POR GERSON NOGUEIRA
O Re-Pa foi morno, pouco emocionante e, tecnicamente, foi o pior dos cinco clássicos disputados no ano. Os times se mostraram cautelosos em excesso, com a cabeça ligada na segunda semifinal, o que levou ao empate sem gols. Apesar da baixa intensidade que predominou nos dois tempos, cinco lances agudos poderiam ter mudado os destinos da partida.
Num sintoma da pasmaceira, a primeira manobra de perigo só ocorreu aos 28 minutos. Vinícius Leite lançou bola na área, Nicolas raspou de cabeça e Elielton recebeu livre, mas chutou por cima do gol.
Cinco minutos depois, Wesley avançou pela direita e disparou um chute cruzado, à meia altura, para excelente defesa de Geovane.
Aos 42’, Eduardo Ramos cruzou na cabeça de Neto Baiano, que se aproximava da linha da pequena área. O centroavante disputou espaço com Perema e desviou junto à trave esquerda do Papão.
O gol esteve perto de acontecer aos 45’, quando Léo Baiano chegou chutando e Yuri tirou em cima da linha, ajudando a Vinícius fazer a defesa.
Na etapa final, aos 27’, Vinícius Leite limpou o lance na entrada da área e mandou um disparo forte. A bola explodiu no travessão azulino.
Em retrospectiva, a lista de chances perdidas dá a falsa impressão de que a partida foi movimentada e interessante. Longe disso. Pouco exigidos, os goleiros tiveram baixa participação no jogo.
O excesso de cadência no 1º tempo só foi quebrado na reta final. Na segunda etapa, o PSC começou mais inquieto e explorando o lado esquerdo, com Bruno Collaço e Nicolas. Acuado num primeiro momento, o Remo conseguiu sair do cerco, verticalizando mais a saída e isso gerou bons momentos com Wesley – e depois com Hélio Borges.
Quando o torcedor reclama da qualidade do jogo, a avaliação tem a ver com a movimentação dos times. Re-Pa é, por característica, um confronto de grande vibração e quase sempre eletrizante. Mesmo quando não há técnica, a intensidade da disputa serve como compensação.
O desenho dos times permitia esperar um jogo aberto e desassombrado, com poucos jogadores povoando o meio-campo. Quando a bola rolou, tudo mudou. E por um motivo simples. O 4-2-3-1 de Eudes se transformava em 4-4-2 com a recomposição de Eduardo e Gustavo Ramos. O 4-3-3 de Hélio dos Anjos também criava rapidamente uma segunda linha de marcação, com a volta de Vinícius Leite ou Elielton.
Com tanta gente empenhada em marcar e destruir, não houve movimentação esperada. O PSC foi melhor quando Primão conseguiu acionar Vinícius Leite e Nicolas. Só que as finalizações não encaixaram.
O Remo foi mais impositivo quando acelerava e explorava a vocação de Eduardo Ramos para o jogo em velocidade. Quando ele cansou, Zotti entrou, mas a excessiva lentidão prejudicaram as ações ofensivas. No fim das contas, um placar que retratou fielmente a baixa produção dos times.
Quanto à parte polêmica do confronto, são justas as reclamações azulinas pela cotovelada de Uchoa em Wesley, aos 9’ do 2º tempo, e pelo pênalti não marcado no lance em que o chute de Rony bateu na mão de Bruno Colaço dentro da área, aos 32’. Foram os dois erros de Dewson Freitas no jogo. Até então, ele vinha atuando bem, com firmeza e critério.
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Árbitros inseguros quanto às normas da Fifa
Um ouvinte da Rádio Clube levantou a hipótese da não marcação do pênalti por uma suposta pressão sobre o apitador, visto que o PSC foi prejudicado no jogo contra o Náutico pelo mata-mata da Série C.
É uma possibilidade, obviamente, mas difícil de acreditar pelo tempo de estrada e experiência de Dewson Freitas em comandar o maior clássico da Amazônia. Não é árbitro que se deixa intimidar ou de temer críticas.
Parece mais provável que tenha sido acometido da mesma síndrome que se abateu sobre Leandro Pedro Vuaden no estádio dos Aflitos: aquele momento fatal de dúvida e hesitação ante as normas vigentes.
As decisões foram diferentes – Vuaden deu o pênalti, Dewson deixou de marcar –, mas a atitude foi a mesma e revela preocupante desconhecimento quanto às atualizações promovidas pela Fifa para lances de toque na bola dentro da área.
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Poucos destaques em tarde morna
Nicolas, Bruno Collaço e Vinícius Leite foram os mais aplicados do lado bicolor, buscando compensar a desarrumação da meia-cancha. Vinícius quase saiu consagrado, marcando mais um golaço de fora da área no clássico. A bola, caprichosamente, bateu no travessão.
Collaço fez uma de suas melhores atuações pelo PSC, embora quase tivesse comprometido tudo com o descuido no chute de Rony. Além dele, Nicolas mostrou desenvoltura para encarar o bloqueio adversário.
No Remo, Gustavo Ramos se sobressaiu pela intensa movimentação pelo lado esquerdo do ataque. Fez uma grande jogada, com cruzamento perfeito para Ramires, mas o volante errou o chute.
Yuri, que evitou o gol de Léo Baiano no fim do primeiro tempo, foi outro que se salvou do marasmo. A dupla de zaga também funcionou a contento.
(Coluna publicada no Bola de segunda-feira, 30)
Em resumo; um joguinho recomendado para fazer dormir que tem insônia. Nem jogo de “masters” de times de futebol pelada é tão indolente. Digno da decadência evolutiva da dupla RExPA, que devem pagar promessas, na corda do Círio, por continuarem na Série C.
“Apito amigo salva Paysandu da derrota”
Curioso. Todos aqueles que classificaram de duvidosa a marcação de Vuaden, no dia seguinte ao jogo Náutico 2×2 Paysandu, são os mesmos que sentenciam penalidade máxima no jogo de ontem. Pior: ainda ousam dar rasteira no árbitro, deitá-lo no divã de suas certezas vãs e analisar as causas de seu pecado.
Muito pior: chamam de cotovelada a mão de Uchoa, que tentou tirar o braço protetor do jogador do Remo no seu peito com um tabefe e, ato contínuo, determinam a expulsão do jogador bicolor. Ignoram o gestual do bandeira, de frente pro lance, que fez gesto negativo quanto a cotovelada fictícia que tanto frisson causou nos indignados midiáticos.
No final de tudo isso, fica o palpite infeliz do presidente do Remo pondo em dúvida a honradez do árbitro Dewson Freitas, ao declarar irresponsavelmente que previu que o árbitro prejudicaria o Remo como, de fato, o leviano e incompetente cartola anunciou.
Dewson devia processar criminalmente o falsário dirigente azulino por declarações marcadas pela imbecilidade. O árbitro não tem culpa de ser mais conhecido nacionalmente que a turba de pernas de pau e a cartolagem que os arregimentou para maltratarem a bola e a torcida que paga caro pra ver uma hedionda pelada daquelas.
Amigo Amorim, sobre as críticas e ilações que incluem aspectos morais, lamento dizer que não é exclusividade deste ou daquele dirigente. Quase todos, em meio à fúria por um resultado que entendem injusto, incorrem nesse tipo de julgamento apressado, infelizmente.
Perfeito caro Jorge,
Tomei a liberdade de copiar uma parte do seu texto…
Curioso. Todos aqueles que classificaram de duvidosa a marcação de Vuaden, no dia seguinte ao jogo Náutico 2×2 Paysandu, são os mesmos que sentenciam penalidade máxima no jogo de ontem. Pior: ainda ousam dar rasteira no árbitro, deitá-lo no divã de suas certezas vãs e analisar as causas de seu pecado.
Inclusive a imprensa Paroara.
Penl desse tipo só em Baião.
De minha parte, amigo Raime, posso lhe garantir que não sentenciei nada, apenas constatei uma obviedade. O penal foi indiscutível, com imagens claras e admitido até por torcedores do PSC, incluindo o próprio presidente, Ricardo Gluck Paul.
Em seu artigo denominado “Pecado(fatal) do desperdício, Gerson realmente tem toda razão em apontar as chances desperdiçadas pela equipe bicolor. Aliás, um dos desperdícios pra mim, talvez o mais decisivo para o insucesso bicolor, foi a entrada de Diego Rosa nos minutos finais da partida que, mais uma vez, não soube cadenciar o jogo e nem prender bola no ataque quando o time estava ganhando de 2 a 1.
Como o Gerson disse na Rádio Clube, não se justificava a entrada de Diego Rosa naquela partida, pois uma semana depois teve seu contrato rescindido pelo clube.
Porém, quando se tratou do erro grave de Vuaden, ao contrário da postagem de hoje, Nogueira preferiu não opinar a respeito, tendo assim se manifestado no referido artigo:
“Apesar de a imagem não mostrar com clareza, a bola parece tocar no braço do jogador do PSC. Avaliação que deve ter sido a mesma do árbitro, que estava bem posicionado.
Como a decisão é de caráter interpretativo, o debate tende a ser eterno e inconclusivo. Prefiro me ater às razões concretas do insucesso do PSC na partida”
Enquanto isso, a imprensa esportiva nacional ressaltava o erro claro do árbitro. Não houve, nenhum debate eterno e inconclusivo!
Na realidade, todo mundo concordou que houve um erro claro do Vuaden. A polêmica era apenas se a partida deveria ou não ser anulada. Se tal falha do apitador seria erro de fato, (portanto dependendo da interpretação do árbitro) ou erro de direito consistente na aplicação equivocada de uma regra ao invés de outra.
Tem toda razão, amigo Peixoto. Admiti dúvidas, de fato, como a grande maioria dos analistas na hora e no pós-jogo imediato. Depois, alertado por um amigo ex-árbitro para o novo protocolo da Fifa (vigente desde julho) e seus penduricalhos, refiz meu posicionamento e no dia seguinte no programa Linha de Passe falei sobre o erro prejudicial ao Paissandu. A partir de então, minha posição foi enfatizada quase que diariamente. Quem me conhece sabe que jamais tive dificuldade em refazer uma análise ou admitir um erro de opinião.
Quanto à tentativa de anulação do jogo, sempre fui claro: era legítima e, embora possível de acontecer, era improvável.
Quanto à afirmação acima do Blogue do Valentim de que houve “apito amigo”, concordo com o Gerson de que Dewson foi apenas acometido de dúvida. Não se pode imputar má fé ao apitador até porque na primeira etapa entendeu de forma equivocada que Nicholas em jogada de contra-ataque teria matado a bola com o braço o que gerou insatisfação dos jogadores bicolores. A imagem mostrou que o jogador do Paysandu matou a bola no peito.
Vale lembrar que no clássico do ano passado precisamente em 11.03.2018 houve um pênalti a favor da clube bicolor em que Fábio Matos chutou a bola e esta bateu no braço aberto do zagueiro do remo, inclusive o braço estava mais aberto do que o do Colaço no jogo de ontem. Só que não era o Dewson o árbitro. Era um apitador de outro Estado da Federação.
Não recordo desse erro de arbitragem ter sido mencionado nesse blogue.
Bicoletes choronas
Ei “Anônimo” parece que o chororô também chegou no lado azulino! Ah! Já sei! Quando os bicolores reclamam de erro de arbitragem é choradeira, quando os remistas fazem a mesma coisa é uma justa reivindicação kkkk
E olha q o Dewson também não marcou um pênalti claro em favor do Paysandu quando a bola bateu no travessão no chute de Vinicius Leite e o jogador azulino empurrou com o braço o volante bicolor Wellington Reis e ninguém da Diretoria bicolor está reclamando desse erro!
Pau que dá em Chico, dá em Francisco!