Coluna: Lambanças e malandragens

Pelo andar da carruagem, vai faltar árbitro na reta final do Campeonato Brasileiro. Depois do gaúcho Carlos Eugênio Simon, fritado pelo erro que prejudicou o Palmeiras diante do Fluminense, a comissão de arbitragem da CBF afastou o goiano Elmo Resende da Cunha, que fez lambança monumental em favor do mesmo Palmeiras contra o Sport.
Esses dois episódios, aliás, recolocam a arbitragem no lugar de onde nunca mais saiu no Brasil: o banco dos réus. Como já comentei em outras ocasiões, os árbitros nacionais não são piores do que os de outros países. Quem acompanha os grandes torneios internacionais, incluindo a Copa do Mundo, sabe que trapalhadas ocorrem em qualquer parte.
O certame espanhol, por exemplo, é famoso pela licenciosidade com que os apitadores agem em relação ao jogo violento. O resultado é que, apesar do jogo extremamente violento, raramente se vê uma expulsão. O tratamento diferenciado para os grandes clubes também é evidente, como ocorre na Itália e, em menor escala, na Inglaterra. Em suma: os pecados do apito são praticamente universais, independente de idioma ou força financeira dos clubes.
Por outro lado, em meio aos ataques raivosos contra as topadas que a arbitragem comete, cresce a percepção de que os clubes são os maiores responsáveis pelo nível geral dos juízes. A pressão política exercida pela cartolagem junto à comissão de arbitragem tem um efeito inverso ao pretendido: ao invés de tornar o processo mais sério, faz com que os mediadores fiquem mais vulneráveis e inseguros.
Lembro que, há mais ou menos três anos, surgiu o sistema de sorteio para a escala de árbitros nos torneios nacionais, cercado de expectativa altamente favorável. Parecia um bom caminho para reduzir desconfianças e privilégios. Ledo engano. Como o sorteio (entre três nomes) é intramuros, sem acompanhamento ou fiscalização, o processo acabou viciado e sem credibilidade, servindo apenas de fachada para a imposição de alguns medalhões.  
Outro aspecto a ser considerado diz respeito à vinculação da arbitragem à CBF. Não há motivo lógico para preservar esse cordão umbilical, que transforma os árbitros em simples empregados da entidade. A saída seria a criação de uma instância independente, sem ligação com clubes e confederação, propiciando escalas por mérito e árbitros mais fortes.
Quanto à formação, um país que respira futebol como o Brasil não pode abrir mão de uma academia nacional de arbitragem, capaz de organizar e sistematizar os ensinamentos que tão nobre ofício requer. 
 
 
A idéia de um Re-Pa para fechar a temporada é tão naturalmente boa que surpreende ter levado tanto tempo para ser agendada. Os motivos são óbvios: os dois rivais estão na maior pindaíba, precisam de dinheiro para garantir o pagamento do 13º salário e carecem do calor de suas torcidas.

(Coluna publicada no Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 13)

4 comentários em “Coluna: Lambanças e malandragens

  1. Será que depois do brilhante empate de ontem do Paysandu ainda teremos re x pa? Considerando que os reforços remistas não são lá muito diferentes, vai ser um jogo de dar calo na vista. Basta dizer que o “craque” Ratinho agora está sendo anunciado como uma grande atração. O atleta, desde que foi embora, jogou apenas em times inexpressivos e, o que não é surpresa, está jogando atualmente num time amador do Paraná. Profissional que reverteu categoria para time amador? Hummm… Deve formar uma bela dupla com o Gian, um meio-campo jurássico…

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  2. Se o Paysandu desistir vai ser o jeito o Remo convidar a Seleção de São Caetano de Odivelas. E do jeito que a coisa anda, periga a Seleção até exigir uma exorbitância para receber o Remo lá e um valor maior ainda para vir aqui ao Baenão.

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