A frase do dia

“Amigos, o Neymar não pediu desculpas, não reconheceu nada, não foi à terapia, não foi ao divã, simplesmente dirigiu-se à caixa registradora em mais um oportuno anúncio publicitário. Não deu a cara a tapa, deu a cara a uma lâmina de barbear em um texto competente de auto-ajuda.”

Xico Sá, jornalista e escritor, no Twitter

CBF explica como vai funcionar o árbitro de vídeo na Copa do Brasil

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Os jogos da próxima semana pelas quartas de final da Copa do Brasil 2018 terão o recurso do vídeo como auxílio às decisões da arbitragem. Após meses de preparação, cursos e testes realizados pela CBF, o VAR (da sigla em Inglês para video assistant referee) será colocado à disposição nos confrontos de ida e volta entre Grêmio x Flamengo, Corinthians x Chapecoense, Santos x Cruzeiro e Bahia x Palmeiras.

Para falar sobre os detalhes do funcionamento, a Confederação Brasileira de Futebol realizará uma entrevista coletiva às 15h desta segunda-feira (30), em sua sede, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

O credenciamento da imprensa será feito no local a partir das 14h. Todos assistirão a uma apresentação com o resumo do processo e informações técnicas sobre o VAR. Estarão disponíveis para entrevistas o coordenador do Árbitro de Vídeo no Brasil, Sérgio Corrêa, e o instrutor de arbitragem e criador do projeto, Manoel Serapião Filho.

A CBF também disponibilizará o VAR nos outros seis jogos das fases seguintes da Copa do Brasil: quatro nas semifinais e dois nas finais. No total, a competição contará com essa tecnologia em 14 duelos. (Com informações de Imprensa CBF)

Um herói improvável

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POR GERSON NOGUEIRA

Dedeco havia acabado de receber apupos da torcida por um cruzamento completamente torto quando foi premiado com o gol que salvou o Remo diante do ABC, aos 41 minutos do segundo tempo. O lance garantiu um salto na classificação, saindo da lanterna para a oitava colocação. Com 18 pontos, o Leão agora depende exclusivamente de suas próprias forças para garantir permanência na Série C.

O gol sofrido e arrancado a fórceps já nos minutos finais dá bem a dimensão do que foi o jogo de ontem à noite no Mangueirão, disputado entre um mandante quase sempre afobado demais e um visitante que abusava das paradas e truques para fazer a bola parar.

Contribuiu também para aumentar o nervosismo dos azulinos a atuação do árbitro Ricardo Marques, excessivamente metódico e dado a conversas a todo instante. Paralisava seguidamente a partida, colaborando involuntariamente com a estratégia do ABC.

Foi condescendente com as seguidas quedas do goleiro Edson, que  reclamou de lesão no joelho após se chocar com Mimica no primeiro tempo e passou a cair sempre que havia uma situação perigosa rondando a área potiguar. Gastou uns seis minutos fazendo cera, sem ser advertido.

Além desses contratempos, o Remo nada fazia para tornar o embate mais favorável. Seus volantes buscavam sempre sair com a bola dominando, ocasionando seguidas perdas de bola na intermediária. Dudu e Vacaria não repetiram a boa atuação da partida contra o Confiança e Rodriguinho não teve em Dedeco o suporte para fazer uma transição mais eficiente.

Devido à confusa movimentação no meio, os laterais também apareceram discretamente. Nininho pouco participou das ações ofensivas no primeiro tempo, soltando-se mais na etapa final. Fernandes foi mais presente, verticalizando o jogo e entrando em diagonal para trocar passes com Rodriguinho junto à área adversária.

Sem inspiração, o ataque ficou muito preso à forte marcação. Gabriel se deslocava sempre pela direita, recuava para tentar receber a bola, mas não aparecia junto a Eliandro para tentativas dentro da área.

Na etapa final, logo de cara, Gabriel e Dedeco tiveram boas chances em jogadas rápidas exploradas por Rodriguinho para furar a última linha de zaga do ABC. Quando Gabriel cansou, João Neto colocou Isac em seu lugar a fim de explorar o jogo aéreo.

A intenção do técnico não foi atendida pelos laterais e meias, que abusavam dos cruzamentos sem direção. Como o time da casa não fazia seu papel, demonstrando crescente nervosismo, o ABC foi aos poucos saindo da lentidão programada e passou a chegar com algum perigo.

O melhor momento foi aos 44’, em cruzamento da esquerda que Leandro Cearense (que substituiu Leandrão na segunda etapa) desviou em direção ao gol. Bem colocado, Vinícius impediu o gol espalmando a bola, que ainda tocou no travessão e voltou aos pés de Igor Leite. Ele tentou uma meia bicicleta e o chute saiu à esquerda da trave, com muito perigo.

Pela excepcional defesa, Vinícius mereceu todos os aplausos da torcida, sendo saudado como “paredão”. Só não foi mais festejado que Dedeco, que subiu do inferno ao céu em dois minutos. Errou bisonhamente um cruzamento para, em instantes, finalizar com categoria dentro da pequena área e garantir o triunfo do Leão.

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Hora de reforçar e qualificar o grupo alviceleste

O Papão deve anunciar mais quatro contratações, além das quatro recentes (Lúcio Flávio, Hugo Almeida, Guilherme Santos e Jonathan), a fim de fechar o elenco para o returno da Série B. Além das carências óbvias, há também a necessidade de qualificar mais setores como a marcação de meio-campo, hoje apenas com Carandina e Renato Augusto, e a zaga, dependente em excesso da dupla Diego Ivo e Edimar.

Até para o gol há indicação de uma contratação, embora Renan Rocha tenha se constituído em figura extremamente importante ao longo das últimas rodadas. Reserva imediato, Marcão não teve mais chances e nem conta com a plena confiança da torcida depois do mau começo na competição. Guilherme Alves, ao que parece, também não põe muita fé, tanto que autorizou a busca por um novo guardião.

Vinícius, ídolo da torcida e jogador mais regular do Remo nas últimas temporadas, estaria nos planos do Papão, embora não haja nenhuma confirmação oficial a respeito. Como o Leão deve encerrar participação na Série C em três semanas, o arqueiro pode vir a ser contratado pelo maior rival, embora tenha contrato a cumprir e esteja nos planos da diretoria para permanecer no Evandro Almeida. A conferir.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 30)

PF quer ser a vítima no suicídio do reitor em Santa Catarina

Por Geraldo Seabra – Os Divergentes

A Polícia Federal está procurando um jeito de ficar bem na foto no caso que levou ao suicídio do ex-reitor Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier, ocorrido no dia 2 outubro do ano passado, depois que ele foi acusado e preso sem nenhuma prova por suposta prática do crime de obstrução de Justiça na operação Ouvidos Moucos, que investigava supostos desvios de recursos públicos destinados ao financiamento de bolsas de estudo para alunos de cursos de pós-graduação na UFSC.

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Diante do fracasso das investigações que pudessem incriminar o ex-reitor, a Polícia Federal providenciou uma mudança de foco e passou a investigar o professor de jornalismo e chefe de gabinete da Reitoria da Universidade, Áureo Mafra de Moraes, mas por motivo completamente alheio ao que se destinava a operação Ouvidos Moucos. Desde dezembro do ano passado, após uma festa de aniversário da Universidade, pesa sobre Moraes a acusação de ter atentado contra a honra da delegada federal Erika Mialik Marena, responsável pela prisão do ex-reitor da UFSC, como registra o repórter Walter Nunesem brilhante reportagem na Folha de S. Paulo dessa sexta-feira (27).

O professor Moraes, que foi chefe de gabinete do ex-reitor Luiz Carlos Cancellier, está sob investigação da Polícia Federal por causa de uma reportagem produzida por alunos do curso de Jornalismo e levada ao ar pela TV da Universidade, nas comemorações dos 57 anos da instituição, em dezembro.  Nessa reportagem, gravada em vídeo com duração de três minutos, e no qual Moraes aparece durante seis segundos, os federais viram indícios de crimes de calúnia e difamação contra a delegada Erika, embora o seu nome não tenha sido proferido pelo professor.

Ao acusar Moraes de atacar a honra da delegada, a Polícia Federal se agarra aos dizeres de uma faixa que havia na Universidade, e captada pela câmera durante a entrevista, denunciando “Agentes públicos que praticaram abuso de poder contra a UFSC e que levou ao suicídio do reitor”. Além da frase, a faixa estampava fotos da delegada Erika Marena, da juíza Janaína Cassol, que decretou a prisão de Cancellier, e do procurador da República André Bertuol, responsável pela operação Ouvidos Moucos no Ministério Público Federal.

Desatento às garantias constitucionais de livre manifestação aos cidadãos, e ao que parece desconhecedor também do ambiente universitário, o delegado federal Germando Di Ciero Miranda resolveu fazer uma devassa na festa de aniversário da Universidade. Cobrou explicações sobre a realização do evento ao seu atual reitor, Ubaldo Balthazar, e ao seu chefe de gabinete. O reitor disse ao delegado não ser responsável pelas manifestações que aconteceram na Universidade, e ressalvou que a academia não sufoca nem inibe qualquer protesto.

Do professor Áureo o delegado queria que ele dedurasse os responsáveis pelo evento, apontando a autoria, quem autorizou a entrada dos cartazes e porque foram posicionados atrás dos entrevistados, como faz a Rede Globo ao entrevistar os jogadores ao final das partidas de futebol que ela transmite. Como o professor negou-se a ser alcaguete dos seus alunos, disse desconhecer as questões levantadas e ainda afirmou que a Universidade não interfere e nem cerceia manifestações dos alunos, recebeu uma reprimenda do delegado, que ainda obrigou Áureo a comunicar à Polícia Federal sobre eventuais mudanças de endereço. O comportamento do delegado Di Cícero Miranda nos remete à Polícia Federal dos tempos da ditadura (1964-1985), quando tinha função de polícia política.

Esse comportamento de polícia política na Polícia Federal, no entanto, nos dias atuais, não tem sido privilégio do delegado Di Ciero Miranda, lá em Santa Catarina. Em São Paulo, o delegado Cleyber Malta Lopes se arrasta há quase um ano na investigação da denúncia de pagamento de propina ao presidente Michel Temer pela Rodrimar, empresa que teria sido beneficiada pela na renovação de seu contrato de concessão portuária pelo chamado Decreto dos Portos, editado pelo presidente da República em maio do ano passado.

Em dobradinha com o ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, e a procuradora-geral da República, Rachel Dodge, o delegado Cleyber tem conseguido sucessivos adiamentos do prazo para concluir a investigação contra o presidente, sugerindo, a exemplo de Santa Catarina, que ele está à frente de uma investigação mal conduzida, com prisões desnecessárias, e com um grande aparato midiático que mantém o acusado sob uma ribalta, numa exposição que teria por objetivo apenas desmoralizá-lo cada vez mais. Está na hora de a Polícia Federal mostrar mais competência nas suas atribuições, sob pena, depois de ter sido profissionalizada nos últimos governos, de voltar a operar na sombra, como naqueles tempos que ninguém quer de volta.