Um candidato a ídolo

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POR GERSON NOGUEIRA

Mesmo diante da legião de atacantes contratados pelo Papão para a temporada, surgiu nos últimos dias um até então improvável candidato a ídolo: o zagueiro Diego Ivo. A surpresa fica por conta da posição que ocupa. Raramente, defensores viram astros no futebol brasileiro e, em particular, no Pará.

Na festa de apresentação do elenco bicolor para 2018, realizada no sábado pela manhã, na Curuzu, os aplausos mais entusiasmados da torcida dirigiram-se a Diego Ivo, saudado de pé pela plateia presente ao estádio.

Para quem acompanhou o Papão no Brasileiro, a recepção do torcedor é plenamente justificada. Diego Ivo, que chegou com a competição em andamento (estreou em agosto) fez gols decisivos e com todos aqueles ingredientes que sempre encantam as torcidas.

Foram somente dois gols, mas marcados em jogos duríssimos, quase já no final. Aí, no meio daquela multidão de jogadores espalhados na área, surgiu o zagueiro para testar para as redes inimigas. Gols que ficam cravados na memória do torcedor.

Além disso, participou com afinco e regularidade do esforço para evitar o rebaixamento, tendo ainda presença destacada como falso atacante – como no jogo com o Internacional, no Beira-Rio, quando tocou de cabeça para a finalização de Bergson.

Por tudo isso, é justo o reconhecimento caloroso que teve no evento de sábado. Curiosamente, o zagueiro quase não veio defender o Papão. Ele foi a segunda opção no momento em que o Papão corria atrás de um zagueiro para substituir Gilvan, que havia se transferido para o Atlético-GO. O preferido era Fábio Ferreira (ex-Botafogo), que estava na Ponte Preta e recusou o convite.

Aos 28 anos, o baiano Diego Ivo estava no Moreirense de Portugal e chegou sem maior alarde, como ocorre com a maioria das apostas que frutificam. Aos poucos, porém, foi entrando no time e acabou estabilizando uma parceria com Perema.

É provável que ao longo da temporada o trono de ídolo seja ocupado por um atacante ou meia-armador, afinal essas posições são normalmente mais propícias a ter jogadores que enchem os olhos da torcida, pelos gols e jogadas de efeito.

De qualquer maneira, Diego Ivo já entra em vantagem, pois tem a confiança da Fiel. A raça, a disposição (chegou a jogar no sacrifício algumas partidas) e a forte presença em campo são suas virtudes. Quem quiser superá-lo no coração da galera terá que, inevitavelmente, fazer muito mais do que ele.

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Um tributo que o Fab Four nunca teve

O Liverpool lançou ontem uma camisa especial, homenageando os Beatles. Toda branco, o uniforme traz na parte inferior a mítica imagem dos quatro cabeludos atravessando a rua em Abbey Road – título do álbum de 1969.

A repercussão foi imediata. Era previsível o efeito causado sobre os fãs de futebol que também gostam da história do rock e são apaixonados pelo Fab Four. Poucas vezes o futebol conseguiu tabelar tão bem com o rock’n’roll.

Aliás, é até surpreendente que o Liverpool nunca tenha tido a ideia de fazer esse tributo. É o tipo da ideia que estava quicando na área à espera de um chute, como dizem os criativos do mundo publicitário.

Quis o destino (e talvez São Roque) que a camisa fosse desenhada com extremo bom gosto, sem presepadas no design e fiel ao sentido da homenagem.

O curioso é que, segundo a história do quarteto, nenhum dos quatro músicos torcia pelo Liverpool. Paul McCartney é declarado torcedor do Everton, arquirrival dos Reds na velha cidade portuária. Ringo Starr sempre foi fã, meio desleixado, do Arsenal.

John Lennon e George Harrison jogaram futebol na escola, mas nunca deram muita bola para os clubes da cidade, aparecendo apenas em eventos especiais, como a Copa do Mundo disputada na Inglaterra, em 1966.

Há alguns anos, o Liverpool do Uruguai fez o que o original britânico nunca havia pensado. Convidou Paul para ser sócio e o ex-beatle topou de imediato. Foi em 2012. A diretoria do clube do bairro de Belvedere, localizado ao sul da capital uruguaia, aproveitou a passagem de Macca por Montevidéu e a coincidência de ter o nome da cidade-mãe dos Beatles para fazer dele um legítimo hincha negriazul.

O clube, através de um aficionado que trabalhava na organização da turnê, mandou convite oficial a Paul e este aceitou ser sócio do Liverpool uruguaio. Ganhou a camisa do time com seu nome gravado, um livro narrando as histórias do clube e até a carteirinha vitalícia de associado.

Em tempo: a previsão é de que a camisa especial do Liverpool venda milhões de unidades nos próximos dias. Com a Beatlemania não se brinca.

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A surpreendente Desportiva avança à terceira fase da Copinha

A Desportiva superou as desconfianças e passou pelo Marília, ontem, marcando 4 a 3 na série de penalidades, depois de empatar no tempo normal por 2 a 2. Com bom controle do meio-campo e velocidade nas ações ofensivas, o time paraense resistia bem à pressão meio atrapalhada do MAC no estádio Abreuzão, mas cometeu duas bobeadas e sofreu gols que pareciam representar a eliminação.

Sem se abater, o time foi à frente e chegou ao empate com gols de gente grande, principalmente o segundo, um chute forte de primeira da entrada da área. Nos penais, com os nervos no lugar, conseguiu levar a melhor. Na próxima rodada, já na terceira fase, a Desportiva encara a Penapolense, com chances de seguir na competição.

(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 12) 

7 comentários em “Um candidato a ídolo

  1. Concordo que o DI é candidato a ídolo. E com merecimento. Todavia, discordo que tal seja algo raro em face da posição em que joga. Deveras, tanto de um lado quanto de outro há vários casos de zagueiros ídolos. Para ficar só do lado azulino é possivel, em princípio, falar de Belterra, Chico Monte Alegre e Pagani. Mas, há mais, muito mais… Todos ídolos. E isso sem guardarem consigo a marca da artilharia importante como é o caso do DI.

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    1. Raro nos dias de hoje, Oliveira. Note que todos os que citou passaram por aqui há, pelo menos, duas décadas. De lá pra cá, nenhum beque se destacou. E olha que Chico M. Alegre não chegou a ídolo. Belterra e Pagani, sim.

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  2. Gerson, eu comecei a acompanhar futebol mais de perto, em especial o meu Clube do Remo, por volta de 1989 e posso garantir: naquela época, todo garoto remista tinha o Chico Monte Alegre como o maior ídolo do momento do Remo, era um zagueiraço, chego a dizer que melhor que o Belterra (foi mais ídolo pra mim que o Belterra) , que jogou muito mais tempo no clube e também se tornou ídolo. Aliás, Chico e Belterra formaram a sensacional dupla de zaga do Remo na inesquecível campanha da semifinal da copa do brasil de 1991.

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  3. Comentário a parte, destaque-se o trabalho de Walter Lima. O cara sabe o que fazer com a base e é uma pena que o Remo não tenha lhe fornecido mais que a Desportiva de Marituba para ter-se um plantel de juventude. O Remo, tanto quanto o Paysandu, sofre pelo amadorismo. A Desportiva está mostrando como é que se faz. Parabéns aos garotos de Marituba, e que os nossos Titãs sigam o exemplo.

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  4. Pra mim o Chico Monte Alegre foi ídolo no Leão Azul. Mas, eu também respeito opinião.

    Aliás, amigo Gerson, se o elemento temporal (“nos dias de hoje”) tivesse constado de sua postagem inicial, eu teria, de cara, concordado integralmente com sua opinião.

    Afinal,mais recentemente, só o Diego Barros teve algum protagonismo junto à Torcida. Ocorre que tal se deu mais pelo diversionismo do Caxiado do que pela categoria do jogador. Me ocorre ainda um outro nome, o Ariomar. Era zagueiro bom e artilheiro de momentos importantes. Mas, apesar disso, dados os problemas financeiros do Clube do Remo, não pôde ficar muito tempo e consolidar a idolatria junto à galera.

    Há um outro nome, que no século passado, tal qual o Belterra, jogou na dupla de rivais. Falo do Marcos. Salvo engano, chegou no Pará como lateral esquerdo, mas se destacou mesmo como quarto zagueiro, sendo ídolo tanto lá como cá.

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