
Algumas anotações sobre o Re-Pa mais confuso e sabotado dos últimos tempos, ameaçado de cancelamento até 10h30 de sábado.
Para começo de conversa, o jogo não foi aquele espetáculo que alguns afoitos viram, nem foi a pelada que pessimistas juramentados vaticinaram. Valeu, acima de tudo, pelos eletrizantes cinco minutos finais do primeiro tempo, quando aconteceram os dois gols e as duas bolas na trave de Adriano – e, de quebra, foi quando ocorreu a expulsão de Ramon.
Com base naquela estatística simplista que todo mundo faz, o Paissandu teve maiores oportunidades de vencer. Além das bolas de Moisés e Luciano Dias que carimbaram as traves do Remo, Vítor Hugo acertou uma meia-bicicleta que Adriano salvou no susto, Jênison chutou rente ao travessão e Luciano perdeu grande lance nos instantes finais, chutando na rede pelo lado de fora.
O Remo, mais preocupado em se defender no segundo tempo, perdeu duas chances com Héliton e em cabeceio de Pedro Paulo, que Alexandre Fávaro mandou a escanteio.
Para o desperdício de chances do Paissandu, a explicação está na afoiteza dos atacantes. Mas ficou óbvio que a vitória não aconteceu porque o time de Barbieri não tem um especialista em criação, o que foi determinante para que a vantagem numérica não fosse aproveitada.
Curiosamente, pensava-se que, com um a menos, o Remo voltaria do intervalo com o propósito de segurar resultado. Empurrado pela torcida, em maior número ontem, o time veio com as devidas cautelas, mas sem abdicar dos contragolpes. Sinomar abriu mão de Marciano e apostou em Héliton, pela velocidade e entrosamento com Levy. Deu azar porque o jovem atacante se perdeu em tentativas individuais e confundiu firula com brilhantismo.
Barbieri, que investiu em Jênison para a armação, teve a mesma decepção. Acreditou que o meia, acostumado a jogar com Moisés desde as divisões de base, seria um facilitador das jogadas pelo lado direito do ataque. Palpite infeliz: Jênison não acertou passes e abriu mão do papel de ligação entre meio-campo e ataque. Sandro assumiu esse papel, mas as tentativas eram manjadas, com muita insistência pelo meio, o que facilitou o trabalho da marcação.
O empate nas circunstâncias foi bom negócio para todo mundo. O Remo, que correu muitos riscos no segundo tempo, festejou não ter perdido. Ao mesmo tempo, o Paissandu contabilizou o lucro da confiança adquirida para pegar embalo na competição.

Os melhores do jogo, pelo Paissandu: Moisés, Vítor Hugo, Zeziel e Sandro. Pelo Remo: Danilo, Gian, Vélber e Raul. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 08/02)