Por Gerson Nogueira
O Paissandu segue na balada de sempre. Ou seja, devagar quase parando. Ainda sem a influência prática do novo comandante, no sábado à noite os pouco mais de 4 mil espectadores pagaram para ver na Curuzu um arremedo de time. Nada que surpreendesse, pois tem sido esse o prato servido à torcida ao longo desta Série B.
Contra um adversário pouco mais que esforçado e visivelmente armado para buscar o empate, o Papão desperdiçou outra vez a oportunidade de se safar da zona do rebaixamento e iniciar uma sequência vitoriosa. O jogo era previsivelmente para ser decidido pela força dos ataques. Quem tivesse mais poderio ofensivo, levaria a melhor.
Nenhum dos lados pareceu a fim de demonstrar isso, por acomodação ou impotência, embora no primeiro tempo o Atlético tenha obrigado Paulo Rafael a três importantes intervenções.
Do lado alviceleste, Marcelo Nicácio até que tentou correr um pouco mais do que habitualmente faz, porém em ritmo e intensidade insuficientes para superar a barreira defensiva goiana. Aleilson, saudado por mim e tanta gente como esperança de redenção para o ataque bicolor, está cada vez mais se afundando na mesmice, contaminado por este vírus que assola o elenco bicolor: a apatia. Deu um chute a gol num lance rápido na etapa final.
Some-se a isso o crônico problema de condicionamento físico. A equipe só tem gás para 30 minutos, e olhe lá. Aguenta bem os primeiros movimentos, até dá a falsa impressão de que vai imprimir um ritmo vertiginoso, mas aos poucos se impõe a dura realidade e o time simplesmente freia, estanca.
Nem escanteios ou faltas às proximidades da área são explorados com o mínimo de apuro que só treinos intensos permitem adquirir. Como Eduardo Ramos não estava em campo, a ligação entre meio e ataque ficou prejudicada. Pior ainda: a equipe ficou sem o seu único jogador que arrisca chutes de média e longa distância.
Concentrei minhas observações na inoperância do ataque, mas é preciso observar também que a defesa não prima pela excelência. Pablo, que tinha jogado muito bem diante do Ceará, reapareceu na zaga e mostrou o futebol que o relegou ao banco de reservas durante tanto tempo. Falhou em vários momentos e deu sustos seguidos no torcedor.
Apesar de todas as limitações individuais e da desarrumação coletiva do time, os deuses do futebol ainda tentaram ajudar. Com Djalma e Héliton em campo, no segundo tempo, o Paissandu foi mais ousado e chegou a sufocar o adversário. Iarley e Djalma ainda perderam boas chances
Benazzi, que botou a mão na massa e orientou alguns jogadores à beira do campo, deve ter sentido o drama. Técnico rodado, conhecedor dos macetes do mundo da bola, deve ter percebido que a tarefa será indigesta, talvez uma das mais espinhosas de sua carreira.
A rigor, o Paissandu de hoje não consegue ser um time, age mais como bando. Alguns jogadores tentam arrumar as coisas, mas a distância entre os setores e o cansaço comprometem o desenvolvimento da equipe.
Como aconteceu com Givanildo e Arturzinho, a questão crucial do grupo é a parte física e atlética. É fundamental que Benazzi invista seriamente nisso, sob pena de ser mais um a fracassar neste complicado ano bicolor.
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De tropeço em tropeço…
Há coisas que normalmente só acontecem ao Botafogo, mas o time alvinegro não precisava exagerar. O que ocorreu ontem diante do Bahia é bem mais do que um acidente futebolístico. Foi o reflexo do preciosismo absurdo de um ataque. No primeiro tempo, foram desperdiçadas – por baixo – cinco chances claríssimas de gol, duas delas com o garoto Hyuri.
Times que se habilitam ao título de uma competição tão difícil quanto o Brasileiro não podem se dar ao luxo de tropeçar tanto. A derrota de ontem vem se juntar a vacilos como os empates com São Paulo, Internacional e Goiás. O revés dificulta tremendamente o sonho do título e atrapalha também o projeto de classificação à Libertadores.
Como consolo, o time tem a grande oportunidade de se redimir já nesta semana, quando começa o confronto com o Flamengo, valendo pela Copa do Brasil.
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Entre a cruz e a espada
O Águia está a quatro passos do paraíso e a três do inferno. Posicionado em oitavo lugar depois da derrota frente ao Brasiliense, distanciou-se do G4 e ficou nas cercanias do Z3. Faltou agressividade ao time em Brasília e sobrou indecisão na zaga, que falhou nos dois gols do Jacaré.
As duas partidas em casa, contra Baraúnas e Luverdense, adquirem caráter decisivo para as pretensões do Águia na Série C. Vencer ambas é missão obrigatória para pelo menos evitar a queda.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 23)