Sincericídio?

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Enfim, um sujeito que prima pela sinceridade:

“Os brasileiros estão envergonhados da classe política!”

A afirmação é de Luciano Huck, peremptório, no programa do Faustão deste domingo, claramente aparelhado para servir de palanque ao ex-futuro pré-candidato global.

Certamente devia estar se referindo ao amigo (e sócio em vários negócios) Aécio Neves, o famoso “playboy do Leblon”, envolvido em mil falcatruas, delatado mais de 80 vezes na Lava Jato, réu confesso e flagrado recebendo mala de dinheiro oriundo de propina – embora blindado pelo juiz tucano de Maringá.

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Ah, Huck é amigo pessoal de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio.

O passado é uma parada

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O futebol dos anos 60 exposto nas páginas da Revista do Esporte. A capa desta edição destacava Toninho Guerreiro, artilheiro do Santos de Pelé. Divide as atenções com ele o vascaíno Danilo Menezes.

O TRF-4, o Irã, os perus e as rabanadas

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POR JOSÉ FEVEREIRO (*), em seu blog

Em 2010 o Congresso Brasileiro aprovou a lei complementar 135, a Lei da Ficha Limpa, com apoio da esquerda. De 2008 a 2010 travei o bom combate para que o PSOL não votasse a favor dessa lei. Numa sociedade de classes, reduzir direitos nunca é uma boa opção para quem defende o andar de baixo. Fiz esse debate até ser finalmente vencido em votação na executiva nacional do PSOL onde apenas contei com mais um voto além do meu, algumas abstenções e grande maioria a favor da aprovação.

Delegar a uma casta como a do judiciário o poder de supervisionar a democracia brasileira, definindo por decisões de 4 juízes, 1 de primeira instancia e 3 de segunda instancia , em quem o povo pode ou não votar nunca me pareceu uma boa ideia. A maioria do Poder Judiciário, pela sua própria origem de classe, tenderá a refletir os valores, a cultura e os interesses inerentes a essa condição. Mais de 400 mil presos provisórios, a maioria “pretos-pardos- e-pobres” em penitenciarias superlotadas são a prova quotidiana disso. Permitir restrição de direitos sem condenação transitada em julgado, exceção aberta com a Lei da Ficha limpa, mostra como a fantasia da “neutralidade das instituições” contaminou a esquerda.

Os recentes arreganhos do judiciário avançando na criminalização dos movimentos sociais eram pedra cantada. Daqui até termos sindicalistas, dirigentes de movimentos sem teto e sem terra, dirigentes de trabalhadores rurais, ativistas ambientais e quilombolas afastados das disputas eleitorais por condenações de fancaria não faltará muito. Oligarquias que controlam o judiciário dos seus estados com mão de ferro podem afastar adversários incômodos da disputa dessa forma. Se alguém tinha duvidas disso quando fizemos o debate de 2008 a 2010, o processo que Lula responde dia 24 em Porto Alegre, feito sob medida para afastá-lo da disputa eleitoral de 2018, é o “se situa” que faltava.

Toda a esquerda apoiou essa lei em 2010. Sob o aplauso fácil de um moralismo despolitizado, uma crença infantil que o judiciário seria melhor que os outros poderes da República, coisa que os fatos desmentem a cada dia, colocamos o escrutínio do povo sob tutela do único poder que não responde diretamente a ele porque não é eleito mas concursado, composto portanto pela “meritocracia” tal qual ela existe nestes trópicos.

No Irã, o Conselho de Guardiães, composto por 6 clérigos xiitas indicados pelo Grão  e 6 juízes indicados pelo parlamento, decide quem pode e quem não pode ser candidato. No Brasil 4 juízes terão essa prerrogativa. É menos plural.

Naqueles dias de maio de 2010, os perus votaram pela antecipação do Natal.

As primeiras rabanadas serão distribuídas dia 24 em Porto Alegre.

(*) Dirigente nacional do PSOL

Pra não esquecer a poesia

Sonha o rico na riqueza

que cuidados lhe oferece;

sonha o pobre que padece

na miséria e na pobreza;

sonha o que busca a beleza,

sonha o que luta e fraqueja,

sonha o que agrava e ofende

e no mundo, em conclusão,

todos sonham o que são,

coisa que ninguém entende.

Eu sonho que estou aqui

de correntes carregado

e sonhei que em outro estado

como príncipe vivi.

Que é a vida? Um frenesi.

Que é a vida? Uma ilusão,

uma sombra, uma ficção;

e o bem mais belo é medonho,

pois toda a vida é sonho

e os sonhos, sonhos são.

Calderón de la Barca(1600-1681)

O matador renegado

POR GERSON NOGUEIRA

Uma das listas mais curiosas desta passagem de ano é a que trata dos artilheiros da década. Como não foi muito divulgada, periga até virar lenda urbana, como a história dos milhares de testemunhas do primeiro treino de Garrincha no Botafogo. A questão é que, de repente, todo atacante diz estar nesse ranking. Virou um item curricular de boleiros, tanto que o recém-chegado Isac e até Frontini, de passagem pífia por aqui, aparecem entre os 50 primeiros colocados.

No aspecto regional, a lista faz justiça a um artilheiro renegado entre nós: Rafael Oliveira pontifica com um honroso sexto lugar. Negligenciado por muitos, o jogador ficou marcado como “barqueiro” e ganhou o apelido de Rafapop pela paixão declarada pelas festas de aparelhagem.

Em campo, onde as coisas realmente importam, ele sempre resolveu. Está entre os mais assíduos frequentadores das tábuas de artilharia dos campeonatos. Com justiça, o ranking põe Rafael no pelotão da frente dos maiorais da década, com 109 gols, muitos deles com a camisa alviceleste do Papão, clube que o projetou e onde viveu verdadeira gangorra de amor e ódio com a torcida.

Fred (174 gols), Neto Baiano (124), Leandro Damião (121), Magno Alves (121) e Zé Carlos (110) são os jogadores que se posicionam à frente de Rafael. Ficam abaixo do paraense de Ananindeua no Top 10 alguns centroavantes até mais badalados que ele – Kieza (103), André (101), Hernane Brocador (101) e Léo Gamalho (99).

Nos últimos tempos, após passagens fugazes por Portuguesa e Botafogo, Rafael optou por um estratégico exílio no Nordeste, recomendado por Givanildo Oliveira. Passou a emprestar sua capacidade de fazer seus gols a clubes da Paraíba, Rio Grande do Norte e de Pernambuco, onde se encontra atualmente, defendendo o Náutico.

Diante de nulidades que embolsaram verdadeiras fortunas para enganar nos grandes de Belém, o desempenho de Rafael na década é digno de aplausos. Sua história confirma, em quase tudo, a velha máxima de que santo de casa não faz milagre.

Chegou a ser cogitado para um retorno à Curuzu em meio à crise técnica que o Papão viveu na recente Série B, mas nem chegou a ser iniciada uma negociação, provavelmente porque boa parte da própria torcida não receberia bem a ideia.

Para o bem de ambos, talvez tenha sido melhor assim. Não há registro recente de êxito no retorno de jogador nascido no Pará para atuar pelo antigo clube. O artilheiro terá que seguir sua saga solitária pelos áridos campos nordestinos.

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Paraenses ainda podem salvar participação na Copinha

Os jogos de sábado trouxeram um novo alento à participação paraense na Copa São Paulo de Futebol Junior, com a vitória da Desportiva sobre o Náutico por 1 a 0 e o empate do Papão com o União-MT.

Além de quebrar o jejum, o triunfo da Desportiva abriu boas possibilidades de classificação à fase seguinte. Depende apenas de uma vitória sobre a Linense, na terça-feira.

Para os bicolores, resta o desafio de derrotar o Desportivo Brasil na terça e torcer por uma vitória do Londrina sobre o União.

Sucesso mesmo quem faz é o São Paulo amapaense, que venceu seus dois jogos e já se classificou para a próxima etapa da Copinha.

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Leão e Japiim mostram qualidades no teste final

O amistoso entre Castanhal e Remo, no sábado à tarde, deixou boa impressão sobre os dois times. A vitória azulina, por 2 a 1, vale como fator de motivação a mais para a sua torcida – que já comprou 12 mil ingressos para a estreia de domingo contra o Bragantino, no Mangueirão.

Tanto Lecheva quanto Ney da Matta puderam fazer observações valiosas sobre o nível individual de seus jogadores. Mesmo perdendo o jogo, o Castanhal apresentou força de conjunto e uma ideia de losango no meio-campo que pode funcionar bem, desde que devidamente ensaiada.

Chazinho, Dedeco e o goleiro Roger Kath voltaram a atuar bem, com Flamel funcionando como condutor de jogo na meia-cancha. Caso mantenha a pegada, o Castanhal tem chances de fazer boa campanha.

No Remo, fica evidente a fragilidade ofensiva. Sem um atacante de referência (Marcelo não mostrou a presença de área necessária), o time depende muito dos laterais e das articulações pelo meio. Nesse aspecto, Rodriguinho e Andrei apareceram bem.

Esquerdinha foi destaque na lateral e Martony teve boa atuação, inclusive marcando gol. A defesa, porém, falhou bisonhamente no lance do gol castanhalense, esperando marcação de impedimento e abrindo a guarda para que Dedeco fuzilasse em direção ao gol.

De toda sorte, a movimentação dá aos técnicos a chance de entrar no campeonato com uma escalação definida, visto que precisaram começar praticamente do zero a formação de suas equipes.

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Fim de novela e outra fábula de dinheiro sobre a mesa

A novela finalmente terminou: a transferência de Phillipe Coutinho do Liverpool para o Barcelona, pelo valor anunciado de R$ 622 milhões, custou ao clube catalão a maior soma desembolsada por um jogador em sua história. Ao mesmo tempo, abre novo capítulo na série de transações que fazem do negócio futebolístico algo muito próximo da irrealidade – ou do embuste.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 08)