O passado é uma parada…

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Imagem da famosa castanheira localizada bem no limite entre Belém e Ananindeua, na rodovia BR-316, no final dos anos 70. Era uma referência para quem entrava ou saía da cidade. Ao fundo, imagens do Seminário Batista e suas palmeiras. (Acervo: José Mesquita/via Nostalgia Belém) 

Recado aos navegantes

Pesquisa Ibope espontânea, divulgada na tarde desta segunda-feira:

Dilma 23%

Lula 8%

Aécio 5%

José Serra 5%

Marina 3%

Campos 1%

Outros 1%

Branco/nulo 13%

Não sabe 40%

http://www.blogdadilma.com/dilma/188-ibope-dilma-sobe-para-43 …

He-Man na marca do pênalti

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O clima é tenso dentro do vestiário do Internacional, e não se trata apenas de uma figura de linguagem. Neste domingo, jogadores colorados brigaram no vestiário do Serra Dourada após a derrota por 3 x 1 para o Goiás. Segundo informações da Rádio Bandeirantes, funcionários do estádio confirmaram o desentendimento entre os atletas. Uma porta ficou danificada. O diretor de futebol colorado Marcelo Medeiros negou que os atletas tenham se agredido. “As pessoas dizem ter ouvido, mas não estavam dentro do vestiário. Não houve nada fora do normal, nem briga, mas uma cobrança normal. Nosso momento é tenso e complicado. Ninguém brigou a socos, isso é loucura”, explicou. A origem da discussão, segundo a emissora, foi a expulsão de Rafael Moura. Alguns jogadores tiraram satisfação do centroavante pelo cartão vermelho, enquanto outros o defenderam, iniciando o racha.

Depois de ser fortemente cobrado por seus torcedores na chegada a Porto Alegre após a derrota para o Atlético-PR, há duas semanas, o elenco do Internacional evitou o contato com a torcida e não passou pelo saguão do Aeroporto Salgado Filho nesta segunda-feira. Os jogadores receberão folga nesta segunda e voltam a se reapresentar na terça-feira. A derrota para o Goiás deixou o Inter ainda mais próximo da zona de rebaixamento. A distância, agora, é de apenas quatro pontos, e pode cair para um se a equipe perder para o Coritiba no domingo que vem. No entanto, com mais uma vitória nos três jogos que faltam, a equipe gaúcha se livra matematicamente do risco de queda. (da revista Placar) 

Supremo Tapetão Federal

Por Ricardo Melo

Derrotada nas eleições, a classe dominante brasileira usou o estratagema habitual: foi remexer nos compêndios do “Direito” até encontrar casuísmos capazes de preencher as ideias que lhe faltam nos palanques. Como se diz no esporte, recorreu ao tapetão. O casuísmo da moda, o domínio do fato, caiu como uma luva. A critério de juízes, por intermédio dele é possível provar tudo, ou provar nada. O recurso é também o abrigo dos covardes. No caso do mensalão, serviu para condenar José Dirceu, embora não houvesse uma única evidência material quanto à sua participação cabal em delitos. A base da acusação: como um chefe da Casa Civil desconhecia o que estava acontecendo?

A pergunta seguinte atesta a covardia do processo: por que então não incluir Lula no rol dos acusados? Qualquer pessoa letrada percebe ser impossível um presidente da República ignorar um esquema como teria sido o mensalão.

Mas mexer com Lula, pera aí! Vai que o presidente decide mobilizar o povo. Pior ainda quando todos sabem que um outro presidente, o tucano Fernando Henrique Cardoso, assistiu à compra de votos a céu aberto para garantir a reeleição e nada lhe aconteceu. Por mais não fosse, que se mantivessem as aparências. Estabeleceu-se então que o domínio do fato vale para todos, à exceção, por exemplo, de chefes de governo e tucanos encrencados com licitações trapaceadas.

A saída foi tentar abater os petistas pelas bordas. E aí foi o espetáculo que se viu. Políticos são acusados de comprar votos que já estavam garantidos. Ora o processo tinha que ser fatiado, ora tinha que ser examinado em conjunto; situações iguais resultaram em punições diferentes, e vice-versa.

Os debates? Quantos momentos edificantes. Joaquim Barbosa, estrela da companhia, exibiu desenvoltura midiática inversamente proporcional à capacidade de lembrar datas, fixar penas coerentes e respeitar o contraditório. Paladino da Justiça, não pensou duas vezes para mandar um jornalista chafurdar no lixo e tentar desempregar a mulher do mesmo desafeto. Belo exemplo.

O que virá pela frente é uma incógnita. Para o PT, ficam algumas lições. Faça o que quiser, apareça em foto com quem quer que seja, elogie algozes do passado, do presente ou do futuro – o fato é que o partido nunca será assimilado pelo status quo enquanto tiver suas raízes identificadas com o povo. Perto dos valores dos escândalos que pululam por aí, o mensalão não passa de gorjeta e mal daria para comprar um vagão superfaturado de metrô. Mas como foi obra do PT, cadeia neles.

É a velha história: se uma empregada pega escondida uma peça de lingerie da patroa para ir a uma festa pobre, certamente será demitida, quando não encarcerada – mesmo que a tenha devolvido. Agora, se a amiga da mesma madame levar “por engano” um colar milionário após um regabofe nos Jardins, certamente será perdoada pelo esquecimento e presenteada com o mimo.

Nunca morri de admiração por militantes como José Dirceu, José Genoíno e outros tantos. Ao contrário: invariavelmente tivemos posições diferentes em debates sobre os rumos da luta por transformações sociais. Penso até que muitas das dificuldades do PT resultam de decisões equivocadas por eles defendidas. Mas num país onde Paulo Maluf e Brilhante Ustra estão soltos, enquanto Dirceu e Genoíno dormem na cadeia, até um cego percebe que as coisas estão fora de lugar.

Ricardo Melo, 58, é jornalista. Na Folha, foi editor de “Opinião”, editor da “Primeira Página”, editor-adjunto de “Mundo”, secretário-assistente de Redação e produtor-executivo do “TV Folha”, entre outras funções. Atualmente é chefe de Redação do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Também foi editor-chefe do “Diário de S. Paulo”, do “Jornal da Band” e do “Jornal da Globo”. 

Fé cega, faca amolada

Por Gerson Nogueira

Não adianta fugir do assunto. Por onde se anda surge inevitavelmente inclui a indagação: será que o Paissandu ainda consegue se salvar? Pelos caminhos tortuosos que o futebol segue, a salvação é plenamente possível ainda. Acreditar é o primeiro mandamento em meio a uma situação difícil como a atual. Foi justamente o que um grupo de 20 a 30 torcedores cantou, sábado à noite, no aeroporto de Val-de-Cans na volta da delegação a Belém.

O mais importante a essa altura é que o limite mínimo para escapar da degola caiu de 45 ou 46 pontos para 43. Brigam contra a queda, a prevalecer essa projeção, Guaratinguetá, Paissandu e Atlético-GO, já que São Caetano e ASA já estão eliminados. Dos três que estão nessa disputa na parte de baixo da tabela, dois cairão.

As atenções se voltam para o cambaleante Guaratinguetá, que não vence há seis rodadas. Nas próximas rodadas, terá pela frente o Paraná, já sem ambições maiores, e o Atlético-GO em Goiânia. É provável que se atrapalhe nesse percurso.

GERSON_18-11-2013Mas, por outro lado, é prudente ficar atento à movimentação do Atlético-GO, que está atrás do Papão na classificação. O Dragão sai para enfrentar o Oeste e decide sua sorte diante do concorrente Guará.

O melhor dos cenários para o Papão é conquistar a vitória sobre o Bragantino e torcer pelas derrotas de Atlético e Guaratinguetá. Nesse caso, ambos seriam obrigados a um jogo suicida na rodada final, o que seria extremamente favorável ao representante paraense. Cabe observar que o primeiro critério de desempate é o número de vitórias, item que beneficia o Guaratinguetá, que tem 11 contra as 10 de Paissandu e Atlético.

Todas essas tentativas de projetar o futuro próximo devem levar em conta, porém, que não adiantará ao Papão ver seus adversários sucumbindo se o próprio time não mostrar gana e comprometimento. A maneira como o time se deixou abater diante do Icasa, quando tinha chances reais de um resultado melhor, deixa dúvidas quanto ao alinhamento geral do elenco com os anseios da torcida.

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A encruzilhada de Lecheva

Lecheva é dono de uma trajetória interessante no futebol paraense. Foi um dos coadjuvantes daquele timaço que o Paissandu montou entre 2001 e 2003, com ativa participação na campanha da Taça Libertadores e lugar garantido no panteão dos principais meio-campistas da história do clube. Nunca foi craque, mas fazia da regularidade uma arma.

Como técnico, quebrou galhos no comando do Papão. Foi campeão paraense e no ano passado foi o grande condutor do time no acesso à Série B. Com três tropeços no começo da competição, acabou sacado do comando. Saiu por cima, em paz com a torcida.

Meses depois reapareceu como treinador da Tuna, um projeto sabidamente de alto risco pelas precárias condições financeiras do clube. Diante das dificuldades, assumiu encargos de gerente, ajudando a trazer jogadores e  cuidando de problemas prosaicos, como a falta de material para treinamento.

Quando a primeira fase do Parazão começou, todas as expectativas naturalmente se concentraram no trabalho de Lecheva. Como milagres não acontecem a todo instante, a Tuna logo sentiu na pele as agruras de uma competição acirrada. Em quatro jogos, perdeu dois e empatou dois, marcando apenas um gol.

Depois de ser visto como quase um herói alviceleste, Lecheva corre o risco de sair chamuscado de uma missão impossível. E é o menos culpado por isso.

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Homenagem a um grande craque

Vejo na ESPN documentário sobre Falcão García, um dos maiores atacantes do mundo e maior esperança colombiana para a Copa do Mundo do ano que vem, e é curioso descobrir que o artilheiro ganhou esse nome em homenagem a um craque brasileiro.

Seu pai, ex-boleiro e técnico de futebol, se encantou com o estilo clássico e elegante de Paulo Roberto Falcão na Copa de 1982. Conta no filme que, ao ver o brasileiro em ação, jurou que se tivesse um filho daria a ele o nome do Rei de Roma. E assim aconteceu.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 18) 

O passado é uma parada…

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Nelson Mandela, já idoso, olha pelas grades de sua cela na África do Sul. Havia sido preso, 20 anos antes, por liderar a luta contra o apartheid.  

Uma exceção para a história

Por Wanderley Guilherme dos Santos

Ao bem afamado Péricles, o ateniense, é atribuída a opinião de que, embora sendo certo que nem todos têm sabedoria para governar, a capacidade de julgar um governo em particular é universal. A observação parece valer com razoável generalidade. Por exemplo: nem por faltar um diploma em medicina está um adoentado impedido de avaliar a competência do profissional que o assiste. Assim, ainda que não portadaor de títulos ou conhecimentos para ocupar assento no Supremo Tribunal Federal, tenho como direito constitucional e recomendação de um clássico grego inteira liberdade para opinar sobre a Ação Penal 470.
Posso dispensar a cautela de não me indispor com aquele colegiado, pois não tenho licença para advogar oficialmente ou não a causa de quem quer que seja. E contrariando desde logo o juízo de algumas pessoas de bem, não enxergo qualquer efeito pedagógico nesse julgamento e não desejo em hipótese alguma que se repita em outros processos. Falacioso em seu início, enredou os ministros em pencas de distingos argumentativos e notória fabricação de aleijados fundamentos jurídicos. Não menciono escandalosos equívocos de análise com que a vaidade de alguns e a impunidade de todos sacramentaram, pelo silêncio, o falso transformado em verdadeiro por conluio majoritário. Vou ao que me parece essencial.
A premissa maior da denúncia postulava a existência de um plano para a perpetuação no poder arquitetado por três ou quatro importantes personagens do Partido dos Trabalhadores. Até aí nada, pois é aspiração  absolutamente legítima de qualquer partido em uma ordem democrática. Não obstante, é também mais do que conhecido que o realismo político recomenda, antes de tudo, a busca da vitória na próxima eleição. Não existe a possibilidade logicamente legítima de extrair de uma competição singular, exceto por confissão dos envolvidos, a meta de perpetuação no poder de forma ilegal ou criminosa. Pois o procurador-geral da República pressupôs que havia um plano transcendente à próxima eleição, a ser executado mediante meios ilícitos.
A normal aspiração de continuidade foi denunciada como criminosa, denúncia a ser comprovada no decorrer do julgamento. E aí ocorreu essencial subversão na ordem das provas. Ao contrário de cada conjunto parcial de evidências apontar para a solidez da premissa era esta que atribuía a frágeis indícios e bisbilhotices levianas uma contundência e cristalinidade que não possuíam. Todos os ministros engoliram a pílula da premissa e passaram a discutir, às vezes pateticamente, a extensão de seus efeitos. Dizer que a mídia reacionária ajudou a criar a confusão, que, sim, o fez, não isenta nenhum dos ministros da facilidade com que caíram na armadilha arquitetada pelo procurador geral e pelo ministro relator Joaquim Barbosa.
Era patético, repito, o espetáculo em que cada ministro procurava nos textos legais quer a inocência, quer a culpabilidade dos acusados. Em momentos, fatos que eram apresentados por um ministro como tendo certa significação, derivada da premissa, e por isso condenava o acusado pelo crime supostamente cometido, os mesmos fatos eram apresentados como significando o oposto e, todavia, servindo de comprovação da culpabilidade do acusado. Exemplo: a ministra Carmem Lucia entendeu que o fato de a mulher de João Paulo Cunha ter ido descontar ou receber um cheque em gerência bancária no centro de Brasília comprovava a tranqüilidade com que os acusados cumpriam atos criminosos à luz do dia, desafiadoramente. Já a ministra Rosa Weber interpretou o mesmo fato como uma tentativa de esconder uma ação ilegal e, portanto, João Paulo Cunha, seu marido, era culpado. Uma ação perfeitamente legal, note-se, o desconto de um  cheque, sofreu dupla operação plástica: uma transformou-o em deboche à opinião pública, outra o encapotou como um pioneiro ato blackbloc. Dessas interpretações contraditórias, seguiu-se a mesma conclusão condenatória, pela intermediação da premissa maior, segundo a qual qualquer ato dos indiciados estava associado àquele desígnio criminoso.
Estando os acusados condenados conforme tal rito subversivo, o julgamento de outras acusações (sendo o julgamento “fatiado” como bem arquitetou o relator Joaquim Barbosa, enfiando-o aos gritos pela goela de nove dos 11 ministros) se iniciava assim: tendo ficado provado que o réu cometeu tal e tal crime, lá se ia nova acusação como se se tratasse de um reincidente no mundo do crime em momentos diferentes no tempo. E mais, como se a condenação já estabelecida houvesse confirmado a veracidade da premissa maior sobre a existência de um plano político maligno. Pois assim foi até o fim: a premissa caucionando indícios frágeis – e até mesmo a total ausência de indícios como na fala da ministra Rosa Weber explicando que aceitava a culpabilidade de José Dirceu justamente pela inexistência de provas – e os indícios frágeis, convertidos em condenações, emprestando solidez a uma estapafúrdia premissa.
Foi igualmente lamentável o espetáculo da dosimetria. Como calcular penas segundo a extensão e intensidade do agravo, se a existência do agravo pendia de farrapos de indícios? E como calcular se o que sustentava os indícios era uma conjetura dialeticamente tornada plausível por esses farrapos e para a qual não há pena explícita consignada?
Todos os ilícitos comprovados, e vários o foram, se esclarecem e adquirem sentido terreno quando se aceita o crime confesso de criação e utilização de caixa dois.
Esta outra acusação foi desvirtuada pela mídia e pelos ressentidos de derrotas eleitorais, apresentando-a como tentativa de inocentar militantes políticos.
Notoriamente, buscou-se punir de qualquer modo os principais nomes do Partido dos Trabalhadores. A seguir, sucederam-se os contorcionismos para a montagem de um roteiro em que se busca provar o inexistente.
Não há nada a copiar neste julgamento de exceção – a Ação Penal 470.