
POR GERSON NOGUEIRA
Para o torcedor bicolor, ainda machucado pelo trauma da perda do acesso à Série B, é a chance de olhar para frente. Os técnicos costumam falar em troca de chip quando um time sai de uma competição e parte para outra. É justamente o que acontece com o PSC, que acaba de deixar a Série C e precisa concentrar esforços na Copa Verde, onde tem pela frente o Bragantino na segunda fase do torneio.
O primeiro confronto será hoje à noite, no estádio Jornalista Edgar Proença, com expectativa de bom público após a dramática “batalha dos Aflitos”, travada domingo (9) no Recife, e até agora ainda atravessada na garganta da torcida bicolor.
É claro que a tarefa de mudar o foco em tão curto prazo de tempo não é simples. A necessidade de trabalhar o lado emocional e anímico é o maior desafio de Hélio dos Anjos e sua comissão técnica para enfrentar o franco-atirador Bragantino.
Pelo histórico recente, a tendência é de um jogo complicado, mesmo levando em conta as óbvias diferenças de nível técnico e de orçamento entre as equipes. Na última vez em que estiveram frente a frente, na disputa pelo 3º lugar do Campeonato Estadual deste ano, o Tubarão levou a melhor na decisão por pênaltis, na Curuzu.
Depois de uma segura passagem por duas etapas da Copa Verde, quando fez quatro jogos sem perder, o Bragantino desfrutou de quase um mês para aprimorar seu jogo, recuperar atletas e definir estratégia para o embate com os bicolores. Houve tempo até para uma inter-temporada de recondicionamento dos 26 atletas do elenco.
Robson Melo, que substituiu a Samuel Cândido no comando técnico, resgatou a pegada ofensiva do time, fez escolhas mais acertadas na definição dos titulares e trabalhou com afinco para debelar o princípio de crise que ameaçou seriamente o Tubarão ainda durante a disputa da Copa do Brasil. Ao mesmo tempo, liberou atletas que não corresponderam, casos de Edgar e Leandro Cearense.
No Papão, além das dificuldades naturais de um confronto regional, há a necessidade de retomar a vida normal após a desclassificação na Série C. O cuidado se evidencia nas palavras do técnico Hélio dos Anjos, que disse ontem preferir não falar mais sobre a polêmica partida diante do Náutico, a fim de focar exclusivamente no Bragantino.
O time deve ter a mesma configuração utilizada domingo contra os pernambucanos, sem mudanças na linha defensiva. A confirmar apenas a provável ausência do meia Tomas Bastos, que saiu lesionado logo no início do jogo nos Aflitos. O substituto natural de Tomas é Tiago Primão. O ataque não deve sofrer alterações: Hygor, Nicolas e Vinícius Leite.
Mais importante que a escalação é a maneira como o PSC vai se lançar ao embate. Pelas palavras do técnico, o time vai ser agressivo e buscar construir um bom resultado, levando em conta que o segundo jogo será realizado no estádio Diogão, em Bragança.
Apesar de alimentar ainda um natural sentimento de revolta pela maneira como perdeu a vaga do acesso à Série B, cabe agora dedicar todo esforço possível para uma boa caminhada na competição que fecha a temporada.
O título e a premiação (cerca de R$ 3 milhões, juntando a bonificação e a receita com o jogo das oitavas de final da Copa do Brasil 2020) são estímulos mais do que suficientes para virar definitivamente a página em relação ao Campeonato Brasileiro.
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Papão exerce o legítimo direito de protestar
As paixões ainda estão desfraldadas e as sensibilidades se mantêm à flor da pele entre os bicolores depois do erro de arbitragem no jogo que decidiu o mata-mata de acesso à Série B. A diretoria se movimenta agora para recorrer ao STJD, buscando a anulação da partida com o Náutico. Alega que houve um erro conceitual e não interpretativo, o que respaldaria o argumento de prejuízo a ser reparado.
Não é missão fácil. A jurisprudência na corte máxima do direito desportivo no Brasil não favorece a pretensão do Papão. Todas as reclamações de clubes quanto a erro de arbitragem, sem interferência externa, têm sido rejeitadas pelo STJD.
Até a apelação feita pelo Botafogo quanto à falha cometida pelo árbitro no jogo com o Palmeiras, pela Série A, quando o protocolo do VAR foi comprovadamente desrespeitado, não logrou êxito.
Há quem mencione o caso Ponte Preta x Aparecidense, mas há uma diferença fundamental em relação a Náutico x PSC. A Ponte obteve a anulação do jogo porque conseguiu provar interferência externa que contribuiu para a anulação do gol da equipe campineira.
Ontem à tarde, circulou a informação de que a diretoria do Papão teria contratado os serviços do escritório de advocacia de Michel Assef Filho, considerada uma das mais caras e vitoriosas bancas de direito esportivo, com bons trabalhos prestados ao Flamengo. O recurso ficou de ser apresentado ainda durante o expediente noturno.
Ao mesmo tempo, a Federação Paraense de Futebol protocolou Notícia de Infração Disciplinar contra a decisão do árbitro Leandro Vuaden, que marcou pênalti considerado inexistente no minuto final da partida entre Paysandu e Náutico.
A FPF, que age em defesa dos interesses de um de seus filiados, pede também a suspensão dos jogos da semifinal entre Náutico e Juventude, marcados para os próximos finais de semana, até que o recurso seja julgado.
A conferir.
(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 11)
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