
POR GERSON NOGUEIRA
Para os que acompanham com atenção a campanha das seleções nesta Copa a classificação da Croácia para a grande final não chegou a surpreender. Modric e seus companheiros passaram bem pela fase de grupos e têm mostrado a face guerreira nos jogos eliminatórios. Nas três partidas – contra Dinamarca, Rússia e Inglaterra – saíram em desvantagem no placar e conseguiram reverter.
A capacidade de sobrevivência é fator de extrema importância na Copa, torneio de tiro curto e que exige reação rápida às adversidades. Nenhuma outra seleção demonstrou tamanha força mental e física para sair de situações de extremo aperreio na competição.
A vitória sobre o English Team, ontem, é bem exemplar do poderio que os croatas têm exibido na Rússia. Sofreram um gol de falta logo aos 5 minutos, marcado brilhantemente por Trippier, acertando a gaveta esquerda do gol de Subasic. Sem desespero, o time xadrez teve que suportar ligeiro predomínio do adversário ao longo do 1º tempo.
No final do primeiro tempo, uma forte pressão liderada por Modric quase levou a um empate. A igualdade viria mesmo na etapa final, quando Perisic, um dos melhores em campo, incansável na caça a um mínimo de espaço na última fronteira inglesa, desviou de primeira, aos 22’, batendo na bola sem atingir o zagueiro Walker, que se atirou para fazer o cabeceio.
Para os padrões britânicos, de jogo aéreo quase constante, a jovem Inglaterra cultivou boas tramas pelo chão durante o confronto. Bem equilibrada entre os setores, a equipe de Gareth Southgate sentiu o gol de empate, mas não permitiu que a Croácia impusesse uma pressão pela virada. Curiosamente, o artilheiro Harry Kane não apareceu com a intensidade esperada, errando as poucas chances que teve.
A reforçar o espírito guerreiro da Croácia, a prorrogação teve logo no começo um lance daqueles que demarcam o destino de um time na Copa. Stones cabeceou forte em direção ao canto direito da trave, mas o zagueiro Vrsaljko salvou em cima da linha. Pode ter sido a bola do jogo.
Modric controlava as ações no meio, sem excessos, mas sempre preciso. Líder e comandante do time, assinou todas as saídas para o ataque. A partir de um passe do camisa 10, Perisic cruzou da esquerda, mas Pickford operou um milagre defendendo a finalização de Mandzukic.
O próprio Mandzukic não iria desperdiçar, minutos depois, um passe de cabeça de Perisic, após embate com a zaga. O centroavante se esgueirou por trás dos marcadores e chegou livre para bater cruzado. Um gol histórico, que garante a presença da Croácia na grande decisão de domingo.
Um detalhe chamou atenção durante o jogo. Extenuados ao encarar a terceira prorrogação em três partidas, alguns jogadores se arrastavam em campo, mas o técnico Dalic não substituía ninguém. Depois do jogo, ele explicou a razão de retardar as substituições: os guerreiros croatas se recusavam a sair do gramado. Mesmo cansados, preferiam lutar até o final.
A França que se cuide, pois não se pode duvidar jamais da força de um time tão guerreiro e combativo.
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Remo: tropeços em campo, lambança nos bastidores
Alguma coisa anda fora de ordem no Evandro Almeida (ou no que restou dele). Foi no mínimo surpreendente a visita feita pelo presidente do clube à Federação Paraense de Futebol, a fim de “fumar o cachimbo da paz” e reforçar os laços de boa convivência.
O lado esquisito disso é que, domingo, diretores do Remo criticaram duramente a FPF pelo que entendem ser uma falta de apoio e acompanhamento da entidade.
Afirmaram que o time vem sendo seguidamente prejudicado pelas arbitragens – o que é fato – e cobraram providências. O revide foi em tom áspero, por parte de Adélcio Torres (FPF), mas até isso foi ignorado por Manoel Ribeiro.
Não se sabe se a visita foi combinada com a diretoria de Futebol, mas passou publicamente a ideia de que a presidência segue outra cartilha.
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Papão ganha força na zaga e faz aposta no ataque
Com a volta de Diego Ivo à zaga, o Papão recompõe diante do Vila Nova o sistema defensivo que lhe garantiu bons resultados no começo do campeonato. A boa notícia só não é complementada quanto às expectativas para o setor ofensivo.
Sem Magno, que se lesionou no treino, o técnico Dado Cavalcanti aposta em Moisés para ser o falso camisa 9. É um sistema que exigirá a participação direta de Thomaz na meia-cancha, até porque o visitante tem a melhor defesa da competição (apenas 9 gols sofridos).
Melhor jogador da equipe na derrota frente ao Coritiba, Thomaz vive fase de ascensão no PSC. Infelizmente, para ele e para o time, falta hoje ao ataque a capacidade de definição dos tempos de Cassiano.
(Coluna publicada no Bola desta quinta-feira, 12)
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