Do blog Fogo Eterno
Na minha cabeça e no meu coração, quando o Botafogo entrou em campo no estádio encravado no centro de Quito, parecia estar pronto para começar a acertar as contas com um passado inglório – e vexatório – quando o assunto é Libertadores. O Botafogo da minha cabeça sufocaria o adversário bem diante da torcida local, impondo autoridade já nos primeiros minutos para começar a resgatar para as Américas o peso da camisa alvinegra e ostentar o brilho da estrela.
O meu choque com o real começou quando vi o Botafogo entrar com a camisa branca. Bonita, linda na verdade; mas uma camisa…branca. E a realidade, logo nos primeiros minutos, foi dissipando o Botafogo da minha cabeça e atormentando o meu coração. Em vez de se impor, o time entrou recuado, nervosíssimo e cometendo erros primários de posicionamento. Tomou um gol por falha do Dória (e omissão do Julio Cesar) e só não foi mais vazado porque o Deportivo Quito passou a nos respeitar, pouco ameaçando o gol de Jefferson.
O meu coração começou a palpitar de preocupação: tomar um segundo gol tornaria a Missão Maracanã muito mais complicada, quase impossível. E a minha cabeça não parava de balançar para os lados, insatisfeita com o que estava diante dos meus olhos: Dória muito nervoso, Edilson e Julio Cesar improdutivos, Ferreyra brigando com a bola (e pela bola). A decepção maior, contudo, foi constatar o desperdício de um dos nossos maiores talentos. Gabriel parecia estar o tempo inteiro perdido em seu posicionamento mais avançado; pouco combatia, quase nada atacava, raramente engrenava, parecia um recém-contratado que conheceu seus companheiros no vestiário.
Foi ali que a cabeça e o coração tiveram que se render aos fatos: dentro de campo, o Botafogo do início de 2014 é um time bem menos articulado do que o Botafogo 2013 – e, além da óbvia ausência de talentos individuais, fez falta a capacidade de Seedorf de “ler” o jogo e organizar o posicionamento de seus colegas. Desentrosado e tímido, o Botafogo de Húngaro ainda não é um time – e está muito longe de sê-lo. Precisa de tempo e de talento, ambos ausentes em General Severiano nesse início de Libertadores.
Sem maiores emoções, o jogo acabou com o mesmo placar do primeiro tempo: menos mal.
Agora é olhar para a frente. Penso que a classificação para a fase de grupos se tornará bem mais fácil se milhares de gargantas alvinegras estiverem reunidas na próxima quarta-feira no Maracanã. Pois o time equatoriano me pareceu limitadíssimo do ponto de vista técnico; se pressionado, pode cometer erros individuais que facilitarão a descoberta do caminho do gol. E os nossos jogadores, empurrados, têm condições de corresponder – até El Tanque, caneleiro mas raçudo, pode pegar no tranco.
Então, já que ainda não há time, mas um desajeitado e claudicante embrião, e já que ainda não há técnico, mas um funcionário dedicado, que a classificação venha com o que existe desde sempre: a força que se ergue e se agiganta quando a torcida olha para o campo e, ao ver a camisa alvinegra, sabe o que fazer para vê-la brilhar.
Porque a torcida terá de agir para evitar a morte prematura desse frágil embrião. Teremos que participar ativamente para vê-lo ganhar forma, corpo e alma.
Afinal, a gente merece ver, já na outra quarta-feira, o confronto dos nossos santos gloriosos contra o San Lorenzo do Papa Francisco.
A gente vai ter que gritar muito, muito mesmo para que isso aconteça. Até para ajudar o Eduardo Húngaro a virar técnico. Até para que chegue o dia em que o Botafogo da nossa cabeça – e de nossos corações – possa novamente ser o mesmo que entra em campo.

Realmente, amigo Gerson, nosso FOGÃO ontem foi decepcionante demais. Triste ver um monte de jogadores perdidos em campo. Se esse time do Equador fosse um pouquinho menos ruim e pressionasse nossa defesa, acho que levaríamos um banho muito difícil de se reverter no Maraca. Outra coisa, ver Botafogo e Paysandu de branco é terrível. Mas acredito que na próxima quarta-feira reverteremos a vantagem deles.
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Amigo Fernandes, pior ainda é o Paissandu de branco e com faixa na diagonal. Uniforme esquisito.
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É verdade, nada a ver!!!
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