Sem a carranca habitual, Dunga lavrou uma sentença que tem peso de lei, hoje, a apenas seis meses da Copa da África do Sul: Ronaldo Fenômeno está fora dos planos da Seleção Brasileira. Disse, com todas as letras: não quer ser induzido ao “erro de 2006”.
Como se sabe, a última Copa do Mundo vai passar à história como o segundo grande fiasco de organização do escrete em mundiais. O primeiro, que até hoje é lembrado como exemplo máximo de bagunça, foi o da Copa de 1966, na Inglaterra.
Quando o técnico da Seleção diz que não pretende repetir os desacertos da Copa da Alemanha e faz associação direta com o nome de um jogador, fica claro que o atleta em questão (Ronaldo) está definitivamente vetado, sem chances de convocação.
Pode parecer injusto com o maior goleador de todas as Copas, mas Dunga tem razão. Quem acompanhou, mais ou menos de perto, as escaramuças do escrete na Alemanha (e, um pouquinho antes, na Suíça) sabe que o treinador deve realmente se cercar de todos os cuidados para não incorrer nas mesmas falhas.
Em primeiro lugar, a comissão técnica de 2006 priorizou o oba-oba, acreditando na falácia de que o “quarteto mágico” ganharia o torneio com um pé nas costas. Desconfio que o truque do favoritismo exagerado foi malandramente plantado pelos nossos adversários diretos de sempre – ou seja, alemães e italianos. Como se viu, caímos direitinho na esparrela.
Além disso, a derrocada se deveu também à queda de rendimento (físico e técnico) dos Ronaldos e à absoluta tibieza de Carlos Alberto Parreira como comandante, auxiliado por um Zagallo que não tinha mais sequer a velha prepotência.
Dunga, que foi chamado pela CBF para dar um jeito na Seleção, está saindo melhor que a encomenda nesse quesito. No começo, foi puro capitão do mato, exagerando na rispidez em relação a jogadores que nada tinham a ver com a lambança anterior. Caso de Kaká, por exemplo, que por um triz não desertou.
Hoje, mais seguro no cargo, a partir da excelente campanha até aqui, o técnico estreante já desfruta do direito de decretar a aposentadoria de uma lenda na Seleção. Sim, Ronaldo esteve em quatro Copas e vai passar à história como um dos maiores centroavantes de todos os tempos – talvez o maior.
Não discordo da posição de Dunga. Mas, em seu lugar, teria mais cautela levando em conta o histórico de sobrevivência, o fôlego de sete gatos do Fenômeno. No Corinthians, mesmo fazendo gols, parece gordo e fora de forma. Há quem diga que usa cinta para conter a pança, coisas indignas em relação a um herói. Todo esse conjunto de coisas pode levar o velho craque a buscar uma nova ressurreição. Aí mora o perigo: quem haverá de lhe negar um lugar no time se estiver de novo em forma daqui a seis meses?
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 26)
De fato, além dos resultados positivos conseguidos até aqui, a rispidez foi outra das principais características do trabalho do Dunga à frente da Seleção. Só me parece que o alvo não era exatamente os jogadores, e, sim, os jornalistas. E quanto a estes, segundo minha leitura, o comportamento do técnico foi na exata medida da hostil rejeição que recebia de QUASE todos eles, veiculada nas mais diversas mídias, sob vários motes, dentre eles, a ausência na lista das primeiras convocações dos nomes do Kaká e do Ronaldinho Gaúcho. O primeiro porque não tendo demonstrado muito empenho em participar do grupo que começava a ser formado, tomou uma pedagógica geladeira. O segundo porque entrou num declínio técnico, do qual só agora parece estar saindo. Quanto ao Fenômeno, depois de ter entrado em rota de colisão com o Ricardo Teixeira, acho difícil de ir à Copa. O que será uma pena, caso nestes seis meses que faltam, ele volte à forma. Em tal hipótese, só um novo acesso, agora de rispidez hierárquica, poderia resolver. O que também acho difícil.
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Sempre fui fã do Ronaldo mas acho que o Dunga está certo, o Brasil tem Luiz fabiano, Nilmar, tem o Fred, Adriano…eu levaria até o val baiano, mas nunca o wagner love que até pouco tempo era a menina dos olhos do Dunga…e com aquelas trancinhas, parece uma menina mesmo.
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Ronaldo esteve em 4 Copas: 1994, 1998, 2002 e 2006.
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