Por Gerson Nogueira
Aos que escrevem perguntando sobre o Remo sub-20 que encarou o Vitória pela Copa do Brasil, digo apenas que é um bom grupo de jogadores, alguns dos quais podem ser muito úteis no time de profissionais. Contra os baianos, mais importante que o empate (e o equilíbrio técnico) foi a confirmação de uma realidade auspiciosa para o clube.
Mesmo com todas as velhas e conhecidas dificuldades, a começar pela ausência de orçamento específico e inexistência de estrutura, o Remo dispõe hoje de um grupo valioso de jovens atletas, quase todos em condições de serem aproveitados no time principal.
Constitui um verdadeiro milagre, quase produto do acaso, que essas revelações tenham florescido em ambiente tão pouco favorável. Nem a falta de condições básicas de suporte à formação dos garotos foi capaz de impedir que surgissem talentos.
Alex Ruan, Gabriel, Ian, Igor, Nadson, Rodrigo, Guilherme, Edcléber, William, Sílvio, Rodrigão e Jaime. Quase todos jogaram anteontem, ratificando a boa impressão deixada na Copa Norte.
Óbvio está que o técnico Charles Guerreiro, presente ao jogo, não vai poder lançar mão de todos, sob o risco de queimar a garotada, mas é inegável que passa a ter um excelente manancial para composição do elenco para 2014. Antes de ir buscar jogadores veteranos em outros Estados, o Remo tem a chance única de rechear seu time com moleques saídos da base.
Diante do bem armado Vitória, time formado há três anos, o Remo não decepcionou. Pelo contrário até. Foi agressivo desde a escalação, atacando o tempo todo, às vezes de maneira até afobada. Perdeu muitas chances de gol, pecou pela inexperiência (principalmente Edcléber e William), mas agradou pelas insistentes jogadas em tabelinha no ataque.
Times que têm boa qualidade técnica apreciam a troca de passes como forma de envolver o adversário. O Vitória joga assim, tocando a bola em velocidade. O Remo, dirigido por Walter Lima, segue o mesmo manual. Mesmo nas saídas pelo meio-campo o time valorizava o passe, evitando chutões. Nem sempre acertou, mas, quando o passe encaixou, construiu suas melhores oportunidades e chegou ao gol de empate.
Observo cobranças até exageradas em relação à nova diretoria do Remo, a começar pela garantia de que vai investir seriamente nas divisões de base. Claro que os gestores devem se comprometer com isso, mas o momento é de reconhecer o bom trabalho de valorização da garotada, algo que há muito tempo não se via no futebol paraense.
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Ideia para organizar fiscalização
A propósito da fiscalização de bilheterias no Mangueirão, alvo de críticas e até certa desinteligência entre os dirigentes do Remo, o torcedor Pablo Gouveia tem sugestão que pode vir a solucionar o problema em programações futuras. “O clube devia convocar a torcida para ficar nas catracas dos jogos, através de um pré-cadastramento de voluntários. Usariam colete numerado para identificar quem eventualmente agir de má fé. Após os trabalhos, os que se dispuseram a colaborar com o Remo entregariam os coletes e entrariam no jogo de graça (nada mais justo)”.
Com isso, o clube economizaria nos custos do evento e combateria os velhos esquemas existentes nos estádios de Belém. Ao mesmo tempo, prossegue Gouveia, seria designado um diretor para ficar responsável pela fiscalização da venda, assim evitando desvios de ingressos para cambistas.
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Um jogo ideal para Aleílson
Apesar do cansaço que a maratona de pinga-pinga aéreo impôs ao grupo, o Paissandu tem boas chances de celebrar hoje sua primeira vitória fora de casa na Série B. O ASA está melhor posicionado na classificação, mas tem um time limitado, com defesa cambaleante, ideal para manobras de atacantes velozes – como Aleílson. Arturzinho, porém, deve manter de início a dupla Nicácio-Iarley.
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Adeus ao amigo Edilson
Um grande amigo partiu ontem. Além de brilhante jurista e excepcional figura humana, Edilson Dantas foi um apaixonado desportista, no sentido mais generoso do termo. Foi um dos fundadores da primeira torcida organizada do Remo, a Sangue Azul, que tinha também José Miranda e Alencar (Lapinha) como diretores. Isso por volta dos anos 70, quando essas torcidas se organizavam apenas para torcer e fazer festa.
Trabalhamos juntos na RBATV, entre 1993 e 1996, quando aceitou meu convite para comandar um quadro sobre dicas jurídicas no “Barra Pesada”. Acompanhei à distância sua luta contra o câncer. No final do ano passado ganhei um presente especial, entregue por sua filha Patrícia. Enviou-me “O Jornalista e o Assassino” (de Janet Malcolm), certeira reflexão sobre a ética jornalística. Ao telefonar para agradecer pelo livro, estava (sem saber) me despedindo do amigo. Deixa saudades e muitos seguidores.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 06)