Por Mauro Beting
Não gosto quando o meu amigo e colega xinga um clube, zoa um Estado e parece ser o que não é – homofóbico. Até por ser uma brincadeira. Ainda que de gosto muito discutível. Para falar o mínimo.
Não gosto quando um jornalista respeitabilíssimo bloqueia todo mundo no Twitter como se pertencesse às Organizações Bloch. Justo ele um defensor intransigente da liberdade e da maioria das boas lutas e causas.
Não gosto quando ele excede o coração rubro-verde do mesmo modo como o time dele muitas vezes é eliminado pela arbitragem danosa. Como foi no pênalti que eu não marcaria em Kleber. O mesmo atacante que estava em condição legal em um lance de gol mal anulado pouco antes. Quando a arbitragem, se estivesse a fim de ajudar o Grêmio, ou prejudicar a Lusa, teria deixado passar.
Não gosto quando o brilhante texto exagera nas letras contra detratores e delegados, contra os defensores das mais indefensáveis causas, e mesmo a favor dos que honram as calças rasgadas e os pés descalços.
Como ele exagerou e muito ao dizer tudo que escreveu. É o jeito dele brincar. Mas é excesso a se evitar. Ele é personagem. Principalmente no Twitter. Ele é tanto fera quanto farra. Ele tanto fere quanto se fere. Ele é o que é.
O único cara e amigo e colega que me faz pensar antes de cutucá-lo. Tanto que não mexo mais nos Ladas dele. Tanto que respeito quando ele não está pras brincadeiras dele. Muitas delas mais sérias do que muita gente que se diz séria. Ou finge ser.
Ele não finge. Ele não foge. Ele é o cara que dá o ombro quando um amigo se separa dos filhos. É o cara que não dorme quando um colega é injustiçado. É o jornalista que merece ser repreendido pelo que escreveu. Não há como separar a pessoa física da jurídica. Torcedor do jornalista.
Desde que, também, toda nota oficial de um clube, por mais correta que seja, não interfira na condução de uma empresa de comunicação.
Que todos saibamos separar os mundos. Que ele pague como torcedor. Não como jornalista.
O que a gente pensa a gente escreve no Twitter. O que a gente tem de pensar o jornalista fala pelo blog, jornal, rádio e TV.
É mais ou menos isso. É na rede social que estamos sendo fisgados no que realmente nosso fígado pensa.
Adoro discordar do Flavinho. O cara mais certo que conheço quando erra e exagera.
Mas ainda uma cabeça privilegiada e muito necessária. Até quando exagera na brincadeira. Até quando erra falando sério.
O que ele postou no Twitter não se coloca. Mesmo de brincadeira. Mas ele é dos poucos que têm coragem de se colocar contra o óbvio. De chacoalhar o coqueiro. De chocar não apenas pelo choque. Muito menos pelo cheque.
Ele choca por querer causar energia. Luz. Fogo. Fricção.
Fará falta até quando falta a educação e o respeito pelo contraditório.
Precisamos de mais Flávio Gomes. O silêncio dele causa muito barulho em nossa consciência