Por Gerson Nogueira
Há quem não acredite em bruxas, embora admitindo que elas existam. No Paissandu atual, independentemente de bruxedos ou mandingas, é fato que as oscilações do time já despertam desconfianças quanto à origem. No aspecto físico, não é segredo que o elenco tem sérias deficiências de condicionamento desde as primeiras rodadas. Com a troca do preparador, imaginava-se que o problema seria sanado. Não foi.
Junte-se a isso a crônica dificuldade de manter bom rendimento em partidas fora de Belém. Desde a era Lecheva, passando por Givanildo Oliveira, Rogerinho Gameleira até chegar em Arturzinho, a coisa se mantém no mesmíssimo patamar. Os jogadores parecem adotar uma postura diferente quando estão longe das cobranças da torcida. Perdem a vibração e o entusiasmo, mesmo que a diretoria acene com o inacreditável pagamento de bichos até por empates.
A apatia que torna o time facilmente superável por adversários inferiores voltou a marcar presença na noite de sábado, quando o Papão encarou o América de Natal em Goianinha e repetiu os mesmos pecados de sempre.
Depois de um começo razoável, marcando bem e saindo com desenvoltura, o time foi caindo de produção com o passar do tempo, como se fosse vítima de uma espécie de indolência inexplicável. O América, visivelmente assustado no começo, passou a dominar as ações à medida que percebeu as hesitações do Paissandu.
Com jogadores mais rápidos e bem dispostos, criou várias situações perigosas, deixando claro que o gol era mera questão de tempo. E assim foi. O América abriu o placar aos 14 minutos num lance bobo, no qual a defensiva paraense pagou para assistir toda a jogada. O disparo final, rasteiro e fraco, foi aceito pelo goleiro e começava ali mais uma desdita do time de Arturzinho.
Impressiona o fato de que o Papão não parece reagir nem diante de um resultado adverso. É como se tudo estivesse bem e não houvesse pressa. Até jogadores que acabam de chegar, como Aleílson, parecem contagiados por esse espírito derrotista.
Veio o segundo tempo de um jogo aberto em que os donos da casa não mostravam consistência técnica suficiente para dominar a partida, mas dominavam sem problemas. Na verdade, o Paissandu se deixava dominar com facilidade. Eduardo Ramos jogou solto, livre de marcação, mas era como se estivesse com chuteiras de ferro, mal se deslocando pelo campo. Zé Antonio exagerava nas saídas e esquecia o papel que cabe a um volante, deixando a defesa em apuros.
E que não se culpe Paulo Rafael pelos gols. Alguns defensáveis, mas todos produtos de uma mesma raiz: a lerdeza do Paissandu como time. Não se pode afirmar jamais que um grupo de jogadores conspira contra um técnico, mas em alguns instantes essa impressão ficou estampada no encharcado campo do Nazarenão.
É público e notório que o elenco do Paissandu tem limitações. Alguns jogadores rendem mais do que outros e certas posições são preenchidas na base da improvisação. Mas vontade também é um item importante em qualquer competição. Do jeito como atuou em Goianinha, arrisco dizer que o Papão não venceria nem um time de peladeiros. Perder não é um resultado absurdo, mas a maneira como a derrota ocorreu desafia o bom senso.
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Águia perde cadeira no G4
Os pontos desperdiçados diante do Cuiabá começam a fazer falta nas contas do Águia para se classificar à próxima etapa da Série C. Sem forças para resistir à pressão imposta pelo Santa Cruz, ontem, no Recife, o Azulão marabaense perdeu o jogo (3 a 2) e o lugar no G4.
Caiu para a quinta posição, ainda um ponto atrás do quarto e do terceiro colocados, Brasiliense e Treze, respectivamente. Não é uma situação desesperadora, pois os primeiros colocados estão com 27 pontos, ainda na alça de mira do representante paraense.
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Um campeonato cada vez mais afunilado
Cruzeiro, invicto há sete rodadas, e o Botafogo concentram os olhares e as atenções gerais no Brasileiro. Ambos têm virtudes importantes, principalmente quanto à arrumação tática e à força de conjunto. A vantagem cruzeirense de quatro pontos, produto de um comportamento mais decidido em jogos fora de casa, pode ser encurtada pelo Alvinegro no jogo de seis pontos marcado para quarta.
Será a pré-decisão do campeonato, com as emoções próprias que um confronto desse porte acaba envolvendo. Os demais times, pelo menos por ora, são meros coadjuvantes na disputa.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 16)
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