dominada à altura do meio-campo. Depois que abriu o placar, o Paissandu continuou fustigando e Moisés teve bela chance, mas bateu pelo alto.
O Remo, subitamente nervoso, não conseguia organizar jogadas e perdia o duelo na meia cancha. Acuada, a defesa dava sinais de intranquilidade, dando chutões e se atrapalhando na saída de bola. Num lançamento em direção à área, o zagueiro Raul chegou à frente do atacante Didi e, antes de dominar a bola, acertou cotovelada no jogador. Expulso no ato, criou um princípio de tumulto em campo – e continuou fazendo estragos no vestiário do Mangueirão.
Vélber foi sacado para a entrada do zagueiro Jorge Santos. Veio, então, o segundo gol, aos 34 minutos, novamente em lance de habilidade: Tiago Potiguar novamente apareceu bem, passando para Moisés finalizar com precisão. O Paissandu não arrefeceu o ânimo e seguiu pressionando, buscando aproveitar o mau momento do Remo, mais atrapalhado ainda depois de ficar em inferioridade numérica. Danilo volta a falhar na meia-lua da grande área, o zagueiro Márcio Nunes se atrapalha e Didi bate firme no canto direito de Adriano. 3 a 0.
Nesse instante, o jogo estava inteiramente dominado pelo Paissandu, que parecia perto de disparar uma goleada histórica, tamanha era a diferença de postura das duas equipes. Veio, então, uma saída rápida do Remo para o ataque e Marciano foi lançado na área. Tentou encobrir o goleiro, mas acabou atingido e derrubado por Fávaro. O árbitro Evandro Rogério Roman assinalou o pênalti e aplicou o cartão amarelo, sob protestos dos azulinos, que defendiam a expulsão do guardião bicolor. O próprio Marciano converteu o penal, diminuindo para 3 a 1.
No intervalo, Sinomar trocou Gian por Samir e o Remo voltou mais presente no ataque, tentando de todas as formas diminuir a desvantagem. Logo aos 8 minutos, em contra-ataque, Marciano lançou Héliton, que tocou na saída de Fávaro. Com o placar de 3 a 2, o Remo ganhou confiança, passou a errar menos no combate de meio-campo e avançou para buscar o empate. O Paissandu reagiu e, em cruzamento rasante, Didi cabeceou na pequena área, mas Adriano defendeu.
O Remo seguiu atacando, mas a zaga do Paissandu se mantinha firme. Aos 18 minutos, Levy dispara forte, à meia altura, e Fávaro acaba se contundindo num choque com Marciano. Charles substitui Fabrício por Marquinhos. Aos 22, Samir arranca com a bola dominada e, quando vai tentar entrar na área, sofre falta por trás de Cláudio Allax, que já tinha cartão amarelo. Roman adverte verbalmente o jogador, mas não aplica o segundo cartão. Aos 37, em lançamento longo para o ataque, Héliton invade a área e cruza para a área. A bola resvala no braço de Leandro Camilo. Os remistas reclamam, mas o árbitro manda o jogo seguir, interpretando como toque involuntário.
Aos 44 minutos, quando o Remo ainda tentava o empate, um passe preciso de Sandro achou Moisés na grande área remista. Mesmo marcado, ele bateu cruzado, pelo alto, fazendo o quarto gol alviceleste. Com o resultado, o Paissandu vai para o segundo jogo da decisão, com a vantagem de poder até perder por um gol de diferença.
A renda foi de R$ 469.500,00, para um público pagante de 23.360 – credenciados: 1.920. Público total: 25.280. (Fotos: 1: NEY MARCONDES; 1, 2: TARSO SARRAF; 4, 5, 6 e 7: MÁRIO QUADROS/Bola)





