Por Antonio José Soares (*)
O Brasil é mesmo um país sui generis, para usar uma expressão latina que anda meio esquecida e que significa “do seu próprio gênero”. O presidente do STF, Joaquim Barbosa, acusado de várias ilegalidades, entre as quais relações perigosas com a Rede Globo, manda para a cadeia pelo menos dois patriotas da melhor qualidade, que já tinham sido perseguidos, presos pelo regime militar, e faz essa afronta à história num dia histórico – 15 de novembro, data da proclamação da República brasileira, ato que foi consumado por um monarquista e amigo de Dom Pedro II. Dizem que foi para evitar que o conde D’Eu, marido de Izabel, viesse a governar o país, sem ele, francês. Conversa fiada. Os que fizeram o marechal Deodoro de marionete, queriam mesmo era o poder. E o que fizeram com ele? Essa república de bananas. Foi golpe atrás de golpe. Dirceu e Genoíno foram vítimas daquele de 1964. E agora são novamente golpeados. Não é que sejam inimputáveis, mas é o jeito com que estão sendo linchados publicamente que mais incomoda. Que STF é esse? Por que ainda não julgou o mensalão de Minas, envolvendo gente do PSDB, e que é um caso mais antigo que esse dos petistas? Parece que o ministro Joaquim Barbosa escolheu um dia histórico para se autoafirmar, se promover, como se estivesse sonhando com uma carreira política. essas ambições levam, inevitavelmente, ao desgaste. Se Barbosa sonha ser presidente da República que faz cumprir a lei e ele próprio a cumpra, sem aplicar a velha máxima de Magalhães Barata: “Para os inimigos a lei; para os amigo, os favores da lei”. Sob pena de repetir a cena da fábula do macaco e a cotia: os dois bichos estavam próximos a uma linha férrea e a cotia preocupou-se tanto com o rabo do símio que o comboio (como se diz além mar) passou com as rodas sobre o seu rabo. Seria esta a razão do roedor ter ficado sem rabo. Por falar em rabo, tem aquela do porco que, por ser afobado, ficou com o rabo enrolado… Bem, acho que estou falando só, pregando no deserto, como dizia D. Helder Câmara, grande pastor católico e incansável, como Dirceu e Genoíno, no combate às injustiças. Será que o Tribunal de Haia é capaz de corrigir o que o STF acaba de praticar?
(*) Antonio José Soares é jornalista.