Por Gerson Nogueira
Não adianta fugir do assunto. Por onde se anda surge inevitavelmente inclui a indagação: será que o Paissandu ainda consegue se salvar? Pelos caminhos tortuosos que o futebol segue, a salvação é plenamente possível ainda. Acreditar é o primeiro mandamento em meio a uma situação difícil como a atual. Foi justamente o que um grupo de 20 a 30 torcedores cantou, sábado à noite, no aeroporto de Val-de-Cans na volta da delegação a Belém.
O mais importante a essa altura é que o limite mínimo para escapar da degola caiu de 45 ou 46 pontos para 43. Brigam contra a queda, a prevalecer essa projeção, Guaratinguetá, Paissandu e Atlético-GO, já que São Caetano e ASA já estão eliminados. Dos três que estão nessa disputa na parte de baixo da tabela, dois cairão.
As atenções se voltam para o cambaleante Guaratinguetá, que não vence há seis rodadas. Nas próximas rodadas, terá pela frente o Paraná, já sem ambições maiores, e o Atlético-GO em Goiânia. É provável que se atrapalhe nesse percurso.
Mas, por outro lado, é prudente ficar atento à movimentação do Atlético-GO, que está atrás do Papão na classificação. O Dragão sai para enfrentar o Oeste e decide sua sorte diante do concorrente Guará.
O melhor dos cenários para o Papão é conquistar a vitória sobre o Bragantino e torcer pelas derrotas de Atlético e Guaratinguetá. Nesse caso, ambos seriam obrigados a um jogo suicida na rodada final, o que seria extremamente favorável ao representante paraense. Cabe observar que o primeiro critério de desempate é o número de vitórias, item que beneficia o Guaratinguetá, que tem 11 contra as 10 de Paissandu e Atlético.
Todas essas tentativas de projetar o futuro próximo devem levar em conta, porém, que não adiantará ao Papão ver seus adversários sucumbindo se o próprio time não mostrar gana e comprometimento. A maneira como o time se deixou abater diante do Icasa, quando tinha chances reais de um resultado melhor, deixa dúvidas quanto ao alinhamento geral do elenco com os anseios da torcida.
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A encruzilhada de Lecheva
Lecheva é dono de uma trajetória interessante no futebol paraense. Foi um dos coadjuvantes daquele timaço que o Paissandu montou entre 2001 e 2003, com ativa participação na campanha da Taça Libertadores e lugar garantido no panteão dos principais meio-campistas da história do clube. Nunca foi craque, mas fazia da regularidade uma arma.
Como técnico, quebrou galhos no comando do Papão. Foi campeão paraense e no ano passado foi o grande condutor do time no acesso à Série B. Com três tropeços no começo da competição, acabou sacado do comando. Saiu por cima, em paz com a torcida.
Meses depois reapareceu como treinador da Tuna, um projeto sabidamente de alto risco pelas precárias condições financeiras do clube. Diante das dificuldades, assumiu encargos de gerente, ajudando a trazer jogadores e cuidando de problemas prosaicos, como a falta de material para treinamento.
Quando a primeira fase do Parazão começou, todas as expectativas naturalmente se concentraram no trabalho de Lecheva. Como milagres não acontecem a todo instante, a Tuna logo sentiu na pele as agruras de uma competição acirrada. Em quatro jogos, perdeu dois e empatou dois, marcando apenas um gol.
Depois de ser visto como quase um herói alviceleste, Lecheva corre o risco de sair chamuscado de uma missão impossível. E é o menos culpado por isso.
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Homenagem a um grande craque
Vejo na ESPN documentário sobre Falcão García, um dos maiores atacantes do mundo e maior esperança colombiana para a Copa do Mundo do ano que vem, e é curioso descobrir que o artilheiro ganhou esse nome em homenagem a um craque brasileiro.
Seu pai, ex-boleiro e técnico de futebol, se encantou com o estilo clássico e elegante de Paulo Roberto Falcão na Copa de 1982. Conta no filme que, ao ver o brasileiro em ação, jurou que se tivesse um filho daria a ele o nome do Rei de Roma. E assim aconteceu.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 18)