Unidos pela devoção à padroeira

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Um encontro inusitado chamou atenção de turistas e torcedores, na manhã desta quarta-feira, na Basílica Santuário, em Nazaré. Os técnicos Eudes Pedro (Remo) e Hélio dos Anjos (Paissandu) se encontraram na igreja. Foram até lá rezar para a padroeira do povo paraense e encaminhar seus pedidos pessoais para o confronto de domingo, no Mangueirão, pela semifinal da Copa Verde. (Foto: Breno Rayol)

Cuca deixa o comando técnico do S. Paulo

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O técnico Cuca se despediu hoje do São Paulo. Em entrevista coletiva no CT do clube tricolor, o treinador lamentou os maus resultados e disse que deixa o clube com um “gosto ruim”. “Saio com o sentimento ruim. Você passar seis meses num grande clube não é ideal. O São Paulo é especial, infelizmente as coisas não fluíram, não deu aquela liga que a gente sente”, disse.

O técnico, que colocou o cargo à disposição após a derrota por 1 a 0 para o Goiás, ontem, no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro, pediu desculpas aos torcedores do São Paulo e reforçou que os resultados poderiam ter sido melhores durante sua passagem pelo clube.

“Tem um momento que as coisas têm que ir por conta. Os resultados, mesmo nas vitórias, tivemos que fazer muita força para conseguir. Foi em cima das mexidas. Poucas vezes aconteceu isso naturalmente. O sentimento é que poderia ter sido melhor, que não aconteceu. Peço desculpas ao torcedor que tinha uma confiança grande no meu trabalho. Coisas importantes foram feitas, mudanças no elenco, que pode ser uma semente que fica para o futuro, como já foi feito no passado”, analisou.

A diretoria do São Paulo já anunciou quem será o técnico do time no duelo contra o Flamengo no próximo sábado. Após a saída de Cuca, o coordenador de futebol do clube, Vagner Mancini, será o técnico interino da equipe, pelo menos até a próxima semana. Ele segue na função até a definição do nome do novo comandante.

“O Mancini vai comandar a equipe nesse jogo contra o Flamengo, e depois a gente vai pensar. Mas já fica definido que o Mancini vai comandar nos próximos jogos”, disse Raí, o executivo de futebol do São Paulo.

Há 50 anos, uma obra-prima feita a partir de trechos de canções incompletas

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Por Julinho Bittencourt

No dia 26 de setembro de 1969, há exatos 50 anos, os Beatles lançavam seu último álbum gravado, o “Abbey Road”. Eles não se toleravam mais. O fim da banda era iminente. Após gravarem em sessões sofridas e arrastadas, tanto o filme quanto o álbum “Let it Be”, em 1969, o produtor George Martin, alijado pela primeira vez de um projeto do grupo, chamou o quarteto de volta para o lendário estúdio Abbey Road. O objetivo era terminar tudo com a classe que a história da banda mereceria. E assim foi.

O produtor pediu que os quatro Beatles trouxessem trechos de canções incompletas, pequenos estribilhos, retalhos de músicas, enfim, coisas que todo compositor em atividade sempre tem por perto.

Uma vez entregue o material, Martin juntou no lado A – para os mais jovens a primeira parte do álbum – algumas canções que estavam prontas, fechadas. Entre elas, um dos maiores clássicos dos Beatles, que acabou se tornando uma das suas músicas mais regravadas: “Something”, de um surpreendente George Harrison, que começava a despontar como um grande compositor.

Além dela, estava lá também “Come Together”, canção com letra non sense que exibe a pré-fúria de John Lennon, que viria a despontar em seus álbuns seguintes. De Paul McCartney, o clássico desse lado é a rasgante “Oh! Darling”, onde o compositor leva sua voz ao limite máximo em berros que nunca foram reproduzidos ao vivo. Ringo, compositor esporádico da banda, aparece também com a doce e infantil “Octopus’s Garden”.

O bom mesmo do álbum, a despeito da excelência de sua primeira parte, ficou por conta da obra sinfônica montada por George Martin a partir dos retalhos de canções. O lado B abre com “Here Comes the Sun”, outra obra-prima de Harrison. Logo a seguir, “Because”, que Lennon fez inspirada nos acordes do primeiro movimento da Sonata ao Luar”, de Beethoven, que ele sempre pedia para sua esposa, Yoko Ono, tocar de trás pra frente. A canção tem um dos vocais mais bem harmonizados e elaborados dos inúmeros gravados pelo trio Paul, George e John.

A partir de então, começa a “opereta” propriamente dita e se revela a grande obra, onde pequenos trechos de canções se entrelaçam e prenunciam um tanto do que viria a ser o rock progressivo da década seguinte. “You Never Give Me Your Money” junta três retalhos de McCartney.

Logo a seguir, em disputa constante entre os dois grandes parceiros, Lennon agrupa “Sun King”, “Mean Mr. Mustard” e “Polythene Pam”. McCartney volta triunfal com “She Came in Through the Bathroom Window”, canção que teve vida própria e foi inúmeras vezes regravada. Destaque para a versão do cantor inglês Joe Cocker.

Para encerrar o álbum, outro put-pourri fulminante de McCartney: “Golden Slumbers”, “Carry That Weight” e “The End”, uma espécie de epitáfio do grupo: “And in the end/The love you take/Is equal to the love you make” ou “E no final/O amor que você recebe/ É igual ao amor/Que você deu”.

Cerca de 14 segundos após o final, como se algo ainda quisessem insistir com a história, por um erro do engenheiro de som, que havia recebido orientação de McCartney para jogar a canção fora, entrou por acaso no disco “Her Majesty”.

Posto isto, cada um dos quatro Beatles tomou seu rumo. Martin acrescentou orquestrações aqui e ali e os Beatles acabaram sendo responsáveis por mais um dos grandes álbuns da história da música pop.

“Abbey Road”, apesar de ser um claro e objetivo capítulo final, acabou sendo lançado antes de “Let it Be”, o último disco oficial do grupo enquanto ainda estava em atividade.

Com ele, acabava uma era.

Dewson vai apitar o Re-Pa

O árbitro Dewson Fernando Freitas (Fifa) vai comandar o clássico de domingo, 29, entre Remo e Paissandu, valendo pela semifinal da Copa Verde. Terá como auxiliares Marcio Gleidson Correa Dias, Hélcio Araújo Neves, Andrey da Silva e Silva, José Ricardo Guimarães Coimbra e o analista Lucio Ipojucan Ribeiro da Silva Matos.

Dewson vive um mau momento na carreira, sofrendo muitas críticas pelas atuações na Série A. Especula-se que corre o risco de deixar o quadro de apitadores da Fifa no final desta temporada.

Abbey Road: meio século de uma obra-prima

No dia 26 de setembro de 1969, os Beatles lançavam o discaço “Abbey Road”, repleto de grandes canções, que se eternizariam nos anos seguintes – “Come Together”, “Something”, “Oh Darling!”, “Here Comes the Sun”, “Because”.

Além do conteúdo refinado, o disco trazia uma capa icônica: John, George, Paul e Ringo atravessando a rua do mesmo nome, a pé. Aqui, nos vídeos postados, uma pequena homenagem do blog a esse monumento da história do rock.

Ouvindo as músicas do álbum não dá para imaginar um mundo sem Beatles.

As consequências da enganosa reforma trabalhista

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Por Vítor Araújo Filgueiras (*), no Blog do Sakamoto

Os resultados prometidos em termos de geração de empregos não foram alcançados pela Reforma Trabalhista proposta pelo governo Michel Temer e aprovada pelo Congresso Nacional, em 2017, apesar das garantias de milhões de postos de trabalho e de uma onda de formalização. Após a reforma, os custos trabalhistas têm caído, sejam medidos pelos salários dos trabalhadores e pelos valores gastos em contratações e dispensas, ou pelas despesas com processos judiciais. Não houve, contudo, ampliação significativa do emprego, mas sim piora na qualidade de vida da massa dos trabalhadores.

Não bastasse isso, a participação da informalidade no mercado de trabalho tem crescido após a reforma, com evidências de trocas de empregados formais (motoristas de carro, por exemplo) por trabalhadores “autônomos” ou empregados sem carteira. Enquanto isso, caem salários dos empregados formais e as jornadas de trabalho têm experimentado grande polarização, com o crescimento do número de pessoas que trabalha muito pouco ou trabalha em excesso.

Apesar da tendência de leve queda da taxa de desemprego aberto (taxa de desocupação), hoje em 11,8% (quando a Reforma Trabalhista entrou em vigor era 12,2%), a taxa de desemprego total (que inclui pessoas que gostariam de trabalhar, mas não puderam ou desistiram de procurar emprego, ou que trabalharam menos do que gostariam) tem crescido, ficando em 24,6% no trimestre encerrado em julho, de acordo com o IBGE. Era 23,8% quando a reforma entrou em vigor.

O emprego formal, além de cair em termos relativos, tem experimentado crescimento absoluto muito pequeno, e mesmo esse reduzido saldo parece muito relacionado a medidas opostas à reforma. A atividade isolada com maior número de contratações desde novembro de 2017 é o transporte rodoviário de carga (10% do total). Ocorre que esse crescimento está associado ao tabelamento do frete dos motoristas “autônomos”, que impôs na prática uma espécie de salário mínimo e estimulou a troca dos “autônomos” (queda de mais de 50 mil após a reforma) pela contratação desses profissionais como empregados formais. Ou seja, o aumento da proteção ao trabalho estimulou a formalização.

Já o setor com maior saldo após a reforma é a seção saúde e serviços sociais (30% do total), cujas contratações estão fortemente relacionadas à demanda do poder público, especialmente por meio de concursos públicos, muitos decorrentes da atuação direta das instituições públicas para eliminar fraudes, como o uso de PJs. Ou seja, também aqui a formalização se associa ao aumento da proteção ao trabalho. Em ambos os casos, a formalização parece acontecer apesar da reforma, e não por sua causa.

O segundo setor com mais contratações após a reforma, a seção de atividades administrativas e serviços complementares (25% do total), é tipicamente associado à terceirização de atividades-meio de empresas, contemplando funções como faxineiro, auxiliar de escritório, porteiro, recepcionista. Essa forma de contratação já era legalizada antes da Reforma Trabalhista. Portanto, de saída, parece que a ampla maioria do saldo dos postos formais surgidos a partir de novembro de 2017 não teve relação ou foi criado a despeito da reforma.

A Reforma Trabalhista ajuda a manter e parece incentivar um processo prévio de piora no mercado de trabalho. Além da aplicação das novas regras menos protetivas, a lei promoveu uma queda brutal de processos e o enfraquecimento dos sindicatos. A diminuição dos reajustes nas negociações e do próprio número de acordos coletivos corrobora a piora salarial (cujo nível está abaixo de 2014) e das condições de trabalho. Enquanto isso, a ilegalidade aumenta sem que trabalhadores consigam acessar direitos, retroalimentando práticas ilícitas dos empregadores. Os defensores da reforma argumentam que ela não alcançou seus principais objetivos declarados por conta da crise econômica e ou porque ainda está em vigor há pouco tempo. Contudo, ela foi adotada justamente para resolver a crise. Em outras palavras, não faz sentido dizer que o remédio (a reforma) é ineficiente porque foi vítima da doença (a crise) que deveria curar.

Quanto ao tempo em vigor, para os efeitos que poderia produzir, ela foi rapidamente efetiva, como no caso da queda do número de processos judiciais. Ademais, o fato de o emprego estar no fundo do poço era um grande facilitador para uma rápida recuperação, como ocorreu em outros momentos de crise no Brasil. O que o argumento da “falta de tempo” busca é impossibilitar o contraditório, pois se passaram quase dois anos desde a entrada em vigor da reforma, mas mesmo que fossem dez, poder-se-ia continuar afirmando que ainda não seria tempo suficiente.

Neste ano, foram anunciadas ou já estão em implementação grandes mudanças nas normas trabalhistas no Brasil, como as alterações nas normas regulamentadoras de saúde e segurança e a chamada lei da “Liberdade Econômica”. Apesar de serem acompanhadas de alusões à “modernização” e à “desburocratização”, essas iniciativas têm sempre como justificativa fundamental a criação de empregos, pois é esse argumento que busca bloquear qualquer crítica. Afinal, você pode questionar o “moderno” ou defender a “burocracia”, mas dizer que é contra medidas que criam postos de trabalho é bem difícil.

Em sendo assim, se nos julgamos racionais para defender nossas posições sobre políticas públicas, para começo de conversa temos que enfrentar a seguinte questão: esse tipo de medida cria empregos? Temos plenas condições de enfrentar essa pergunta, dentre outras razões, pelo fato de que a Reforma Trabalhista, lei de natureza idêntica às atuais mudanças, inclusive muito mais abrangente e profunda, está em vigor desde novembro de 2017. A Reforma Trabalhista é como um buraco sem fundo. Para seus defensores, as mudanças nunca são suficientes, e cavar uma nova reforma é sempre necessário. Na verdade, nos parece que ela não pode cumprir o que promete, nem é este o seu objetivo de fato.

Como ainda há espaço para destruir de normas de proteção ao trabalho, e é isso o que efetivamente se pretende, novas mudanças continuam em pauta. O atual governo criou, por exemplo, um grupo de estudos para dar início a uma nova Reforma Trabalhista. Dará sempre para alegar que as mudanças não foram suficientes ou que não deu tempo para funcionarem. Se há qualquer expectativa ou pretensão de avanço civilizatório na sociedade em que vivemos, é necessária alguma espécie de compromisso crítico de ideias entre os diferentes segmentos sociais, que permita um diálogo contraditório, mas construtivo.

Para isso, é preciso que o debate sobre regulação do trabalho utilize mais evidências do mais evidências do mundo real e menos especulações.

(*) Vitor Araújo Filgueiras é professor de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e um dos coordenadores da Rede de Estudos e Monitoramento Interdisciplinas da Reforma Trabalhista (Remir)

Estratégias para o Re-Pa

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo tem sido escalado por Eudes Pedro em jogos e treinos num sistema tático diferente daquele que prevalecia nos tempos de Márcio Fernandes. Ao contrário do 4-4-2 que o antecessor preferia, o novo técnico adota formação de pegada mais agressiva, que na maioria das vezes pode ser definida como um 4-2-1-3.

A goleada de 6 a 1 sobre o Atlético-AC, pela segunda fase da Copa Verde, foi o cartão de visitas dessa estratégia, que visa dar ao Remo uma consistência ofensiva que tanta falta fez na reta final da Série C. É claro que o placar dilatado não pode ser adotado como obsessão, mas como referência para uma nova filosofia de jogo.

gustavoramos-3Na semana do primeiro Re-Pa da semifinal da Copa Verde, Eudes tem treinado algumas variações. Ensaia utilizar Zotti ou Garré como parceiros de Eduardo Ramos na movimentação criativa do meio-campo.

Zotti, que esteve em campo contra o Atlético-AC, é um jogador ainda em busca de afirmação no time e junto à torcida. De inegável qualidade técnica e boa capacidade de passe, o meia-armador sofre apagões e desperta desconfianças pelo estilo aparentemente lento.

As distrações contra Tombense e Boa Esporte, que resultaram em gols, ainda no começo da Série C, deixaram Zotti sob questionamentos no Evandro Almeida. Aliás, por temer a reação da torcida, Márcio Fernandes erradamente decidiu não colocá-lo em campo diante do mesmo Tombense (em Belém) quando Garré se lesionou.

A história do Remo na competição nacional poderia ter ido outra, caso Zotti tivesse sido lançado para recompor o meio contra a equipe mineira. Garré, cuja última aparição foi justamente naquela partida, espera a vez de mostrar utilidade. Tem em seu favor características que casam melhor com o estilo de Eduardo Ramos.

Garré é um condutor de bola, como Ramos, mas sabe verticalizar o jogo, principalmente quando investe na diagonal em direção à área. Para isso, usa o drible em velocidade como arma, o que pode ser decisivo contra equipes muito fechadas.

Eudes, porém, tem uma outra alternativa para deixar a equipe mais próxima de um 4-3-3: manter Wesley como titular, ao lado de Neto Baiano e Gustavo Ramos. Com o trio em campo, o Remo atropelou o Atlético no Baenão. Gustavo pode ser o jogador da recomposição quando o time for atacado pelas laterais. Wesley pode ser o parceiro de Euardo Ramos quando for necessário povoar o setor criativo.

Há, ainda, chance de aproveitamento do garoto Hélio Borges, que chegou a ser escalado como lateral direito por Fernandes, mas entrou (bem) no ataque na parte final da partida contra os acreanos.

São as possibilidades disponíveis para Eudes, que terá no domingo a grande prova de fogo de sua curtíssima carreira como treinador.

Na coluna de amanhã, alguns pitacos sobre o PSC de Hélio dos Anjos.

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Do esporte nacional de distribuir comendas inúteis

Bem no estilo da Câmara Municipal de Belém, que parece ter como prioridade distribuir uma penca de títulos honoríficos inúteis, a Assembleia Legislativa inventou uma marmota que divide até a torcida do Flamengo.

Decidiu, por iniciativa de três parlamentares ávidos por espaço na mídia, conceder a Medalha Tiradentes ao técnico Jorge Jesus, no dia 7 de agosto. É considerada a principal honraria da Assembleia Legislativa do Rio.

Pai d’égua é a justificativa para concessão da comenda: os deputados citam a carreira do técnico português como técnico e jogador, enaltecendo seus títulos (nem tantos assim) e feitos (modestos).

Curiosamente, não há qualquer menção ao benefício ou contribuição que o homenageado tenha dado à Cidade Maravilhosa. Com salários que giram em torno de R$ 2 milhões, JJ faz bom trabalho no Fla, mas até agora não conquistou nada.

Como acontece com os títulos de Cidadão e Belém, distribuídos a rodo pelos legisladores paraenses e ignorados solenemente pelos homenageados, essa compulsão por puxar saco provavelmente nem será levada em conta pelo próprio Mister, que parece felizmente avesso a esses salamaleques.

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Torcidas (ainda) são a última fronteira do futebol-raiz

Acostumamos a ver o torcedor de futebol como um fanático radical, um talibã das arquibancadas, sempre pronto a guerrear por sua bandeira. É o lado distorcido da paixão que toma a frente da imagem dos adeptos nos estádios. É como se só a agressividade ou a violência fosse um atestado de amor incondicional.

Não é bem assim, felizmente.

O devotamento a uma paixão clubística não se traduz ou explica por gestos bélicos. Anteontem à noite, em Florianópolis, a torcida do Figueirense deu uma demonstração didática e comovente de pertencimento a uma causa esportiva.

Com a ameaça de desistência de competir na Série B, por iniciativa da empresa que administrava o futebol do clube, a torcida foi em peso ao jogo contra o Bragantino para mostrar quem de fato decide as coisas.

Dirigentes e empresário passam, o clube permanece. Este foi o recado da celebração dos torcedores do Figueira mesmo depois que o time foi derrotado por 3 a 0 pelo líder da Segundona. Lembrou as festas quase insanas das torcidas argentinas, que cantam e dançam o amor pelo clube mesmo com a vitória não vem.

(Coluna publicada no Bola desta quinta-feira, 26)

Toga indomável: STJ não reabre caso Riocentro alegando que crime já prescreveu

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A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou nesta quarta-feira um recurso movido pelo Ministério Público Federal (MPF) e determinou que os responsáveis pelo atentado no Riocentro, em 1981, não podem ser levados a julgamento porque os supostos crimes cometidos porque eles já estariam prescritos. Foram cinco votos contra o julgamento e dois a favor.

Votaram contra o julgamento dos supostos responsáveis pelo atentado os ministros: Reynaldo da Fonseca, Laurita Vaz, Joel Paciornik, Jorge Mussi e Antônio Saldanha Pinheiro. Votaram pelo julgamento dos responsáveis o ministro relator do caso, Rogério Schietti e Sebastião Reis Júnior.

O atentado ao Riocentro aconteceu em abril de 1981 durante um show para comemorar o Dia do Trabalhador, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Um grupo de militares contrários ao processo de abertura política em curso no país à época organizou uma ação armada para culpar movimentos de esquerda. O atentado, no entanto, falhou. A bomba que seria instalada próximo ao palco do show acabou explodindo dentro do carro dos militares que iriam instalá-la.

Em 2014, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) determinou o trancamento do processo que havia sido movido pelo MPF para julgar os supostos responsáveis pelo atentado porque a punibilidade dos supostos responsáveis já estaria extinta.

Os procuradores da República recorreram da decisão do tribunal alegando que o atentado ao Riocentro era um crime contra a humanidade e que, por isso, não estaria sujeito à prescrição, o que abriria a possibilidade para que seus responsáveis fossem a julgamento. (Transcrito de O Globo)